- O governo de São Paulo reduzirá sua participação acionária de 50,3% para 18,3%
- Os investidores que são pessoas físicas poderão comprar entre eles 17% das ações da Sabesp que vão à leilão
- Analistas dizem que investidor não deve esperar as próximas etapas e já deve comprar a ação da Sabesp agora
A privatização da Sabesp (SBSP3) caminha rapidamente para o fim, previsto para o próximo dia 22 de julho. Nesta última quarta-feira (26), o prazo para as companhias que tinham o interesse em ficar com o controle da estatal foi encerrado. O mercado especulava que a Aegea (AEGP23) e a Equatorial (EQTL3) entregariam cada uma a sua proposta.
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No entanto, segundo fontes do E-Investidor, a Aegea desistiu do leilão de privatização da Sabesp, ficando somente a Equatorial no processo para ser o acionista de referência com 15% da companhia. Atualmente, o governo paulista possui 50,3% das ações da estatal, enquanto 39% dos papéis já estão na B3 e 10,7% dos ativos são negociados na Bolsa de Valores de Nova York.
O governo de São Paulo reduzirá sua participação acionária de 50,3% para 18,3%. Para isso, um acionista de referência deve ficar com 15% das ações da empresa. Já as pessoas físicas, fundos de investimentos e outras pessoas jurídicas, que não querem ser controladores, devem ficar com os 17% restantes.
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A Sabesp deve anunciar o investidor de referência vencedor até o dia 16 de julho. A companhia iniciará a negociação das ações na B3 no dia 19 de julho e a oferta deve ser totalmente liquidada em 22 de julho. Para fazer parte dessa oferta e poder lucrar com a privatização da Sabesp, o investidor pessoa física tem entre os dias 1 de julho, a próxima segunda-feira, e o dia 15 de julho para manifestar interesse em reservar algumas ações para si.
O investidor tem três opções para comprar as ações da estatal. A forma mais simples e barata é via Fundos FIA-Sabesp, que vão exigir aportes mínimos de R$ 1. Os fundos FIA-Sabesp são fundos de investimentos criados pelas instituições financeiras para a pessoa física participar sem grandes custos da privatização da estatal paulista.
Além de entrar via fundos, o investidor pessoa física pode reservar suas ações individualmente. Entretanto, o valor a ser empregado nesse caso é maior. O aporte mínimo será de R$ 100. Outra exigência para o investidor pessoa física é que ele more no Brasil. O valor máximo que a pessoa física pode aportar na oferta é de R$ 1 milhão.
Vale lembrar que o período de reservas pede um valor em aporte e não uma quantidade específica de ações, pelo fato de o valor por ação ser definido somente no dia 18 de julho, três dias após o encerramento do período de reserva das ações. Ou seja, o investidor reservará um valor e só saberá o preço de cada ação dias após reservar sua participação na oferta.
Se o foco do investimento for receber dividendos no longo prazo, quanto menor o valor por ação, melhor para o investidor, visto que ele terá mais ações e poderá receber mais dividendos no futuro. Quanto maior for precificado o valor por ação, menos atrativo será a compra dos papéis, visto que o investidor terá uma quantidade menor de ativos e, por isso, tende a receber menos dividendos, visto que eles são pagos pela quantidade de ações.
Vale a pena comprar as ações da Sabesp?
Mesmo que pareça arriscado fazer a reserva sem saber qual será o preço final das ações, os analistas ouvidos pelo E-Investidor comentam que o melhor é comprar ações da companhia. Segundo Vitor Sousa, analista de saneamento da Genial Investimentos, o investidor não precisa nem esperar o período de reserva para comprar as ações que serão vendidas – o melhor momento para comprar as ações da estatal é agora.
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“O único risco de comprar as ações que já estão circulando no mercado agora é se a oferta da Sabesp não sair, mas vejo isso como algo pouco provável”, aponta o especialista. Ele comenta que o único risco que pode se materializar no momento é a privatização da companhia ter uma demanda um pouco menor devido à suspensão da privatização da Sabesp em Guarulhos.
Na última sexta-feira (21), o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a lei sancionada pelo prefeito de Guarulhos, Guti Costa (PSD), que autorizava a privatização da empresa na cidade. A decisão proferida por Roberto Solimene acatou o pedido do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que é contrário à privatização da empresa.
A medida da Justiça não impede a privatização da estatal de saneamento, mas deixa a companhia menos atrativa para o setor privado. Segundo Arlindo Souza, analista da Levante, Guarulhos é o município com a segunda maior receita da Sabesp. No entanto, ele está muito atrás de São Paulo, visto que a capital paulista tem 43,5% das receitas, enquanto Guarulhos tem apenas 4,4% das receitas da companhia.
“Esse acaba sendo o único grande risco para o investidor pessoa física, mas que em minha visão tende a ser pequeno, justamente pelo fato de Guarulhos não ter um grande impacto. É claro que ele deixa a receita menor, mas não a ponto de acabar com a privatização da empresa”, detalha.
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Ele aponta que todas as etapas mais complicadas, como aprovação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara dos Vereadores dos Municípios, já passaram, tornando o processo totalmente real. “Até o ponto mais polêmico, com a questão do município de Guarulhos podendo ser revertida na Justiça. Inclusive, nós não acreditamos que a decisão final será por barrar a privatização da Sabesp em Guarulhos”, diz o especialista.
Sendo assim, o consenso dos analistas é de que o investidor deve comprar a ação agora. A Levante tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 110, uma potencial alta de 48,4% na comparação com o fechamento desta quinta-feira (27), quando a ação encerrou o pregão a R$ 74,11. Já a Genial estima que o papel pode subir para R$ 77, sem considerar a privatização concluída.
A cifra equivale a uma potencial alta de 3,9% na comparação com o fechamento de quinta-feira. Os analistas reforçam que o investidor deve comprar a ação agora e não esperar o período de reservas e nem a oferta de ações, por haver riscos de perdas de altas e gatilhos que podem acontecer até lá.