A África do Sul é um dos países mais bonitos e fascinantes do mundo, recheado de contrastes culturais, metrópoles vibrantes e vida selvagem. A diversidade de experiências é tão grande que atende desde o viajante solo, famílias e os entusiastas da cultura e da natureza.
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Com uma jornada de 25 países na conta, confesso que esse foi um dos destinos que mais me marcaram nos últimos anos – principalmente pelo acolhimento das pessoas. O meu roteiro foi de 10 dias ao redor das províncias de Gauteng, Limpopo e Western Cape.
A primeira parada começou na maior cidade sul-africana. Joanesburgo é uma das maiores heranças do país, também representada no Museu do Apartheid e pela visita memorável por Soweto – o distrito que é popularmente associado com as ‘favelas’ aqui do Brasil e um dos principais símbolos do Apartheid (regime político de segregação racial). É nesse distrito que aconteceram as principais manifestações contra a discriminação racial até o fim do regime, em 1944, e onde está a casa que Nelson Mandela viveu antes de ser preso.
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Para conhecer melhor o local, recomendo um tour de tuk-tuk com a Lebo’s Soweto Backpackers; e prepare-se para viver um choque de realidade ao redor das “townships” – as pequenas casas de metal construídas em vias não pavimentadas. Esse foi o ponto alto da minha visita pela capital, principalmente pelo contato direto com as crianças que acenam e esbanjam simpatia enquanto o passeio acontece. Foram 4h de tour (talvez um pouco mais porque passei um bom tempo sentada na calçada interagindo com os pequenos) por 830 rands (o equivalmente a cerca de R$ 230 já com almoço incluso).
A próxima parada foi na famosa Cape Town, a Cidade do Cabo. O seu charme está nas montanhas que cercam a cidade e nas belas praias banhadas pelo Oceano Atlântico. O passeio mais procurado pelos turistas é, sem dúvidas, o bondinho da Table Mountain para contemplar a vista deslumbrante da cidade – e aqui já deixo a dica de comprar o ingresso com antecedência e se preparar para uma boa fila.
Se você é amante de um bom vinho, não deixe de fazer uma parada em uma das vinícolas da região para provar a Pinotage, a principal uva produzida no país. Como sugestão, destaco o Ernie Els Wines, que oferece degustação de 4 rótulos a partir de 185 rands por pessoa (aproximadamente R$ 50) e uma vista panorâmica de arrancar o fôlego. Se bobear, você pode até arriscar algumas partidas de golfe (e passar vergonha na tentativa, assim como eu).
Outras paradas que não podem ficar de fora do seu roteiro é a praia Boulder’s Beach, famosa por abrigar uma colônia de milhares de pinguins, e o morro de Cape Point, um mirante natural para visualizar o encontro do Oceano Atlântico com o Índico (só cuidado com os babuínos na estrada – apesar de charmosos, eles sobem nos carros e podem ser bem violentos).
Mas hoje vou detalhar um pouco mais sobre a minha imersão de 3 dias no coração da África do Sul, que fica na região do Kruger National Park.
3 dias de safári na África do Sul
No total, há 19 parque nacionais. Para fazer o meu safári, optei por ficar na reserva privada do Kapama, que abriga uma diversidade impressionante de animais. Para chegar até lá, é necessário pegar um voo a partir de Joanesburgo ou da Cidade do Cabo até Hoedspruit (no aeroporto de Eastgate). Os valores começam em R$ 1.800 na passagem de ida e volta.
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Assim como acontece em Fernando de Noronha, aqui no Brasil, o Parque Nacional Kruger é uma área pública e exige uma taxa diária de conservação por pessoa; a cobrança é realizada já no aeroporto e custa R486 para adultos (R$ 130) e R243 (R$ 66) para as crianças. Os valores podem mudar dependendo da sua hospedagem, então não deixe de checar no site oficial.
Nos 15 mil hectares de natureza – ou quinze campos de futebol -, há cerca de 400 espécies de pássaros e 40 espécies de mamíferos em seu habitat natural, incluindo os famosos “Big Five”: leão, leopardo, elefante, búfalo e rinoceronte. O início dos ‘game drives’, como os safáris são apelidados, acontecem em veículos abertos 4×4 duas vezes por dia e com três horas de duração: o primeiro por volta das 5h30 e o segundo no fim do dia, por volta das 16h.
É difícil descrever a sensação de mergulhar na savana. Cada game é diferente, único e com surpresas que superam qualquer expectativa. Afinal, é impossível prever quais animais serão encontrados ao longo do caminho e as cenas que a natureza pode proporcionar. Para aumentar as chances de ver os ‘Big Five’, recomendo 3 noites.
