- As Olimpíadas de Paris 2024 se encerraram neste domingo (11) e o Brasil finalizou os jogos com 20 medalhas no total
- Além das conquistas históricas e momentos marcantes com os atletas brasileiros, é possível destacar algumas lições do esporte na vida financeira
- Disciplina e planejamento, por exemplo, são pilares fundamentais na vida dos atletas, mas também podem ser aplicados à gestão financeira pessoal
As Olimpíadas de Paris 2024 terminaram neste domingo (11) e o Brasil finalizou os jogos com 20 medalhas no total, sendo três de ouro, sete de prata e dez de bronze. Além das conquistas históricas e momentos marcantes com os atletas brasileiros, é possível destacar algumas lições do esporte na vida financeira.
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Disciplina e planejamento, por exemplo, são pilares fundamentais na vida dos atletas. Eles precisam de um plano de treino rigoroso, metas claras e dedicação constante para alcançar seus objetivos de ganhar torneios ou conseguir medalhas. Esses princípios também podem ser aplicados à gestão financeira pessoal, já que é crucial ter um plano bem elaborado, estabelecer metas específicas e manter a disciplina para segui-las.
“Utilizando minha experiência como maratonista e ultramaratonista, percebo que o planejamento é fundamental para uma atividade esportiva. Seja para correr 10 km ou uma maratona, é necessário um plano de treino, alimentação e fortalecimento físico. Da mesma forma, nas finanças o primeiro passo é definir objetivos claros e criar um plano baseado neles. Assim, você poderá desenvolver habilidades e disciplina para seguir o plano e alcançar suas metas financeiras”, explica Carlos Castro, planejador financeiro e CEO da SuperRico.
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Nayra Sombra, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar, ainda reforça que a disciplina é a base para o sucesso esportivo e financeiro. No último caso, é ela também que diferencia quem atinge as metas de quem enfrenta dificuldades. “Na vida financeira, manter um orçamento, poupar regularmente e investir são práticas que, com disciplina, levam ao crescimento do patrimônio e à segurança financeira”, comenta.
Além disso, assim como um atleta precisa adaptar-se a condições adversas, as finanças pessoais devem ser flexíveis e preparadas para absorver impactos externos. Por isso, o E-Investidor consultou alguns especialistas que contaram mais sobre os ensinamentos que o esporte traz para a reflexão da saúde financeira.
Lições do esporte na saúde financeira
Organização da administração financeira
Conforme apresentado anteriormente, o planejamento e a organização de um atleta podem ser aplicados de forma semelhante na gestão das finanças. Atletas de alto nível seguem planos detalhados com metas claras e avaliações contínuas. Esse mesmo rigor pode ser usado na administração financeira, em que definir objetivos, criar um orçamento, investir e revisar regularmente são passos essenciais para o sucesso financeiro. “Essa abordagem estruturada e adaptativa garante que tanto atletas quanto investidores possam ajustar suas estratégias para atingir suas metas”, revela Sombra.
Castro, por sua vez, define a organização do esporte e do dinheiro em três pilares: objetivos, plano e foco. Para ele, o objetivo precisa ser claro e palpável, ou seja, que tenha as definições de tempo e quantidade. “Não dá simplesmente para você colocar como um objetivo ‘eu quero fazer uma maratona’ porque isso fica na linha do sonhos. Sem um objetivo que te inspire e que seja mensurável, é muito difícil desenvolver disciplina”, explica.
O plano é a maneira como esse objetivo se tornará realidade, se tornando uma inspiração. Sem um planejamento financeiro, a disciplina não é desenvolvida e, de fato, “não há uma transformação na saúde financeira assim como não é possível completar nenhuma prova e nenhuma modalidade de esporte, se você não tiver um plano claro”, compara.
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O terceiro pilar, o foco, deve ser utilizado para avançar mesmo em meio às adversidades. Ele revela que é importante manter o foco sabendo que, nas suas finanças, vão existir mudanças nas condições familiares e pessoais, além de um cenário macroeconômico que vai afetar a formação patrimonial então.
Trabalho em equipe
Nas Olimpíadas ou em qualquer competição, é possível perceber que um atleta não se destaca sozinho. Por trás de uma medalha ou prêmio, há o papel crucial de cada jogador para o sucesso coletivo, além do trabalho dos treinadores, médicos e outros profissionais que amparam uma vitória no esporte.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, explica que o trabalho em equipe é crucial no planejamento financeiro, principalmente quando isso envolve uma família. “Quando todos os membros da família estão alinhados e contribuem para os objetivos financeiros e controle dele, a gestão do dinheiro se torna mais eficiente”, comenta.
