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Hypera (HYPE3): resultados do 2º trimestre dividem opiniões; veja as recomendações

A companhia registrou queda de 2,5% no lucro líquido segundo balanço divulgado na quinta-feira (25)

Hypera (HYPE3): resultados do 2º trimestre dividem opiniões; veja as recomendações
Hypera. (Foto: Divulgação/Hypera)

A Hypera Pharma (HYPE3) registrou lucro líquido das operações continuadas (ajustado) de R$ 491,8 milhões no segundo trimestre de 2024, queda de 2,5% ante o mesmo período do ano anterior.

A companhia reportou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações continuadas de R$ 755 milhões, 4,5% menor que um ano antes. A margem ficou em 34,5% entre abril e junho de 2024, 0,9 ponto porcentual (p.p.) abaixo na comparação anual.

“A redução do lucro líquido das operações continuadas em patamar inferior ao do Ebitda das operações continuadas se deu, principalmente, pela diminuição de 17,3% das despesas financeiras líquidas”, diz a empresa, em release do resultado trimestral divulgado na quinta-feira (25) ao mercado.

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A Hypera obteve queda de 1,9% na receita líquida no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2023, totalizando R$ 2,188 bilhões.

O resultado, segundo a companhia, foi beneficiado pelo crescimento de 6,3% do sell-out (venda direta para fora) no varejo farmacêutico que, por sua vez, “foi impulsionado pelo desempenho positivo em tratamentos crônicos e preventivos, que seguem aumentando sua participação nas vendas totais e correspondem atualmente à maior parte do pipeline (série de etapas de processamento para preparar dados corporativos para análise) de inovação da companhia, que conta hoje com aproximadamente 500 produtos a serem lançados nos próximos anos”.

Já o fluxo de caixa operacional cresceu 8% e totalizou R$ 624,2 milhões, maior patamar já registrado em um segundo trimestre. O aumento é explicado pelo menor investimento em capital de giro em razão da redução dos estoques, em linha com a estratégia de impulsionar a conversão do Ebitda das operações continuadas em fluxo de caixa operacional.

A companhia encerrou junho com dívida líquida pós Hedge de R$ 7,260 bilhões ante R$ 7,425 bilhões no encerramento do primeiro trimestre, ou 2,4x o Ebitda das operações continuadas esperado para 2024.

O resultado financeiro ficou negativo em R$ 217 milhões no período, uma melhora de R$ 45,3 milhões ante os R$ 262,3 milhões negativos registrados um ano antes. A variação é resultado da redução das despesas com juros no período por conta da menor taxa Selic.

Análises do balanço da Hypera

XP

A XP Investimentos avalia que Hypera apresentou resultados mistos no segundo trimestre do ano, com melhorias no lucro líquido, que chegou a R$ 492 milhões, além de uma melhora também na geração de caixa. A redução de receita e a deterioração da margem, no entanto, são fatores que pendem para o lado negativo.

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Em relatório, os analistas Rafael Barros e Raphael Elage apontam as ações da empresa para reduzir o capital de giro foram um fator importante, encerrando o trimestre com o ciclo de estoque em 203 dias , recuo de 62 dias ante o trimestre anterior e de 49 dias na base anual.

A casa avalia ainda que a queda da margem Ebitda ajustada em relação ao ano anterior reflete um mix de vendas menos favorável, uma menor diluição de custos e um aumento nas despesas.

Apesar desses desafios, o lucro líquido foi impactado pela alavancagem financeira da empresa, que ficou em 2,7 vezes o Ebitda ajustado, embora as despesas financeiras líquidas tenham apresentado melhoria em relação ao trimestre anterior.

Citi

O Citi avalia que Hypera apresentou resultados fracos para o segundo trimestre do ano, embora a casa aponte que grande parte dos números apresentados esteja em linha com as estimativas da casa.

