- Em junho, os fundos multimercados perderam R$ 23,7 bilhões, a maior perda entre todos os tipos de fundos de investimento em 2024
A captação líquida dos fundos de investimentos encerrou o junho com o pior resultado do ano. Segundo dados da Quantum, a diferença entre entradas e resgates resultou em um saldo negativo de R$ 681,8 milhões em função da debandada dos investidores que liquidaram as suas posições em fundos multimercados durante o mesmo período.
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Ainda de acordo com levantamento da Quantum, essa classe de fundos encerrou o mês passado com uma captação líquida negativa de R$ 23,7 bilhões, a maior perda entre todos os tipos de fundos de investimento em 2024. O alto volume de resgates foi minimizada no resultado geral dos fundos de investimentos graças a captação líquida dos fundos de renda fixa que ficaram com um saldo positivo de R$ 13,3 bilhões.
Os fundos de ações também ajudaram a contrabalencear a saída de investidores dos multimercados. Em junho, esses produtos registraram uma captação líquida de R$ 9,3 bilhões, o melhor resultado do ano. O movimento positivo sinaliza uma recuperação dos fundos de ações visto que a categoria perdeu mais de R$ 5 bilhões em maio. O resultou consolidou a maior queda para a categoria durante o ano, até o momento.
Captação dos fundos de investimentos em 2024
| Mês | Captação líquida |
| Janeiro | R$ 66,7 bilhões |
| Fevereiro | R$ 46,7 bilhões |
| Março | R$ 17,1 bilhões |
| Abril | R$ 9,6 bilhões |
| Maio | R$ 4,2 bilhões |
| Junho | -R$ 681,8 milhões |
| Fonte: Quantum | |
Por que os fundos multimercados têm o pior desempenho?
Os fundos multimercados enfrentam um período bastante desafiador. A demora pelo início dos cortes de juros nos Estados Unidos (EUA) e a percepção do aumento dos riscos fiscais no Brasil transformaram 2024 em um ano difícil para ganhar dinheiro. Como mostramos nesta reportagem, as gestoras montaram os seus portfólios com base nas projeções que apontavam para um período de afrouxamento monetário no mercado norte-americano e continuidade desse movimento no Brasil. Não foi o que aconteceu.
Até hoje, ainda há dúvidas quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá reduzir os juros na maior economia do mundo. Os investidores esperam que esse momento aconteça até dezembro, enquanto o Fed aguarda novos dados econômicos para dar esse passo com segurança. Para completar, as dúvidas do mercado sobre a capacidade do governo em equilibrar as contas públicas fizeram acentuaram a depreciação da bolsa de valores e favoreceram os ativos de renda fixa. O receio também interrompeu o ciclo de queda Selic que vinha ocorrendo desde o ano passado.
“Um grande erro de toda indústria (de multimercados), e do Fed e outros bancos centrais, inclusive, foi imaginar que esse ciclo de maré baixa, de inflação alta, de juros altos para combater a inflação, estava se revertendo na virada de 2023 para 2024”, afirmou Bruno Serra, gestor da Itaú Asset, em evento da Tag Investimentos realizado em maio.
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Dado a esse contexto, os gestores de fundos multimercados foram obrigados a mudar a sua estratégia de alocação. Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset e famoso gestor do fundo multimercado Verde, decidiu aumentar a exposição aos títulos americanos de inflação para fugir dos riscos fiscais no Brasil. O gestor também reduziu a sua exposição à bolsa brasileira de 15% para 10% do portfólio. A expectativa da indústria é que, com o início do ciclo de corte de juros nos EUA, os fundos multimercados devem começar a apresentar uma recuperação.
