O Safra enxerga uma perspectiva melhor para as ações do setor de saúde à medida que a sinistralidade das operadoras se normaliza e os provedores de serviços têm mais espaço para alavancagem operacional. Além disso, o setor está sendo negociado em níveis de valuation atraentes, na opinião do banco, em comparação com seus múltiplos históricos e com seu prêmio histórico em relação ao mercado.
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No setor, o Safra mantém a Hapvida (HAPV3) como nome preferido devido a uma combinação de melhoria de lucros no curto prazo com visibilidade e potencial de crescimento no longo prazo. A casa, no entanto, rebaixou o Fleury (FLRY3) para recomendação neutra e a Odontoprev (ODPV3) para underperform (equivalente a venda) devido ao valuation – ou seja, devido ao preço do ativo – de ambas.
Tendências do setor
Depois de um impacto significativo da pandemia de Covid-19 e do aumento da pressão de custos provocada por mudanças regulatórias, o setor parece estar em uma tendência de normalização, já que os aumentos de preços das operadoras de saúde e as iniciativas de controle de custos contribuem para a redução da sinistralidade, levando à melhoria dos lucros e dos balanços patrimoniais, diz o Safra.
O crescimento do número de associados observado nos últimos meses deve continuar até certo ponto no curto prazo, já que o crescimento esperado do PIB deve impulsionar os empregos formais e, consequentemente, a demanda por assistência médica.
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Isso também é um bom presságio para os prestadores de serviços, destaca o banco, já que uma base crescente de membros de planos de saúde significa uma demanda crescente por leitos hospitalares privados, diagnósticos, clínicas de infusão oncológica e assim por diante.
Valuation
O Safra afirma que o setor de saúde está sendo negociado, em média, com um múltiplo P/L de 12 meses de 17,4 vezes, o que representa um desconto de 68% em relação ao pico atingido em fevereiro de 2021 e um desconto de 45% em relação à média de 5 anos. O prêmio do setor em relação ao Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale) também diminuiu para 72% em relação ao pico de 281% (a média de 5 anos é de 150%), nos cálculos do banco, que considera esse valuation como atraente.
Operadoras de saúde
O Safra ressalta que as operadoras de saúde, como a Hapvida, devem capturar a melhoria dos fundamentos mais cedo, pois têm aumentado os preços e implementado iniciativas de controle de custos para melhorar a sinistralidade.
“Embora o crescimento do número de associados tenha se concentrado mais nos participantes que estão sendo mais agressivos na precificação (ou seja, menores aumentos de preços), acreditamos que o crescimento do número de associados deve ser retomado pela Hapvida e pela SulAmérica (Rede D’Or) após esse ‘ciclo de normalização’ (de maio de 2023 a abril de 2024)’, dizem os analistas Ricardo Boiati, João Pedro Piccoli e Rafael Une.
Prestadores de serviços
Já os prestadores de serviços de saúde devem se beneficiar mais em um segundo momento, na visão do Safra, à medida que os ganhos e o balanço das operadoras melhorarem e, consequentemente, enfrentarem menos urgência em aumentar os resultados a todo custo, inclusive, por exemplo, restringindo credenciamentos, ampliando prazos de pagamento, entre outras iniciativas. O banco acredita que o aumento da adesão aos planos de saúde privados também deve se transformar em maior demanda por leitos hospitalares, diagnósticos, infusões oncológicas, entre outros.
Riscos
Por fim, os riscos que a casa enxerga são: a sinistralidade demorando mais do que o esperado para cair a um nível satisfatório; incertezas em relação à sinistralidade sustentável; crescimento sustentável dos associados de saúde; possíveis mudanças regulatórias; e deterioração do ambiente competitivo.