A cotação do real ante o dólar é um indicador estruturante da economia. Isso acontece pela importância da divisa norte-americana no mercado de câmbio, além de ser a moeda oficial utilizada no comércio internacional.
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O dólar se firmou como a principal moeda do mundo no século XX, que terminou em 2001. Na Primeira e na Segunda Guerra Mundial as potências envolvidas gastaram grande parte de suas reservas em despesas bélicas, os estoques de ouro ficaram, portanto, escassos. Ao fim destes conflitos, os EUA se consolidaram enquanto potência mundial e sua moeda, a dominante nos mercados globais. Assim, a maior parte dos negócios entre os países passou a acontecer por meio do moeda norte-americana.
As operações de câmbio ocorrem entre quaisquer moedas, mas é em relação ao dólar que se compara o quanto elas estão valorizadas. Na hora de trocar reais por pesos chilenos, por exemplo, a relação dessas moedas frente ao dólar dá lastro à troca.
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Essa é a razão por que se fala tanto na balança comercial. Quando um país exporta muito – como é o caso do Brasil, embora as commodities tenham menor valor agregado – ou recebe muitos turistas, entram mais dólares na economia local. Já quando importa muito, é necessário comprar mais produtos em preço americano e isso se torna desfavorável às contas públicas.
Por que o dólar está subindo atualmente?
No acumulado deste ano o salto do dólar ultrapassa os 8% sobre o real. Nesta terça-feira (16), a moeda chegou a ser cotada a R$ 5,28, o maior valor desde março de 2023.
Segundo Guilherme Morais, analista da VG Research, há dois movimentos que envolvem ambas as moedas: a valorização do dólar em relação a várias outras divisas e a desvalorização do real decorrente do cenário interno. “O real tem tido uma das piores performances relativas no ano, com desvalorização maior do que a de diversas outras moedas, tais como o peso mexicano e as divisas de vários países asiáticos”, aponta.
As principais variáveis do dólar atualmente envolvem a escalada da guerra Entre Israel e o grupo Hamas na região do Oriente Médio, os juros dos EUA que demoram a cair e as discussões acerca da situação fiscal brasileira.
No que tange à guerra, investidores frequentemente buscam segurança financeira e transferem seus recursos para os EUA, que é considerado um refúgio econômico seguro. “Isso naturalmente fortalece o dólar frente às outras moedas e demonstra mais um vez o poderio da economia norte americana”, afirma Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital.
Em relação aos juros norte-americanos, existe uma pergunta inquietante: quando eles vão baixar? Um juro alto na economia dos EUA – como o atual, entre 5,25% e 5,5% ao ano, um dos maiores patamares em décadas – provoca um movimento natural de maior entrada de dinheiro no país, justamente para se beneficiar da renda fixa americana a taxas atrativas. No entanto, para realizar as operações no mercado dos EUA, os investidores que operam no Brasil precisam comprar dólares, o que aumenta a demanda pela moeda e faz pressão por alta no preço.
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E por fim, o próprio Brasil importa. As mudanças relativas à austeridade nos gastos e controle orçamentário, como confirmado nesta semana pelo governo em relação ao arcabouço fiscal, demonstra instabilidade aos investidores estrangeiros, o que causa uma fuga de capital para o exterior e, consequentemente, desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar.