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- Se o mês de janeiro foi marcado por uma queda generalizada na Bolsa, por outro, o período também marcou a volta dos Follow-Ons ao noticiário do mercado
- Inter&Co, Energisa, Priner, BRB e Vulcabras são alguns dos nomes que anunciaram uma oferta subsequente de ações ou, ao menos, uma intenção de realizar a operação em breve
- Para especialistas, queda dos juros e alta da Bolsa abriram uma janela para "nova onda" de Follow-Ons na B3
Além de uma queda generalizada na Bolsa, o mês de janeiro também marcou a volta dos follow-ons ao noticiário do mercado. Inter&Co, Energisa, Priner, BRB e Vulcabras são alguns dos nomes que anunciaram uma oferta subsequente de ações ou, ao menos, uma intenção de realizar a operação em breve.
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E não se trata apenas de uma impressão. Especialistas ouvidos pelo E-Investidor concordam que está havendo um movimento mais acelerado de companhias de capital aberto em busca de recursos na Bolsa de Valores.
Para Carlos André Marinho Vieira, analista-chefe do TC, essa “nova temporada de follow-ons” começou ainda no segundo semestre de 2023, em linha com o início do ciclo de corte de juros pelo Banco Central (BC) e de uma maior previsibilidade quanto à política de juros nos Estados Unidos.
“O momento se tornou mais interessante para que muitas empresas consigam captar recursos a um custo mais baixo, que pode ser utilizado tanto para investimentos necessários às suas atividades quanto para uma manutenção de um maior caixa na sua estrutura, trazendo maior segurança quanto ao aspecto financeiro”, explica.
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Ele destaca que, entre quem aderiu à operação recentemente há nomes que não tinham a necessidade de levantar recursos, seja para investimentos seja para equilibrar sua estrutura de capital, como é o caso do Banco Inter (INBR32) e da Vulcabras (VULC3). “Isso pode ser entendido como um movimento destas empresas para aproveitar o momento de alta da Bolsa para acumular recursos que podem ser utilizados posteriormente”, diz Vieira.
Como mostramos nesta reportagem, nem sempre o mercado vê com bons olhos as operações de captação. O exemplo mais emblemático do último ano foi o da Casas Bahia (BHIA3), que teve uma tentativa mal sucedida de follow-on e viu suas ações serem bastante penalizadas por isso. Mas as operações anunciadas recentemente têm sido vistas de outra forma, como um efeito colateral do movimento positivo vivido na B3 nos últimos meses do ano passado.
Sinal positivo no mercado
Apesar de janeiro ter sido um mês de quedas generalizadas na Bolsa, com o pior desempenho do Ibovespa para a abertura do ano desde 2016, as ações brasileiras viveram um verdadeiro rali na reta final de 2023. Entre novembro e dezembro, a valorização foi tanta que o Ibov bateu seu recorde histórico. E, segundo especialistas, foi exatamente essa melhora do humor que abriu uma janela para que as companhias retomassem as operações de follow-on.
“Taxa de juros caindo, um dólar em queda e uma Bolsa que andou bastante ano passado criam um momento propício para que tenha mais follow-ons do que o normal”, diz Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed.
Com a Bolsa em alta e investidores voltando as atenções para a renda variável, as empresas aproveitam o aumento da demanda enquanto suas ações estão em preços mais elevados. Isso permitiu que operações “represadas” entre 2022 e 2023, quando o mercado viveu períodos de baixa, começassem a sair do papel. Um movimento que começou ainda no fim do último ano.
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Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que as emissões do mercado de capitais atingiram R$ 463,7 bilhões em 2023, com dezembro registrando o melhor desempenho mensal do ano, R$ 74,5 bilhões. Ainda assim, o volume total é 14,9% menor do que o registrado em 2022.
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“Tivemos um período de vacas magras em 2023 como um todo e até um pouco em 2022. Essas últimas ofertas que estamos vendo são o que chamamos de abertura de mercado, quando há uma janela mais favorável e as empresas que estavam represando essas ofertas acabam realizando”, explica Glauco Legat, sócio da TRAAD Investimentos. “E isso normalmente é um bom indicativo, no final, significa que há um cenário mais otimista para o mercado.”
A fila de follow-ons
- Inter (INBR32): o banco Inter pegou o mercado de surpresa ao anunciar, em 16 de janeiro, um pedido de oferta primária de até 32 milhões de ações para “fins corporativos gerais”. A oferta foi liquidada no dia 22, no valor de US$ 4,40 por ação ordinária; a captação total foi de US$ 161,9 milhões;
- Energisa (ENGI11): a oferta pública de ações da companhia de energia, concluída no último dia 30, emitiu ao todo 98,4 milhões de ações ordinárias e 151,9 milhões de ações preferenciais, com preço por papel de R$ 9,96. As novas ações emitidas serão convertidas em units, na proporção de quatro para um. Com a captação de R$ 2,5 bilhões, a companhia pretende aprimorar sua estrutura de capital e investir em concessões e outros negócios;
- Priner (PRNR3): a empresa de serviços industriais anunciou um novo follow-on no último pregão do mês de janeiro, em uma distribuição primária de 6,25 milhões de ações ordinárias. Se houver excesso de demanda, a operação pode chegar a 10,4 milhões de papéis. A fixação do preço por ação acontecerá na quinta-feira (7) e a liquidação da oferta acontece no dia 15 deste mês. Via fato relevante, a companhia informou que pretende destinar os recursos para reforçar seu capital de giro, investir em crescimento orgânico e para potenciais aquisições;
- Vulcabras (VULC3): em 28 de janeiro, a Vulcabras anunciou um follow-on para distribuir 13,5 milhões de novas ações em uma captação de, a princípio, R$ 250 milhões. A fixação do preço por ação aconteceu nesta terça-feira (6) e a liquidação está prevista para a sexta-feira (9). A companhia pretende utilizar a totalidade dos recursos obtidos para pagamento de dividendos e para fortalecimento do caixa para novos negócios;
- BRB (BSLI4): no dia 31 de janeiro, o Banco de Brasília informou via fato relevante que concluiu o processo de seleção de assessores financeiros para a realização de um follow-on. BTG Pactual, XP Investimentos e Citigroup foram os escolhidos. A companhia deve dar continuidade ao processo da oferta de ações em breve.