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Juros fecham em baixa, de olho em relatório fiscal

O recuo dos Treasuries contribuiu para limitar o contágio da cautela que afetou a Bolsa e o câmbio

Juros fecham em baixa, de olho em relatório fiscal
Juros (Foto: Adobe Stock)

Os juros futuros fecharam a sessão perto da estabilidade, com discreto viés de baixa nos vértices curtos e intermediários, comportamento que prevaleceu durante toda a sexta-feira (22). A agenda do dia teve como destaque somente o Relatório Bimestral de Despesas e Receitas, que foi bem digerido, mas longe de trazer grande alívio com o cenário fiscal. O recuo nos juros dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), se não foi capaz de trazer as taxas locais para baixo, ao menos contribuiu para limitar o contágio da cautela que afetou a Bolsa e o câmbio.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,915%, de 9,932% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 mostrava 9,84%, de 9,85%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,09% (de 10,08% ontem) e a do DI para janeiro de 2029 marcava 10,58%, de 10,56%. Na semana, a curva perdeu inclinação, com as taxas curtas subindo cerca de 5 pontos e as longas, praticamente nos níveis dos ajustes da sexta-feira.

A ausência de vetores contundentes nesta sexta-feira resultou em lateralidade para as taxas, após uma semana de várias decisões de política monetária pelo mundo. Hoje foi a vez da Colômbia, que reduziu sua taxa em 0,5 ponto porcentual, a 12,25%.

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O relatório bimestral de receitas e despesas foi bem recebido, mas sem provocar impacto nos preços. “Veio razoavelmente em linha com o esperado, mas a questão fiscal ainda levará algum tempo para se resolver”, afirma o gestor de portfólio da Kínitro Capital, Mauricio Ferraz.
O documento trouxe um bloqueio de R$ 2,9 bilhões em despesas discricionárias para cumprir o limite de gastos previsto no arcabouço fiscal. Houve ainda revisão na estimativa do resultado primário para 2024, de superávit de R$ 9,1 bilhões para déficit de R$ 9,3 bilhões.

Para o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, o relatório indica um grau de realismo maior para as contas públicas e fortalece o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Ele consegue não alterar a meta e não fez o contingenciamento – que era uma pressão grande da ala mais política, para não contingenciar”, afirma.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular o julgamento da revisão da vida toda, ontem, é ponto positivo para a área fiscal, um vez que a União se livra de arcar com uma despesa extra da ordem de R$ 480 bilhões. Mas, no contexto geral, permanece consenso entre os economistas que a meta de primário zero segue em risco de revisão nos próximos meses e que o gasto fiscal tende a crescer em ano eleitoral.
Ferraz, da Kínitro, afirma que, na semana do Fed um pouco mais dovish e do Copom um pouco mais hawkish, a curva de juros “não se mexeu tanto”, com os DIs voltando a precificar hoje Selic terminal em 9,60%. “O mercado recebeu bem a mudança de postura do BC e agora é acompanhar os dados”, diz, referindo-se ao ajuste no foward guidance do Copom.

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