Seria razoável cogitar que a recente valorização da Nvidia (NVDC34) aponta, na verdade, para mais uma bolha especulativa do setor de tecnologia? Depois de todos os acontecimentos de junho, a queda no valor das ações da empresa, registrada na última semana, pode ter ligado o sinal amarelo para investidores e analistas de mercado, de acordo com o Wall Street Journal.
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Passado o feriado de Juneteenth nos Estados Unidos, na última quarta-feira (19), a Nvidia viu seus papéis despencarem quase 7%, e seu valor de mercado (que chegou aos US$ 3,332 trilhões) recuar ao patamar de US$ 3,1 trilhões, ao término da semana.
Ainda assim, a Nvidia não pode ser considerada uma empresa barata. O valor fica apenas 2% abaixo do da Apple (AAPL34), que possui mais de 2,5 vezes o fluxo de caixa livre da Nvidia em 12 meses.
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Os papéis, por sua vez, estão quase 45 vezes acima dos lucros projetados para os próximos quatro trimestres. Isso representa 35% a mais do que as ações alcançaram quando seu market cap ultrapassou os US$ 2 trilhões, pela primeira vez,em março.
Nesta segunda-feira (24), as ações da Nvidia (NVDA) caem 3,29% e são negociadas em Nova York a US$ 122,41. Por aqui, os BDRs da companhia registram queda ainda mais acentuada, de 4,53%, vendidos a R$ 13,71, às 11h36.
Bolha financeira?
A fabricante americana de chips, tida como um dos expoentes mundiais da inteligência artificial (IA), começou o mês de junho ultrapassando a marca de US$ 3 trilhões em market cap. A euforia com o movimento seria ainda maior na semana seguinte, quando a Nvidia viria a ultrapassar a Apple para se tornar a segunda empresa mais valiosa do mundo.
O fôlego da companhia ainda era grande, e em poucos dias seria a vez de a Microsoft (MSFT34) ver a Nvidia tomar a dianteira no ranking mundial das empresas mais portentosas. A demonstração de força colocou a companhia no patamar de US$ 3,3 trilhões (cerca de R$ 18,02 trilhões), ainda que forma breve.
Agora, com o recuo no valor da Nvidia, os questionamentos quanto à sustentabilidade do cenário parecem mais frequentes entre acionistas, analistas e usuários dos serviços. Como apurou o WSJ, comparações inevitáveis vêm sendo feitas com a bolha ‘pontocom’, que chacoalhou o setor na virada de 1999 para os anos 2000.
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A internet ainda engatinhava, e empresas como a Cisco e a IBM já se beneficiavam pela venda dos hardwares necessários para conectar empresas e residências à rede global de computadores. Essas companhias, junto a Intel e Lucent Technologies, compunham as 10 empresas mais valiosas do mercado ao término de 1999, segundo dados da S&P Global Market Intelligence.
Outra semelhança entre os períodos é ainda mais chamativa: a Cisco chegou a ultrapassar a Microsoft, tomando da companhia o posto de mais valiosa do mundo. Mas a queda seria rápida e profunda. Os negócios da Cisco despencaram em 2001, fazendo com que a empresa perdesse dinheiro, após ganhar nada menos do que US$ 3,2 bilhões no ano anterior.
No entanto, o cenário drástico vivido pela Cisco parece improvável. Segundo o WSJ, gigantes como Microsoft, Google e Amazon representam mais de 40% das vendas da Nvidia. Todas essas big techs já sinalizam, de maneira clara, a intenção de aumentar os gastos ainda mais com os serviços oferecidos pela Nvidia no próximo ano. Além disso, ela deve ver a receita com softwares aumentar, visto que a base crescente de seus sistemas de IA vai demandar o uso de suas aplicações pelos desenvolvedores.