Em relatório, os analistas Leandro Bastos e Renan Prata apontam que não há muito o que “comemorar” nos resultados do segundo trimestre, com a venda orgânica ainda atrasada em relação ao crescimento da indústria, margens sob pressão e tendências piores de recebíveis, cenário que ofuscou a normalização contínua dos estoques. “A falta de catalisadores óbvios de curto prazo e incertezas fiscais nos mantêm à margem por enquanto”, resumem os analistas.

Os analistas apontam que a receita total caiu 2% em relação ao ano anterior, devido ao aumento dos descontos e à desaceleração das vendas, resultando em um crescimento 390 pontos-base (bps) abaixo do mercado, especialmente nas categorias de antigripais.

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O Citi destaca que a margem bruta sofreu com um mix de vendas menos favorável e com a menor diluição dos custos fixos, resultando em uma queda de 220 pontos-base em relação ao ano anterior, o que estava alinhado com as previsões do Citi. A margem Ebitda ajustada caiu 200 pontos-base em relação ao ano anterior e ficou 90 pontos-base abaixo das previsões, afetada pelo aumento das despesas gerais e administrativas em 40 pontos-base e das despesas de venda em 70 pontos-base.

Diante deste cenário, o Citi mantém a recomendação neutra, com preço-alvo de R$31, o que representa um potencial de valorização de 11% sobre o fechamento de quinta-feira (25).

Safra

O Safra avalia os resultados de Hypera no segundo trimestre como neutros, destacando a existência de comparações difíceis para a receita principal, levando a um desempenho de vendas fraco, embora este cenário já fosse esperado pelo banco.

Em contrapartida, o banco avalia que a empresa conseguiu manter as despesas de Vendas, Gerais e Administrativas (S&GA) sob controle, sendo capaz de entregar um fluxo de caixa forte, com uma redução da dívida líquida no trimestre.

Em relatório, os analistas Vitor Pini, Tales Granello e Pedro Tineo apontam que a expectativa do Safra é de que a empresa acelere seu ritmo de crescimento nos próximos trimestres. Com isso, o banco reiterou a recomendação outperform (o equivalente a compra) para Hypera, com preço-alvo de R$ 37, o que representa um potencial de valorização de 32% sobre o fechamento de quinta-feira (25).

O banco calcula que as ações da empresa são negociadas com um valuation (valor do ativo) atrativo com múltiplo de 8,3 vezes a relação entre preço e lucro (P/L), cenário que representa um desconto de 40% em relação à sua média histórica.

Goldman

O Goldman Sachs espera uma reação levemente negativa do mercado nesta sexta-feira (26) às ações de Hypera após os resultados reportados pela companhia.

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Embora a Hypera tenha apresentado um crescimento de 6,3% nas vendas em relação ao ano anterior, os analistas Gustavo Miele e Emerson Vieira apontam que o resultado ficou 7% abaixo do esperado, influenciado pelo desempenho abaixo do esperado na categoria de medicamentos agudos, uma área de forte atuação da Hypera.

A casa ainda aponta a queda de 1,9% na receita líquida, o que estava em linha com as previsões, mas a menor venda pode gerar discussões sobre a capacidade da empresa de cumprir as metas de crescimento para o ano.

O Goldman aponta ainda que a margem recorrente também foi impactada negativamente, ficando 1,7 pontos porcentuais (p.p.) abaixo do esperado, devido ao aumento nas Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas (SG&A).

A redução de 49 dias no inventário em comparação com o ano anterior, no entanto, foi vista como um aspecto positivo do trimestre pelo Goldman, apesar de ser parcialmente ofuscada por uma pressão de 37 dias nos pagamentos.

O banco ainda destaca que o Ebitda da Hypera, excluindo outras receitas, apresentou uma queda de 7% em comparação com o mesmo período do ano anterior, ficando 5% abaixo das expectativas da Goldman Sachs. A receita principal estava alinhada com as previsões, embora tenha registrado uma venda menor.

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O banco mantém a recomendação de compra para Hypera (HYPE3), com preço-alvo de R$ 39, o que representa um potencial de valorização de 39% sobre o fechamento de quinta-feira (25).

*Com informações do Broadcast