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- O Ibovespa teve uma queda de 1,70% em abril, acentuando a desvalorização anual para 6,16%
- O movimento negativo generalizado é tido por alguns analistas como exagerado – afinal, os fundamentos microeconômicos não foram afetados para justificar a queda expressiva que algumas empresas sofreram
- Perguntamos aos analistas quais oportunidades de investimento apareceram na Bolsa depois desse movimento; eles elencaram 7 papéis
Os primeiros meses do ano têm sido difíceis para o investidor de ações no Brasil. Boa parte daquelas projeções otimistas feitas na virada de 2023 para 2024 se enfraqueceu em meio à piora dos fundamentos macroeconômicos no Brasil e no exterior, um movimento que se acentuou em abril. Nas últimas semanas, o mercado brasileiro foi tomado por uma onda de pessimismo, que levou os títulos de renda fixa de volta aos “juros de crise” e penalizou as empresas na Bolsa.
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Com isso, o Ibovespa teve uma queda de 1,70% em abril, acentuando a desvalorização anual para 6,16%. O movimento negativo generalizado é tido por alguns analistas como exagerado – afinal, os fundamentos microeconômicos não foram afetados para justificar a queda expressiva que algumas empresas sofreram. Nesse sentido, o momento atual pode ter aberto uma boa oportunidade para ir às compras na Bolsa.
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“Se olhar somente a queda do Ibovespa, parece que não foi um mês tão ruim. Mas, quando desagregamos isso para olhar os componentes, foi um mês bem duro mesmo, com muitos papéis caindo. E bons papéis”, diz Bruno Benassi, analista em renda variável da Monte Bravo. “Abre sim uma janela de oportunidade.”
Benassi destaca que, apesar das oportunidades, pode ser que investidores continuem a esperar por sinais macroeconômicos melhores antes de montar as posições. E o primeiro pregão do mês de maio ilustrou bem essa dinâmica: nesta quinta-feira (02), diante da combinação de um discurso mais leve do Federal Reserve (Fed) e da melhora da perspectiva da nota de crédito do Brasil pela Moody’s, o Ibovespa subiu e voltou aos 127 mil pontos. Um indicativo de que há investidores à espera de sinais positivos para fazer suas alocações.
A janela de oportunidade, no entanto, é para aqueles com maior apetite a risco e foco no médio e longo prazo. Flavio Conde, analista da Levante Ideias de Investimento, destaca que o grande gatilho para que o Ibovespa e a Bolsa voltem a subir de vez é o cenário de juros nos Estados Unidos. Enquanto o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, não começar a reduzir a taxa de juros por lá, as ações brasileiras devem seguir de lado.
“É um momento bom para o investidor entrar, principalmente considerando o histórico. Fechamos o ano passado em 134 mil pontos e estamos agora em 127 mil, já teve um desconto bem razoável”, destaca Conde. “Mas o mercado só vai realmente subir na hora que o Fed começar a cortar o jogo. Isso é fundamental para as bolsas, não só no Brasil, mas do mundo inteiro. As oportunidades são para quem não se importa com o curtíssimo prazo.”
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Para aqueles investidores que tiverem estômago para superar a volatilidade vista nas últimas semanas, há muitos nomes na Bolsa que, com a queda recente, estão baratas na visão dos analistas. Pensando nisso, o E-Investidor pediu para alguns analistas elencarem uma ação para comprar no momento, considerando o preço de fechamento da terça-feira (30) e as quedas acumuladas em abril e em 2024. Confira as escolhidas:
Cosan (CSAN3): R$ 14,50
- Queda em abril: -10,49%
- Queda em 2024: -25,10%
A Cosan foi a opção escolhida por Régis Chinchila, head de Research da Terra Investimentos, devido ao portfólio diversificado, com investimentos estratégicos em setores como energia, logística e distribuição. A Terra mantém recomendação de compra dos papéis, com um preço-alvo de R$ 27, um potencial upside de 86% em relação à cotação do ativo no último pregão de abril. O call positivo para a companhia é sustentado pela experiência do acionista controlador, visão de longo prazo e potencial de crescimento.
“A empresa oferece aos investidores uma oportunidade única de exposição a negócios lucrativos e irreproduzíveis, como Raízen, Rumo e Compass. Além disso, a forte integração de critérios ESG em suas operações e um preço-alvo otimista para o final de 2024 aumentam ainda mais a atratividade de investimento na Cosan, tornando-a uma escolha interessante para investidores em busca de retornos consistentes e alinhamento com tendências sustentáveis”, destaca Chinchila.
