A Azul (AZUL4) divulgou seu balanço financeiro do segundo trimestre de 2024 nesta segunda-feira (12), registrando prejuízo líquido de R$ 3,865 bilhões. O resultado reverteu o lucro de R$ 497,9 milhões no mesmo período de 2023 e fez com que as ações da empresa afundassem na bolsa hoje.
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Ao final da sessão, as ações da companhia aérea desvalorizaram 11,70%, cotadas a R$ 7,02. Os papéis oscilaram cada vez mais perto de perder o piso de R$ 7, menor valor de tela desde março de 2023. No dia, lideraram as perdas do Ibovespa que, por sua vez, encerrou em alta de 0,38%, aos 131.115,90 pontos.
Além disso, a empresa divulgou uma atualização das suas perspectivas para 2024, com previsão de alcançar um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima de R$ 6 bilhões no ano, inferior à projeção anterior de R$ 6,5 bilhões, principalmente devido à redução no crescimento da capacidade.
É hora de vender as ações da Azul?
A Ativa Investimentos afirmou ter uma impressão negativa sobre os resultados financeiros da Azul, por estarem abaixo do esperado. Vale lembrar que os números foram impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul e menor capacidade internacional.
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A redução dos guidances (orientações sobre os números do próximo resultado) e o crescimento da alavancagem também foram mencionados como pontos negativos, enquanto a expectativa é de que a empresa encontre dificuldades para melhorar as margens nos próximos trimestres. Segundo o analista Ilan Arbetman, espera-se que os aumentos do QAV (querosene de aviação) promovidos pela Petrobras nos últimos meses e a manutenção de um dólar forte frente ao real dificultarão a obtenção de melhores margens nos próximos trimestres.
Sem enxergar novos catalisadores, a Ativa mantém a recomendação neutra para o papel. O preço-alvo, por sua vez, ainda está em revisão.
Para o Goldman Sachs, o Ebitda de R$ 1 bilhão registrado pela companhia no período ficou 18% menor do que as projeções. O banco atribui a diferença ao desempenho pior do que o esperado nas receitas unitárias, que foi apenas parcialmente compensado por custos unitários menores.
Os analistas destacam também a redução de guidance (orientação para os dados da empresa no ano) anunciada. A Azul espera que a oferta (ASK) cresça 7% no ano ante 11% anteriormente. Já a estimativa para o Ebitda foi reduzida de mais de R$ 6,5 bilhões para R$ 6 bilhões, refletindo a expectativa de redução no crescimento da capacidade.
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Apesar de prever uma reação negativa nos preços das ações hoje, a casa manteve a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 20,10, potencial alta de 152,8% ante o último fechamento. “Acreditamos que a empresa deve manter o poder de precificação, já que toda a indústria permanece racional e focada na reconstrução da lucratividade, o que deve permitir o repasse de custos para as tarifas e abrir espaço para expansão de margem”, justificam os especialistas.
O Itaú BBA, por sua vez, também destaca uma visão negativa para a Azul. Os analistas indicaram que os dados abaixo das expectativas não vieram como uma surpresa em função de quatro pontos principais: o aumento dos custos de combustível, a desvalorização do real, as operações interrompidas no aeroporto de Porto Alegre e os problemas contínuos na cadeia de suprimentos impactando as entregas de aeronaves de nova geração.
“A Azul conseguiu entregar um ASK 2% menor ano a ano no trimestre, refletindo um controle eficaz de custos. Por último, acreditamos que o setor deve reverter a tendência de queda observada nos rendimentos no 2T24 durante o segundo semestre”, comenta o BBA.
A casa ressaltou ainda que a dívida líquida reportada aumentou para R$ 24,6 bilhões no período, comparado aos R$ 20,9 bilhões no trimestre anterior, principalmente pela desvalorização de 12% do real contra o dólar nesse intervalo. Contudo, o banco recomenda a compra das ações da Azul, com preço-alvo de R$ 24.
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*Com informações do Broadcast