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- O CEO do Itaú disse que o banco deve anunciar o pagamento de novos dividendos extraordinários até o fim de 2024
- Analistas do mercado estimam que o banco deve pagar entre 50% e 60% do lucro em dividendos neste ano
- Analistas recomendam compra para a ação, mas estabelecem um preço máximo para comprar o ativo
O Itaú Unibanco (ITUB3; ITUB4) divulgou seu resultado financeiro do primeiro trimestre de 2024 na noite da última segunda-feira (6). A instituição financeira teve um lucro líquido de R$ 9,8 bilhões no primeiro trimestre de 2024, alta de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado.
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Após a divulgação do balanço, o CEO da companhia, Milton Maluhy Filho, foi questionado em coletiva com a imprensa sobre a possibilidade da empresa pagar mais dividendos que o mínimo de 30% do lucro da empresa, e a resposta foi positiva. De acordo com o executivo, o banco deve anunciar um provável pagamento de dividendos extraordinários no fim de 2024. Segundo ele, o anúncio deve vir somente no fim do ano devido às incertezas de regulação e risco operacional.
No primeiro trimestre de 2024, o Itaú apresentou um Índice de Basileia, que mede o nível de capital do banco usado nos empréstimos, de 14,5%, 1 ponto porcentual acima do mesmo período do ano passado. Ou seja, atualmente, o Itaú usa 14,5% do seu capital nos empréstimos realizados para os seus clientes.
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“A meta do banco é ter um capital mínimo de 11,5% e, para fins de distribuição de dividendos, buscamos um nível de capital de 12%. Então, estamos, sim, operando com excesso. Chegando no fim do ano e não tendo nenhum risco, vamos distribuir esse excesso de capital em novos dividendos extraordinários”, diz o presidente do Itaú.
No balanço do quarto trimestre de 2023, o Itaú aprovou um dividendo extraordinário que levou o payout (porcentagem de lucro líquido distribuído aos acionistas) do banco dos 30% mínimos para 60,3%. Para 2024, o CEO ainda prefere não revelar um número, nesse sentido, o investidor terá que esperar até o fim de 2024 para saber qual será o valor.
Quanto o Itaú deve pagar de dividendos extraordinários?
Analistas do mercado financeiro, no entanto, estimam que o banco deve manter o mesmo ritmo de distribuição verificado após o último balanço de 2023. João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, acredita que o banco deve pagar os mesmos 60% do seu lucro em dividendos, o que para ele equivale entre 5,8% e 6,2% do valor atual do papel (dividend yield).
Já Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, projeta o payout entre 50% e 60%. Ela diz acreditar que o banco deve pagar cerca de 8% da sua ação em dividendos, um valor um pouco maior que projetado por Tonello. “O resultado do Itaú veio amplamente em linha com a nossa expectativa. O spread global surpreendeu para cima — a expectativa era uma queda, e ficou estável. O índice de eficiência de 38,3% também teve uma melhora substancial, o que contribuiu para uma rentabilidade alta, medida pelo Retomo sobre o Patrimônio Líquido (ROE), de 21,9% em termos anualizados”, aponta Quaresma.
Os dois analistas acreditam que a ação está atrativa para o investidor e recomendam a compra. Eles apenas divergem no preço máximo que a ação pode ser comprada pelo investidor para garantir o dividend yield projetado. Enquanto Quaresma diz acreditar que a ação do Itaú se mostra atrativa para o investidor que busca dividendos até o patamar de R$ 40, Tonello comenta que o valor máximo a ser pago pelo investidor pelo banco seria de R$ 35,48 – pelos seus cálculos, se o valor passar disso o dividend yield fica abaixo dos 5,8% estimados, o que deixa a ação menos atrativa.
Carteira de crédito preocupa os analistas
Embora o banco tenha apresentado um lucro dentro do esperado, os analistas afirmam que o crescimento da carteira de crédito do Itaú no primeiro trimestre de 2024 preocupa. O item cresceu 2,8% em comparação com igual período de 2023, para R$ 1,18 trilhão. A projeção do banco é que a carteira de crédito deve crescer entre 6,5% e 9,5% em 2024, ou seja, o número do trimestre está abaixo do esperado pela própria instituição financeira.
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Segundo o presidente do Itaú, esse menor desempenho se deve à queda de 12,4% da carteira do banco na América Latina devido à variação cambial. “A carteira sem variação cambial teria crescido 5,6%. Então, mostra que a carteira, sim, segue crescendo. E quando a gente quebra por segmento, tanto a pessoa jurídica no atacado quanto no varejo, estamos crescendo próximo de 10% ao ano. Com base nesses pontos, nós reforçamos que vamos crescer como o projetado no guidance (projeções de resultado da diretoria)”, justifica Maluhy Filho.
Os analistas da XP Investimentos se assustaram com o número abaixo do guidance, mas resolveram dar um voto de confiança para a gestão do banco. “O crescimento deste trimestre foi tão modesto que não se verificava desde o primeiro trimestre de 2018. Embora o ano possa ter começado devagar, até o momento não temos indicações que nos levem a acreditar que o guidance deste ano deva ser revisto para baixo”, explicam Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, que assinam o relatório da XP.
Para Régis Chinchila, head de Research da Terra Investimentos, mesmo com essa queda o balanço foi positivo, visto que a carteira de crédito do banco foi conservadora e apresentou recuo no custo do crédito, além da inadimplência cair 0,2 ponto porcentual ante os três primeiros meses de 2023, ficando em 2,7%, o menor nível nos últimos dois anos.
Recomendações para as ações do Itaú
Com base nessas estimativas e premissas, todos os analistas consultados pela reportagem estão otimistas com o Itaú e recomendam compra para ação. A Genial estima que o banco deve pagar cerca de 7,8% do valor do papel em dividendos e que a ação é negociada a múltiplos atrativos, como a relação Preço sobre Lucro (P/L) em 7,8 vezes para 2024. A equipe liderada por Eduardo Nishio recomenda compra com preço-alvo de R$ 40,60, uma potencial alta de 25,3% na comparação com o fechamento de segunda-feira (6), quando a ITUB4 encerrou o pregão a R$ 32,40.
A XP também recomenda compra com preço-alvo de R$ 42 para o fim de 2024, crescimento de 29,6% no valor do ativo.
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As expectativas de alta, no entanto, vão diminuindo nas outras casas de análise. Na Empiricus o alvo é de R$ 40, avanço de 23,45%. A Terra diz acreditar que a ação do Itaú pode encerrar o ano cotada a R$ 38, um crescimento de 17,3%, enquanto a Benndorf Research calcula um preço-alvo de R$ 35,48, um avanço de apenas 9,5% na comparação com o fechamento de segunda-feira.
Ou seja, a recomendação é de compra, mas o investidor deve seguir as indicações de preço máximo para não pagar caro no banco e receber um rendimento adequado de dividendos.