BTG Pactual (BPAC11): R$ 33,40
- Queda em abril: -8,32%
- Queda em 2024: – 10,89%
O BTG Pactual já se consolidou como um dos maiores bancos do País. Como mostramos aqui, no quarto trimestre de 2023, a instituição registrou o 4º maior lucro entre instituições financeiras no Brasil. Mas há quem veja espaço para mais. Na Buena Vista Capital, o BTG é visto como uma das melhores empresas do setor financeiro, com bom valor intrínseco e, nos atuais patamares de preço do papel, com um upside potencial de ao menos 30%.
“O preço sobre lucro é um dos mais baixos do setor, na casa de 10,5 vezes. E é uma empresa que tem um crescimento muito consistente nos lucros, acima de 20% ao ano, com o ROE bem elevado também para o setor”, explica Renato Nobile, analista e gestor da Buena Vista Capital. “Como o core business é banco de investimento, acreditamos que é um dos cases mais sólidos para capturar o cenário de queda de juros, com um negócio bastante diversificado e robusto.”
Copel (CPLE6): R$ 9,09
- Queda em abril: -5,02%
- Queda em 2024: -11,83%
A Copel foi privatizada no final de 2023 e, desde então, acumula quedas na Bolsa. “Não vejo muito motivo”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, ao eleger a CPLE6 como a ação que pode estar em um bom ponto de entrada.
“Há um certo receio por conta do sequestro do processo de renovação das distribuições de energia por parte do Legislativo, o mercado ficou com receio quando essa pauta saiu. Mas, no caso da Copel, a concessão só termina em 2045, então ela vê isso à margem”, explica o analista. “Acho que o papel foi penalizado como um todo, e é um bom exemplo de uma empresa que está redondinha, acabou de terminar o seu processo de privatização, caiu 10% sem muitos motivos e pode estar num ponto bem bacana para comprar.”
Localiza (RENT3): R$ 49,03
- Queda em abril: -9,77%
- Queda em 2024: -22,43%
A Localiza é a empresa no radar da Monte Bravo para a melhora do cenário macro, que deve levar a uma melhora dos resultados no micro. Bruno Benassi, analista de renda variável da casa, explica que, por ser uma companhia alavancada, a RENT3 foi penalizada pela abertura de curva de juros. Ainda assim, o entendimento é que o lado operacional segue funcionando bem, com crescimento nos resultados e boas perspectivas pela frente.
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“O micro da companhia continua redondo. Com a redução dos ruídos macro e os resultados que vão ser apresentados nos próximos trimestres, a Localiza pode voltar a ter uma performance mais positiva na Bolsa”, destaca Benassi. “Não acho que a Localiza voltará a negociar próximo ao P/L de 25 vezes, a que negociou por muito tempo; como nenhuma das outras queridinhas, como Natura ou Renner vai voltar àqueles patamares. Porém hoje ela está negociando a um P/L de 10 vezes; e acreditamos que ela deveria ser negociada a 16 ou 18 vezes.”
Locaweb (LWSA3): R$ 4,60
- Queda de abril: -21,23%
- Queda em 2024: -23,46%
O movimento de queda visto na Bolsa nas últimas semanas penalizou principalmente os setores de varejo e construção civil, segundo a Genial Investimentos. Ainda assim, algumas dessas empresas têm bons fundamentos e, no ciclo de redução de juros, devem apresentar resultados melhores nos próximos trimestres.
“O efeito fluxo, ou seja, uma zeragem principalmente por parte do institucional, na minha opinião, fez com que o movimento exagerasse um pouco, levando a essa queda. E, entre as empresas que gostamos e que acabaram sendo prejudicadas nesse sentido, está a Locaweb”, destaca Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial.
Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3): R$ 6,07 e R$ 51,92
- Queda em abril: -20,24% e -19,22%
- Queda em 2024: -18,52% e -19,54%
Soma e Arezzo anunciaram em fevereiro uma fusão para criar um negócio de faturamento de R$ 12 bilhões. O movimento foi bem avaliado no mercado, mas, ainda assim, as ações das duas companhias sofreram quedas expressivas em abril. “Não faz sentido, em meio à fusão, cair 20%”, diz Flavio Conde, analista da Levante Ideias de Investimento.
“Ambas as companhias estão expandindo as margens, têm risco de crédito baixo pois não vendem para crediários, e clientes de classe média alta que compram com o PIB subindo ou caindo”, diz. “É uma das fusões mais complementares que já vi.”
A Levante tem recomendação de compra para os dois papéis, com preço-alvo de R$ 90 pra ARZZ3 e de R$ 11 para SOMA3.
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