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Esqueça o IPCA+ 6%. Descubra 13 fundos que pagam IPCA+ 12%

Há uma relação de ativos com retornos atraentes, combinando renda variável com investimentos em renda fixa

Esqueça o IPCA+ 6%. Descubra 13 fundos que pagam IPCA+ 12%
Fundos com investimentos em linhas de transmissão e usinas eólicas podem entregar rendimentos de até IPCA+ 12%. (Foto: Divulgação/Ari Versiani/PAC - Agência Brasil)
  • Esses fundos perseguem rendimentos acima dos títulos públicos justamente por que assumem riscos em seus investimentos
  • Fundos de infraestrutura  trabalham com a rentabilidade de debêntures incentivadas, que têm como base a rentabilidade dos títulos públicos
  • Calcular a melhor hora de entrar nos fundos de infraestrutura não é uma tarefa simples

O Tesouro IPCA+ 6% sempre chama atenção do mercado financeiro quando está disponível, principalmente por ser um título de renda fixa seguro e com rentabilidade real bem acima da inflação. Ou seja, é um produto bem difícil de bater no mercado, mas não impossível. O investidor que procura um pouco mais de tempero na carteira pode encontrar nos Fundos Incentivados de Infraestrutura (FI-Infra) retornos ainda mais atraentes, unindo a renda variável a produtos que investem em renda fixa.

Fundos de infraestrutura, com investimentos em linhas de transmissão e usinas eólicas, emergem como protagonistas nesse cenário e podem entregar rendimentos de IPCA+ 10% ou IPCA+ 12%, diz Fernando Camargo Luiz, gestor da Trópico Investimentos, em entrevista ao E-Investidor.

“Vale lembrar que o fundo entrega um rendimento acima dos títulos públicos justamente por assumir mais riscos“, diz Aymar Almeida, sócio e gestor de fundos de infraestrutura da Kinea. A rentabilidade maior é resultado da exposição em renda variável, apesar da referência serem os títulos públicos. Um exemplo é o Fundo Suno FIC FI (SNID11), que entregou 18,89% para o investidor nos últimos 12 meses até dia 27 de maio, segundo um levantamento da Economatica.

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Para chegar ao resultado, os gestores do SNID11 obtiveram ganho de carrego (rendimentos do fundo até a sua data de vencimento), fizeram giro das posições, pagaram rendimento aos investidores e conseguiram aumentar a base de cotistas em três vezes, ocasionando esse ágio (benefício obtido em uma operação) nas cotas. No meio do caminho o fundo ainda registrou um resultado negativo de 9,59% em abril. "Conseguimos render CDI mais 2,27% na média", diz Rodrigo Weinberg, analista FII Infra da Suno.

O ganho de carrego é a rentabilidade dos títulos que compõem a carteira do fundo se todos os contratos forem cumpridos sem haver calote. A alta desvalorização do fundo em abril foi resultado de um movimento de "flipagem" após a segunda emissão, etapa em que o fundo emitiu novas cotas para captar recursos adicionais, o que diluiu o valor patrimonial com mais cotistas.

Antes disso, os investidores antigos venderam na alta, a R$ 114, para recomprar na baixa. Hoje, o valor da cota do SNID11 está muito próxima do valor patrimonial sem ágio, a R$ 100. "Esse era um movimento que a gente esperava que fosse acontecer", diz Weinberg.

Rerefência de renda fixa e volatilidade de renda variável

Este tipo de fundo de infraestrutura trabalha com a rentabilidade dos títulos de dívidas privados, as debêntures incentivadas, que têm como base a rentabilidade dos títulos públicos, vinculados ao IPCA, ao CDI ou outros índices como o IMA-B, índice de títulos públicos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Por incorporar o risco, oferecem um ganho maior ao investidor, ou spread.

"Considerando um IPCA + 6,3% e um spread de crédito de 1,7%, chegamos em um IPCA + 8%. É uma rentabilidade superatrativa para os investidores", comenta Ulisses Nehmi, CEO da Sparta. O 1,7% é a remuneração adicional que o fundo Juro11, administrado pela Sparta, persegue. A diferença é que o referencial é o CDI e não o IPCA.

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Apesar dos títulos públicos serem a referência, não há rentabilidade garantida. Como os fundos trabalham comprando emissões de crédito privado, há o risco de entregarem ganhos menores que suas referências de renda fixa. "Há períodos em que vemos a desvalorização das debêntures em relação aos títulos públicos" diz.

Os tipos de fundos incentivados de infraestrutura

É importante notar que, no universo dos fundos incentivados de infraestrutura, há dois tipos distintos de produtos. Os do tipo condomínio aberto têm prazo de resgate de até 45 dias, em que o investidor pode aplicar e pedir resgate a qualquer momento. Neste modelo, o gestor precisa estar preparado para dar liquidez, comprando e vendendo debêntures de acordo com o fluxo de aporte e resgate dos clientes.

Além desse modelo, há os fundos do tipo condomínio fechado que são negociados em Bolsa e dão previsibilidade maior ao gestor. Suas aplicações são feitas através de um processo de oferta pública, com a gestora levantando recursos no início e negociando as cotas no mercado secundário. O investidor que quiser sair do fundo pode simplesmente vender a sua cota negociando na B3, no homebroker de sua corretora, assim como numa operação de compra e venda de ações.

