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Dólar hoje fecha em forte queda, a R$ 5,47, após discurso do presidente do Fed

Taxa básica de juros dos EUA se mantém no intervalo de 5,25% a 5,50% há oito reuniões consecutivas

Dólar hoje fecha em forte queda, a R$ 5,47, após discurso do presidente do Fed
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dólar hoje fechou em baixa de 1,99%, comercializado a R$ 5,4794, revertendo a forte alta na abertura do dia (com avanço de 1,99%, a R$ 5,590).

O movimento da moeda americana ocorreu após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, em Jackson Hole, dando direcionamento quanto ao ritmo e ao total de cortes de juros nos Estados Unidos este ano.

O real pegou carona na onda de enfraquecimento global da moeda americana e no aumento do apetite por ativos de risco, ambos deflagrados pela confirmação de que o Federal Reserve vai inaugurar um ciclo de corte de juros a partir de setembro.

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“O Fed deve começar a cortar juros em setembro em 25 pb e, se não tiver sobressalto inflacionário e a economia americana mantiver a tendência de desaquecimento, o Fed poderá aumentar a dose para 50 pb em novembro ou dezembro”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Na quinta-feira (22), a moeda encerrou o dia com uma expressiva alta de 1,97%, sendo cotado a R$ 5,589. Esse movimento ocorreu em meio à análise dos investidores sobre a trajetória das taxas de juros e os dados econômicos dos Estados Unidos.

Foi a maior variação diária do câmbio desde 19 de abril de 2023, quando a moeda americana subiu 2,21%. O aumento do dólar acompanhou a tendência externa e foi intensificado, no Brasil, por declarações confusas de membros do Banco Central (BC), especialmente de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária.

De acordo com um relatório publicado na quinta-feira (22), os pedidos de seguro-desemprego nos EUA aumentaram para 232 mil na semana encerrada em 17 de agosto, superando a expectativa de 230 mil dos analistas consultados pela Reuters. Na semana anterior, os pedidos haviam sido de 228 mil.

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Esses dados reforçam a percepção de que o mercado de trabalho americano está esfriando, após uma revisão na quarta-feira mostrar que os Estados Unidos criaram 818 mil empregos a menos do que o previamente divulgado nos 12 meses até março.

Para o economista da Guide Investimentos, Yuri Alves, Jerome Powell apontou que os ganhos salariais nominais foram moderados e que as taxas de criação de empregos e de vagas caíram para níveis mais próximos dos observados antes da pandemia. “Esses desenvolvimentos indicam que a pressão inflacionária derivada do mercado de trabalho é improvável, o que proporciona ao Fed a flexibilidade necessária para ajustar a política monetária sem a necessidade de causar um enfraquecimento adicional nas condições de emprego”, diz.

Além disso, a atividade empresarial dos EUA desacelerou em agosto, atingindo seu nível mais baixo em quatro meses, enquanto as empresas continuam enfrentando dificuldades para repassar os aumentos de preços aos consumidores.

O PMI (Índice de Gerentes de Compras) da S&P Global caiu para 54,1, ligeiramente abaixo da leitura final de 54,3 em julho, mas ainda acima dos 50 pontos, indicando expansão. Esse resultado aumenta a probabilidade de que a inflação continue a desacelerar nos próximos meses.

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O Fed está focado em um duplo mandato que considera tanto a inflação quanto o emprego. Seu objetivo é alcançar um “pouso suave”, no qual a inflação retorna à meta de 2% sem causar danos significativos ao mercado de  trabalho.

Embora os recentes dados tenham mostrado uma desaceleração na inflação, a preocupação com o desemprego tem aumentado a ansiedade em relação ao início de um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.

Na quarta-feira (21), o Fed divulgou a ata de sua reunião de julho, quando decidiu manter a taxa de juros entre 5,25% e 5,50%. O documento indicou que a maioria dos diretores de Política Monetária está inclinada a reduzir a taxa a partir do encontro de setembro “se os dados permanecerem dentro do esperado”. Alguns, inclusive, já se mostravam favoráveis a um corte na reunião anterior.

Os investidores acreditam firmemente que a flexibilização da política monetária começará no próximo encontro. Atualmente, 72% deles apostam em uma redução de 0,25 ponto percentual, enquanto os 28% restantes veem a possibilidade de um corte maior, de 0,50 ponto, de acordo com a ferramenta CME FedWatch. Essas expectativas de um afrouxamento mais gradual elevaram os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano.

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Termômetro do comportamento do dólar em relação uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY furou o piso de 101,000 pontos e tocou mínima aos 100,602, no menor nível desde dezembro do ano passado. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, destaque para o peso mexicano, com ganhos de mais de 2,20%, em recuperação das perdas recentes.

Apesar do tombo hoje, a moeda termina a semana com leve ganho (0,21%). No mês, a divisa acumula desvalorização de 3,11%.

Movimento da Selic na contramão dos juros americanos

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, revisou suas palavras na quinta-feira (22) e afirmou ter se expressado de forma inadequada durante o 32º Congresso da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Anteriormente, o economista declarou que os diretores do Banco Central não têm “restrições” em relação a um possível aumento da Selic, caso necessário.

Mesmo com o esclarecimento, ele ressaltou que considera “absolutamente saudável” a recepção de críticas públicas sobre a política monetária, garantindo que isso “de forma alguma” causa constrangimento ou pressão sobre as atividades dos diretores. O Banco Central tem sido alvo de críticas de membros do governo e do mercado após interromper uma sequência de sete reduções consecutivas na Selic em junho.

A taxa básica de juros está atualmente em 10,50% ao ano, decisão mantida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em julho. A próxima reunião da instituição está marcada para o dia 17 de setembro.

“Acabei de sair de uma palestra onde me expressei de maneira equivocada e houve uma interpretação incorreta, mesmo que eu tenha enfatizado várias vezes: estou reafirmando minha declaração anterior. É fundamental estar aberto a essas críticas”, comentou em referência ao evento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O que Galípolo declarou

Mais cedo, Galípolo afirmou que o mercado financeiro tinha a percepção de que havia uma limitação para o Banco Central no uso de “ferramentas” para combater a inflação, como o aumento da taxa de juros. Essa visão afetava os ativos, especialmente após as nomeações de quatro diretores pelo governo Lula. O economista refutou a existência de tal restrição entre os membros do Banco Central. “Não é algo que qualquer um de nós do Copom [Comitê de Política Monetária] tenha sentido em momento algum, essa limitação de que não poderíamos fazer isso”, afirmou.

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Galípolo mencionou dificuldades na comunicação com os agentes do mercado sobre as diretrizes da política monetária, buscando esclarecer qualquer dúvida sobre decisões do Copom que pudessem desagradar o governo. “Havia, por parte do mercado, uma interpretação ou sentimento de que este era um Banco Central que não possuía todas as ferramentas necessárias para implementar a política monetária. Ou seja, que, de alguma forma, existia algum tipo de limitação que impedia, por exemplo, aumentos de juros”, comentou.

“O desafio para o Banco Central não é ter de elevar os juros, mas lidar com uma inflação fora da meta”, acrescentou durante o evento. Posteriormente, na FGV, enfatizou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sempre garantiu que ele e os outros três nomeados possuem “liberdade” e “total autonomia” para tomar decisões, mesmo aquelas que possam não agradar ao governo.

Ontem, o dólar fechou custando R$ 5,59. A moeda americana está acima dos R$ 5 desde 28 de março (há 148 dias).

(Com informações do Broadcast)

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