Tive sorte e o privilégio de avistar filhotes de leão, leoas, muitas girafas, zebras, elefantes, alguns rinocerontes e até um leopardo que se escondia na mata para escapar de uma manada de búfalos. Muitas pessoas me perguntaram se os animais são controlados e a resposta é não! Eles não ficam dopados e interagem livremente na natureza, como deve ser. Os guias passam muita tranquilidade e não senti medo em nenhum momento – nem mesmo quando três leoas cruzaram o caminho do veículo e espirraram bem ao meu lado. O importante é seguir todas as recomendações de segurança!
Na reserva do Kapama, há 4 opções de hospedagem para diferentes perfis de viajantes que buscam descanso, conforto e aventura. Todos oferecem serviço all inclusive (com café da manhã, almoço, jantar e lanches) – o que significa que os seus gastos serão mínimos dentro do lodge.
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No Buffalo Camp, as acomodações são em tendas de luxo no meio da reserva e só aceitam visitantes acima de 12 anos; o Southern Camp é para quem busca um pouco mais de privacidade (perfeito para casais); o Karula é o mais luxuoso de todos e com piscinas privativas em cada um dos quartos; por fim, o River Lodge (o que eu fiquei), considerado o mais festivo de todos e perfeito para grupos de amigos e famílias. Em termos de estrutura, o lodge não falha. Há duas piscinas de frente para savana, assim como os quartos, área para drinks, sala de estar para descanso e até um SPA.
As melhores taxas para o hotel são encontradas entre 5 de janeiro e 30 de junho, data que coincide com uma boa época para fazer o safári. O valor da diária para dois adultos e duas crianças – ou 3 adultos – é de R9250 (ou R$ 2,5 mil / o equivalente a R$ 625 por cabeça em uma família de quatro pessoas ou R$ 833 por cabeça no caso de um grupo de três adultos).
Portanto, a experiência de três dias no River Lodge em um quarto compartilhado por três pessoas custa aproximadamente R$ 2,5 mil por pessoa com todas as refeições, drinks, transfer de ida e volta até o aeroporto e os dois safáris por dia. Lembrando que há outros 18 parques com diferentes tipos de hospedagens para serem exploradas. Portanto, não deixe de pesquisar.
Antes de embarcar pela minha aventura, imaginava que os preços seriam mais salgados, mas, definitivamente, a África do Sul não está entre os países mais caros que você pode visitar. O jeito mais fácil de se acostumar com a moeda local é dividir o valor dos itens por 4 para ter uma projeção aproximada do custo em reais. Só para se ter ideia, um pacote de pão de forma custa R15 (R$ 4); uma coca-cola de 2 litros sai por R20 (R$ 5,4) e 1 quilo de peito de frango por R70 (R$ 19).
Se esse é o seu destino dos sonhos, a minha recomendação é começar o planejamento com antecedência e levar tudo em consideração: passagens áereas, hospedagens, transportes, passeios turísticos, refeições e até as lembrancinhas.
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Encare o seu orçamento, compare valores e questione-se: quanto você precisará para essa viagem? se o orçamento não bate, é necessário cortar custos? quanto você precisa economizar por mês para atingir o valor? Faça essas perguntas, anote as respostas e coloque um plano de ação em prática.
Como as passagens aéreas representam o maior custo de uma viagem, comece a monitorar o quanto antes e aproveite as promoções que acontecem durante o ano (aniversário da companhia áerea, black friday e semana do consumidor, por exemplo). O próximo passo é separar uma fatia da sua renda mensal até a data do embarque – isso significa que quanto mais tempo de planejamento você têm, menor será o valor mensal.
Como ir para a África do Sul
Existem mais de 70 companhais aéreas que fazem a rota para a África do Sul ao redor do mundo. Saindo do Brasil há voos diretos a partir do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Do ponto de vista financeiro, o que tem oferecido valores mais atrativos é a Latam. Desde setembro do ano passado, a empresa tem realizado três voos semanais (segunda, quinta e sábado) sem conexão entre São Paulo e Joanesburgo. Na volta, o retorno acontece às terças, sextas e domingos. A demanda pelo país está tão grande que a Latam espera que mais 75 mil passageiros embarquem com a companhia nessa rota até o fim deste ano.
Mas vamos ao que interessa. Sempre gosto de simular os valores de três formas diferentes: via Google Flights, Skyscanner e direto no site das companhias aéreas.
Considerando o meu roteiro com ida no dia 9 de maio e retorno em 19 de maio, os valores aproximados são: R$ 4.063 ida e volta com a Latam (voo de 8h45 min); R$ 5.717 ida e volta com a Ethiopian (21h10 min com uma conexão). Dois dias à frente, a South African também opera o trecho por R$ 5.681 ida e volta (voo de 10h30min com uma conexão).
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Ainda que a rota pelo país envolva voos domésticos e trajetos de carro, do ponto de vista financeiro vale a pena começar e terminar o seu roteiro por Joanesburgo.
Se você já foi para a África do Sul ou tem alguma dúvida, estou no @valeriabretas e na comunidade Que Viagem, o curso que pode te ajudar a economizar 70% em passagens aéreas!