"Essas cotas negociadas em Bolsa são excelentes do ponto de vista de liquidez. O investidor pode comprar e vender ao longo do horário de pregão. É muito mais prático do que esperar, por exemplo, um fundo que é D+30, D+45, na qual se precisa esperar o prazo de resgate estabelecido pelo gestor", compara Filipe Ferreira, diretor de negócios da Comdinheiro/Nelógica.

Por outro lado, o investidor fica exposto à oscilação (a marcação diária de preços), que dá ao produto um funcionamento de ativo de renda variável.

Apesar de os dois tipos serem fundos de investimentos em Infraestrutura, os primeiros passaram a ficar conhecidos como fundos de debêntures incentivadas e os segundos, listados em Bolsa e mais recentes, passaram a ser chamados de FI-Infra.

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Os fundos abertos têm uma maior oferta no mercado. Já os FI-Infra somam apenas 18. É possível consultar informações detalhadas e a lista dos FI-Infra disponíveis no site da B3. A Sparta tem dois deles sob gestão, o CDII11 e o JURO11, que estão com a melhor rentabilidade do mercado, conseguindo entregar um retorno de 29,19% e 27,18%, respectivamente, nos últimos 12 meses.

Ágio das cotas interfere na rentabilidade dos fundos

Essa valorização da cota, por outro lado, é um aspecto negativo para o investidor que tem interesse em entrar. O ágio em relação à cota patrimonial pode reduzir a remuneração relativa.

Quanto mais o fundo sobe de valor, a taxa de carrego sobe e, consequentemente, a rentabilidade contratada até o final diminui. "O investidor tem que ficar bastante atento para não entrar no fundo depois que a cota já se valorizou muito", comenta Ferreira, da Comdinheiro/Nelógica.

Esse efeito acontece porque, diferentemente do lucro de uma empresa, os contratos das dívidas dessas empresas tem um fluxo de pagamento pré-estabelecido. "Então, se o preço que você paga aumentou muito, para receber aquele mesmo fluxo de pagamentos você ficou numa situação pior."

Fundos como o KDIF11 da Kinea realizam pagamentos mensais de rendimento composto por juros reais e inflação. Este produto é um bom exemplo de como pagam este tipo de fundo. Desde fevereiro o KDIF11 distribui R$ 1,35 mensais de dividendo por cota, com valor patrimonial de R$ 133,93, mas que vinha sendo negociada com ágio de 2,61% ao final de maio, no valor de R$ 137,41.

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Calcular a melhor hora de entrada também não é uma tarefa simples. Isso porque, se há uma volatilidade na cota, é porque pode ter havido problemas nos contratos, como um calote de um deles, por exemplo. Por outro lado, se a taxa de juros aumenta, os preços das cotas tendem a cair, já que investidor, de uma forma geral, vai passar a exigir um retorno maior e pode sair do fundo.

Mesmo com o aumento dos juros este ano, muitos dos FI-Infra listados na B3 se valorizaram. "Neste sentido, se essas taxas permanecerem altas por mais tempo, será uma boa oportunidade de compra", diz Filipe Ferreira.

Fundos são isentos, mas custos interferem na rentabilidade

Uma das melhores características desses fundos é a isenção de impostos, tanto sobre o rendimento, como sobre a variação da cota. Ou seja, se houver um ágio e o investidor realizar o lucro, não pagará Imposto de Renda. Essa é uma forma de estimular os investimentos no setor de infraestrutura no Brasil.

No caso dos FI-Infra listados, outra boa característica são as taxas de administração mais comportadas. Como são fundos negociados em Bolsa, não têm um custo de distribuição, o que limita o valor do serviço na casa de 1%. Essa é uma informação importante.

Voltando ao exemplo do KDIF11, o seu prospecto em 31 de maio informava que suas cotas davam um retorno (yield) de IPCA + 7,27%, num spread (ganho) de 0,96% em relação a sua referência, o título NTN-B (Tesouro IPCA +). Depois da taxa de administração, o retorno cai para IPCA + 6,16%, num spread negativo de 0,15% em relação à referência. Em outras palavras, depois da taxa, o fundo está pagando menos que o IPCA +.

Risco de crédito faz parte do negócio

Levando-se em conta o risco, esses fundos geralmente são compostos por emissões de dívidas de empresas. O investidor, na prática, está emprestando dinheiro para companhias construírem e administrarem essas infraestruturas dos mais variados segmentos, como saneamento, energia, rodovia. Embora muitas delas tenham contratos com órgãos públicos, ou possuam um fluxo estimado de receita, como o caso das rodovias, existe a possibilidade dessas empresas não pagarem suas dívidas.

"Esta é uma coisa que o investidor pessoa física, muitas vezes, não está acostumado a lidar: o risco de crédito", diz o diretor de negócios da Comdinheiro/Nelógica. "Uma coisa é você deixar o seu dinheiro no IPCA + do governo. Se acabar o dinheiro, ele pode imprimir, o risco é bem menor", compara.

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Não é por acaso, portanto, que os fundo de infra costumam pagar um prêmio em relação aos títulos do governo.

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