O sócio e gestor da BTG Pactual Asset Management, Laércio Henrique, avalia que a Bolsa brasileira está barata e que há um cenário positivo para a tomada de risco. Para ele, quem ficar de fora desse atual movimento “vai se arrepender”.
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“Os juros locais começaram a cair e o cenário externo é benigno, com uma inflação cadente e o Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA] decidindo sobre a queda de juros lá. Isso torna o ambiente muito propício para risco, estamos no início de um ciclo de investimentos de risco. Quem ficar de fora vai se arrepender”, afirmou Henrique, durante painel no evento BTG CEO Conference, nesta quarta-feira (7).
Segundo o executivo, após uma “tempestade” com os anos da pandemia, juros altos levando o fluxo para a renda fixa e fortes resgates na indústria de fundos de ações, as gestoras de modo geral observam uma janela de oportunidade. “Quem era fundamentalista, olhando com detalhe e no longo prazo, enfrentou uma ‘guerrilha’, com dados trimestre a trimestre. Agora é possível voltar a olhar dois anos à frente. E estamos enxergando muita assimetria e bons negócios para investir”, disse Henrique.
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Bruno Garcia, sócio-fundador e diretor de investimentos (CIO) da Truxt Investimentos, faz a ressalva de que a Bolsa brasileira está barata “há algum tempo”, com alguns anos de empresas enfrentando um processo de revisão de lucros para baixo. O que ele aguarda agora é a confirmação de que no ano passado realmente houve um ponto de inflexão, após as companhias fazerem a “lição de casa” para a projeção de lucros crescentes.
Além disso, Garcia diz que o Brasil representa um “pedaço pequeno do mundo” quando se fala em mercado acionário. “Se houver uma crise grande vamos acabar sendo arrastados para baixo, mesmo estando baratos”, diz. Como fatores de risco, o CIO da Truxt menciona uma desaceleração econômica mais forte que a esperada nos Estados Unidos ou uma crise maior na China. “O modelo estrutural deles está quebrado. China está muito alavancada”, afirma Garcia, acrescentando que, no curto prazo, o país asiático consegue “empurrar com a barriga”.
Mas outro ponto que o gestor da BTG Pactual Asset destaca é que os ativos incentivados foram “muito perversos” com a indústria de fundos de ações durante esse período de “tempestade”. “Não tem como competir”, afirma, referindo-se ao benefício fiscal do produto. Porém, com os ajustes anunciados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na semana passada, ele vislumbra uma normalização dessa “competição”.
Principais ativos
Garcia, da Truxt, diz que empresas mais preparadas e abertas para transformações tecnológicas são suas principais escolhas (top picks), como Itaú (ITUB4), Nubank (ROXO34) e Mercado Livre (MELI34). Mas a maior posição da gestora é na Sabesp (SBSP3), pois vê o ativo como assimétrico, descorrelacionado com o cenário e com um <>i>trigger (gatilho) positivo, que é a privatização.
A Sabesp também agrada Carlos Eduardo Rocha, presidente executivo (CEO) e diretor de investimentos (CIO) da Occam. Ele destaca o setor de utilities como atraente no momento, dado o juro real alto e as empresas recém-privatizadas, como Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3). Rocha destaca ainda Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3). A visão é similar à de Henrique, da BTG Pactual Asset, que vê Eletrobras como um “bom zagueiro” para composição de portfólio.
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André Caldas, sócio-fundador e portfolio manager da Clave Capital, afirma gostar dos papéis mencionados pelos colegas durante o painel, mas destaca também Natura. Ele diz que há uma complexidade a se acompanhar, mas que a marca tem uma “geração de valor grande e ainda não precificada”.