O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira (27), em ligeira alta, na contramão da perda de valor da moeda americana no exterior. A ausência de negócios no mercado de Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) e nas bolsas em Nova York, fechados em razão de feriado nos EUA (Memorial Day), deprimiu a liquidez e deixou a formação da taxa de câmbio mais suscetível a operações pontuais.
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Analistas afirmam que o desempenho da moeda brasileira ainda reflete, contudo, o aumento de prêmios de risco associados aos arranhões à credibilidade da política fiscal e até mesmo da política monetária, fato reconhecido pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento hoje à tarde.
Pela manhã, a divisa até ensaiou uma queda, alinhada ao ambiente externo, e registrou mínima a R$ 5,1564. Operadores notaram movimentos de realização pontual de lucros, após a moeda ter subido 1,29% na semana passada, e internalização de recursos por exportadores, na esteira do avanço da produção industrial na China.
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Com máxima a R$ 5,1850, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,1719, em alta de 0,08%. No mês ainda apresenta baixa de 0,39%.
“Foi um dia mais parado no mercado de câmbio, com o feriado nos EUA. Como tem feriado na quinta-feira no Brasil (Corpus Christi), a semana deve ser de liquidez mais fraca, apesar da agenda de indicadores importantes nos Estados Unidos,”, afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Ouribank, em referência à divulgação da segunda leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre, na quinta-feira, 30, e do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) na sexta-feira (31).
Principal evento do dia, a participação de Campos Neto em evento do Lide levou os DIs às mínimas e tirou parte da pressão do dólar, que havia superado R$ 5,18 no início da tarde. O presidente do BC disse que a inflação converge para a meta, apesar da preocupação com preços de serviços, e que as expectativas inflacionárias devem se estabilizar ao longo do tempo.
Ele reconheceu que as política fiscal e monetária sofrem questionamento de credibilidade neste momento, o que provoca desancoragem das expectativas de inflação. Campos Neto reiterou que, apesar do ruído provado pelo dissenso no último Copom, as decisões do BC sobre a taxa Selic são “técnicas”.
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“O próprio fiscal, a sucessão no BC, meta do IPCA, exterior e a tragédia no Rio Grande do Sul são motivos de desancoragem”, disse Campos Neto, para quem é preciso ter serenidade e “endereçar” o que provou a piora das expectativas. “Ao longo do tempo, o mercado entenderá que a reunião do Copom foi técnica”, acrescentou.
O tom foi considerado mais ameno do que o visto na última sexta-feira, quando Campos Neto afirmou que a piora das expectativas era “notícia ruim para o BC” e alertou para o impacto dos preços dos alimentos provado pela calamidade no sul do país.
“Campos Neto deu uma acalmada no mercado, tanto que o dólar recuou um pouco depois de bater R$ 5,18. Ele enfatizou que os critérios do BC são técnicos e disse que ainda é preciso mais tempo para ver os efeitos da questão do Rio Grande do Sul na inflação”, afirma o gerente de Tesouraria do BS2, Felipe Ueda. “O dólar está supervalorizado com esse ruído na política monetária e as incertezas no cenário fiscal. Assim que essas dúvidas diminuírem, vamos ver um dólar mais perto de R$ 5,00.”