Como dicas para evitar conflitos, Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar, indica uma comunicação aberta e o esforço conjunto para que todos estejam comprometidos com o mesmo propósito. “Falar sobre finanças ainda é um tabu nas famílias. É necessário mudar essa mentalidade para atingir a prosperidade. Além de ser a melhor forma de educar financeiramente os filhos”, reitera.
Castro, o CEO da SuperRico, reforça que a divisão de tarefas também é muito útil nesse processo. Por exemplo, algum familiar pode anotar os gastos enquanto o outro define as melhores opções de investimento.
Lidando com os erros
Assim como um atleta se prepara para diferentes condições, os investidores devem distribuir seus recursos para minimizar riscos e garantir estabilidade financeira. A principal maneira de certificar que seu dinheiro estará seguro, segundo todos os especialistas, é criando uma reserva emergencial e diversificando seus investimentos.
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“Quando falamos de investimentos, a diversificação é uma forma de blindar o patrimônio contra as variações de cenários, já que é um efeito exógeno e que não está sob nosso controle”, explica Castro.
No entanto, os erros também fazem parte da vida seja no esporte ou nas finanças. O importante, nesses casos, é saber aprender com eles. Sombra comenta que o processo de recuperação de dificuldades e erros financeiros é semelhante ao processo que um atleta enfrenta após uma derrota. Ela destaca alguns pontos principais para isso:
- Aceitar e analisar o que deu errado, sem se deixar levar pela culpa;
- Elaborar um plano de ação focado na correção dos problemas, como ajustar o orçamento ou buscar novas fontes de renda;
- Ter persistência e resiliência, pois a recuperação pode levar tempo;
- Buscar apoio externo, como de um planejador financeiro, para trazer novas perspectivas;
- Fazer uma reavaliação contínua do plano financeiro, garantindo que ajustes sejam feitos conforme necessário.
Treinadores das finanças
Treinadores e planejadores financeiros desempenham papéis semelhantes, em seus respectivos setores. Na visão das sócias da HCI Invest, ambos orientam, motivam e ajudam a criar estratégias personalizadas para alcançar objetivos específicos. “Acredito que os dois são como uma bússola que aponta o melhor caminho a seguir para atingir seu destino final de maneira mais rápida e eficiente”, comenta Guimarães.
Sombra também destaca outras semelhanças entre os dois tipos de profissionais, como a definição de metas, elaboração de planos, monitoramento e avaliação, motivação e suporte, educação e capacitação, além da adaptação às circunstâncias.
Diferenças
Apesar dos ensinamentos para a gestão do seu dinheiro que o esporte pode trazer, é importante lembrar, contudo, que algumas situações não são comparáveis entre a rotina dos atletas e alguém que busca aprimorar seu planejamento financeiro.
O analista da Ouro Preto afirma que a consistência é a chave para alcançar bons resultados. No entanto, ele alerta que existem mais variáveis na rotina financeira e menos previsibilidade do que o treinamento esportivo. “No esporte, os resultados são mais tangíveis e diretamente relacionados ao esforço físico e ao treino, enquanto nas finanças, fatores externos, como a economia, mercado e gastos emergenciais, podem impactar seus resultados”, ressalta.
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Além disso, as restrições do mundo esportivo precisam estar em equilíbrio ao falar das finanças pessoais, como mostra o CEO da SuperRico. Para ele, “não se trata de cortar gastos, mas sim de fazer melhores escolhas. Cuidado com o nível de restrição para alcançar objetivos, pois ela pode impactar no estilo e qualidade de vida”.
Sombra também indica que o fluxo de renda de um atleta para a maioria das pessoas é bem diferente porque, no segundo caso, ela tende a ser mais previsível. “Enquanto a disciplina e a dedicação dos atletas podem inspirar na gestão financeira, é importante reconhecer as diferenças nas realidades, objetivos e contextos que fazem com que uma comparação direta não seja sempre apropriada, comenta a planejadora.
Vale lembrar que a competição direta, comum no esporte, pode ser prejudicial nas finanças. De acordo com Guimarães, ela desvia o foco dos objetivos pessoais e gera comparações desnecessárias com os outros.
Por fim, o ideal é saber balancear as lições do esporte na vida financeira, mas sem deixar de comemorar suas vitórias. “Ao chegar à linha de chegada e ganhar a sua medalha, comemore. Todo objetivo que você alcança é motivo de comemoração”, finaliza Castro.
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