O dólar intensificou a alta nesta terça-feira (16) e superou a marca dos R$ 5,28, atingindo o maior patamar desde março de 2023. Às 14h40, a moeda norte-americana à vista subia 0,07%, cotada a R$ 5,25. Somente neste mês, a valorização do dólar é de 5%, enquanto no acumulado de 2024, o salto chegou a mais de 8% sobre o real.
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Por volta das 11h, a previsão do dólar para maio subia 1,49%, a R$ 5,2720, com giro de negócios firme, de cerca de US$ 8 bilhões (US$ 7,998 bilhões).
Segundo especialistas, existem diversos fatores que estão influenciando para a sua escalada. Um deles é a “tempestade perfeita” de aversão a risco, agravada pelas últimas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que afirmou na segunda-feira (15) que a meta fiscal de superávit de 0,5% não será atingida.
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“Isso demonstra que o governo está com dificuldade de arrumar receita e tem aumentado a despesa. Isso traz um medo para o investidor estrangeiro, que aproveitando a onda de juros altos lá fora acaba encorajado a retirar cada vez mais dinheiro do Brasil. E quanto mais dinheiro é retirado daqui, maior fica o preço do dólar”, afirma Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.
Conflito entre Israel e Irã
Outros eventos recentes que estão impulsionando essa alta da moeda norte-americana são os conflitos geopolíticos, já que o dólar é considerado um “ativo de proteção” em momentos de crise.
No último sábado (13), seis meses após o grupo Hamas realizar um ataque surpresa a Israel, o Irã bombardeou o Estado israelense. A insegurança trazida pela guerra foi sentida nos mercados, com a queda generalizada das criptomoedas após o anúncio da ofensiva e disparada do dólar sobre o real desde a segunda-feira (15).
Saída dos investidores da Bolsa e do Brasil
A atual cotação também reforça posições cambiais defensivas no mercado futuro, assim como a demanda à vista de investidores estrangeiros que estão saindo da Bolsa e do País. Além disso, a piora de percepção sobre as contas públicas, na esteira da mudança das metas fiscais dos próximos anos a fim de ampliar gasto do governo, influenciam para a construção desse cenário, segundo Jefferson Rugik, diretor da corretora Correparti.
Na avaliação de Rugik, há grande contribuição externa na precificação da taxa de câmbio diante dos sinais de manutenção de juros por longo período nos EUA. Isso sustenta a demanda e a alta das taxas dos títulos da dívida do país (Treasuries), nas incertezas sobre os desdobramentos do conflito Israel-Irã e em relação à economia chinesa.
Falta de previsibilidade para os juros nos EUA
A falta de visibilidade sobre o início dos cortes de juros nos Estados Unidos também está impulsionando a alta do dólar desde o início do ano. Os dados recentes relacionados à inflação e ao emprego do mês de março mostraram que a economia do país ainda está resiliente e os preços continuam avançando acima das expectativas.
Sendo assim, a persistência da inflação afasta, cada vez mais, a possibilidade de diminuição das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Desde julho de 2023, os EUA mantêm os juros no maior patamar em quase 24 anos, entre 5,25% e 5,5% ao ano. Com a renda fixa mais segura do mundo oferecendo retornos maiores, os investidores estrangeiros tendem a tirar “dólares” de mercados mais voláteis, como o Brasil e outras nações emergentes, e migrar esse capital para os títulos do tesouro americano.
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*Com informações do Broadcast