As ações do Itaú Unibanco (ITUB4) são um consenso entre investidores de São Paulo, enquanto a visão sobre os papéis do Bradesco (BBDC4) tem melhorado gradualmente. Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (BCSA34), por sua vez, têm sido vistos de modo misto. As afirmações são do BTG Pactual (BPAC11), que fez cerca de 20 reuniões com investidores na capital paulista durante a semana passada.
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De acordo com o analista Eduardo Rosman, a ação do Itaú continua sendo o grande consenso. Diante disso, boa parte dos investidores quiseram entender por que o BTG removeu o papel de sua carteira com dez recomendações para janeiro. Rosman afirma que a alta dos papéis depende de um crescimento dos lucros, o que pode levar a “pequenas frustrações”.
“Em geral, sentimentos que os investidores parecem mais otimistas (comparados a nós) com o crescimento da carteira e a inadimplência em 2024 (ou seja, esperam que os empréstimos acelerem rápido, e que a inadimplência pode cair muito mais do que esperamos)”, escreve ele, em relatório enviado a clientes. Outro ponto é a expectativa de dividendos extraordinários no curto prazo.
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No mercado, a expectativa é que o Itaú tenha lucro entre R$ 41 bilhões e R$ 42,5 bilhões neste ano. O BTG tem previsão mais branda, de lucro entre R$ 39 bilhões e R$ 39,5 bilhões. O Itaú divulga em fevereiro as projeções para este ano, e embora não tenha uma projeção formal para lucro, os dados que fornece permitem inferir quanto o banco espera obter em resultado.
Quanto ao Bradesco, o BTG afirma ter detectado uma melhoria no sentimento, graças à chegada de Marcelo Noronha à presidência do banco. “Os investidores que estavam vendidos reduziram ou fecharam suas posições. Vimos inclusive alguns deles comprados, mas com posições ainda pequenas”, afirma a casa.
Rosman afirma que para esse grupo, o balanço do quarto trimestre de 2023 pode mostrar uma “arrumação da casa” antes de um 2024 melhor. O analista, porém, mantém visão mais cautelosa, e não descarta que o lucro do conglomerado fique abaixo de R$ 20 bilhões neste ano, mostrando um caminho longo até que o Bradesco atinja rentabilidade em linha com o custo de capital.
Visão mista
Durante as reuniões, o BTG relata ter detectado visões mistas sobre o Banco do Brasil, por fatores de ordem operacional. “Investidores focaram muito mais nos riscos, em especial no Patagonia [banco argentino do BB] (desvalorização do peso) e no agro (com a seca levando a perdas) que nas oportunidades ou na avaliação de mercado”, diz o banco.
O BTG continua otimista com as ações do BB, que foram as únicas do setor bancário mantidas na carteira de dez seleções para janeiro. O banco espera que as projeções da instituição para o ano venham melhores que o esperado, com um crescimento de lucro por ação em dois dígitos altos, e dividendos possivelmente maiores.
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No caso do Santander, Rosman afirma que o interesse no papel aumentou, mas ainda com visão mista por parte dos investidores. “Os otimistas acreditam que o banco já está em um estágio mais avançado da recuperação cíclica que o Bradesco. Os pessimistas, que a avaliação já está esticada.”