Após subir quase 1% na sexta-feira (8), em meio a forte estresse no mercado doméstico, o dólar à vista experimentou um ligeiro recuo nesta segunda-feira (11). Pela manhã, a divisa até ensaiou uma nova rodada de alta e tocou, na máxima do dia, o nível psicológico de R$ 5,00. Mas passou a cair em seguida com relatos de entrada de fluxo comercial, desmonte parcial de posições defensivas e movimentos pontuais de realização de lucros.
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As atenções estiveram voltadas ao vaivém das informações relacionadas à Petrobras (PETR4). A divisa se afastou dos R$ 5,00 com a informação, apurada pelo Broadcast, de que o grupo de conselheiros na Petrobras indicado pelo governo pode rever a decisão de reter 100% dos dividendos extraordinários da estatal. Na sexta-feira, houve relatos de que venda de papéis da companhia por investidores estrangeiros estaria por trás da arrancada do dólar.
Na reta final dos negócios, o dólar ameaçou zerar a queda após falas de Lula sobre a Petrobras em entrevista ao SBT gravada hoje pela manhã e divulgadas no site da emissora já no fim da tarde. “A Petrobras não é apenas para pensar nos acionistas, tem de pensar em investimento e em 200 milhões de brasileiros”, disse o presidente. “Se for atender apenas à choradeira do mercado, não faz nada”, acrescentou.
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Com mínima a R$ 4,9730, o dólar à vista fechou a sessão cotado a R$ 4,9784, em baixa de 0,05%. No mês, sobe 0,11%. No ano, acumula valorização de 2,58%. Houve boa liquidez para um início de semana. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para abril movimentou mais de US$ 12 bilhões.
O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, afirma que o nível atual da taxa de câmbio já reflete um ambiente de cautela por parte do investidor estrangeiro, que busca refúgio no dólar e reduz posições no mercado acionário local. “O que pesa é essa postura do governo de interferir na gestão das empresas. O caso dos dividendos da Petrobras assustou. Mas tivemos antes também os rumores de que o governo queria mexer na direção da Vale”, afirma Galhardo, ressaltando que no ano o saldo do capital externo na B3 está negativo em cerca de R$ 20 bilhões.
No exterior, o índice DXY operou em leve alta, graças aos ganhos do dólar em relação ao euro, mas se manteve abaixo da linha dos 103,000 pontos. A moeda americana subiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em dia de queda de mais de 5% do minério de ferro, mas teve leve queda ante dois pares relevantes do real, o peso mexicano e o rand sul-africano.
As taxas dos Treasuries avançaram, em especial o retorno do papel de 2 anos, mais ligado ao rumo da política monetária, na véspera da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA. Segundo mediana de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, o índice deve subir 0,4% em fevereiro, leve aceleração em relação a janeiro (0,3%).
Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, a moeda americana apresenta rigidez no exterior e uma eventual perda de força virá somente se o núcleo do CPI em fevereiro for menor do que o observado em janeiro. Por aqui, Velho ainda vê a taxa de câmbio próxima de R$ 5,00, com a “percepção de mais intervencionismo e de mais gastos” por parte do governo Lula, em ano de eleições municipais.
No Brasil, o IBGE divulga amanhã o IPCA de fevereiro. A mediana de Projeções Broadcast é de aceleração para 0,78%, após alta de 0,42% em janeiro. Em 12 meses, a mediana aponta desaceleração de 4,51% para 4,44% – abaixo do teto da meta de inflação, de 4,50%.
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