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Eleições 2024: como o Ibovespa hoje vai reagir à vitória da centro-direita no País?

Veja o que os especialistas dizem sobre o impacto do primeiro turno das eleições de 2024 na Bolsa

Eleições 2024: como o Ibovespa hoje vai reagir à vitória da centro-direita no País?
Veja o que esperar do Ibovespa no pregão de hoje (Foto: Adobe Stock)

O Ibovespa hoje tende a operar de lado no primeiro pregão após as eleições municipais, realizadas no domingo (6), disseram analistas ouvidos pelo E-Investidor. Segundo os especialistas, as eleições municipais não surtem tantos efeitos no índice nesta segunda-feira (7) e a vitória da centro-direita nas urnas já era precificada pelo mercado.

Segundo Carlos Eduardo Oliveira Jr., Conselheiro do Conselho Regional de Economia – 2ª Região  (Corecon-SP), os partidos que representam uma ala política de centro-direita conquistaram vitórias importantes em várias capitais do Brasil nas eleições municipais. Olhando para a totalidade de municípios, o Partido Social Democrático (PSD), de Gilberto Kassab, ficou com 878 prefeituras. O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) ficou com 847 prefeituras e o Partido Progressista ficou com 743 municípios.

Na visão de Carlos Eduardo Oliveira, esse grupo político conseguiu superar a polarização de 2022 entre as forças de centro-esquerda e direita que dominam a política nacional, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas capitais, MDB e União Brasil, de centro-direita, levaram duas cidades. Já o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou com duas. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), mais ao centro, levou uma prefeitura, enquanto o Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas (SP), ganhou em uma. As outras 15 capitais ainda terão segundo turno.

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Já Raony Rossetti, CEO da Melver, comenta que o cenário na Capital paulista destoou um pouco do restante do País. Enquanto a maioria elegeu candidatos de centro-direita e fora da polarização entre Lula e Bolsonaro, a cidade de São Paulo chega ao segundo turno com os candidatos apoiados por eles.

Ricardo Nunes (MDB) é apoiado por Bolsonaro e tem um bolsonarista em sua chapa como vice, o coronel Mello Araújo. Já Guilherme Boulos (PSOL) está alinhado com Lula e tem uma petista como vice, a ex-prefeita Marta Suplicy. “Como Lula está no governo federal, uma vitória de Boulos em São Paulo seria especialmente significativa, fortalecendo a governabilidade do presidente da República durante o restante do mandato, o que poderia influenciar a aprovação de projetos e a gestão fiscal, afetando o humor dos investidores do índice da Bolsa de Valores”, argumenta Rossetti.

Para Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, Bolsonaro se mostrou um cabo eleitoral muito forte, com exceção no Rio de Janeiro. “A expectativa fica de que as próximas eleições legislativas podem criar um Congresso ainda mais conservador”, afirma.

Quais os impactos da eleição de 2024 no Ibovespa hoje?

De modo geral, como a centro-direita saiu vitoriosa em termos de números de cidades, os especialistas dizem que a tendência é de as cidades brasileiras serem mais favoráveis às políticas econômicas de austeridade e reformas estruturais, desse modo, o mercado reage positivamente. “A vitória desses partidos em grandes capitais pode significar uma continuidade de políticas pró-mercado, diminuindo os riscos de instabilidade regulatória e favorecendo o ambiente de negócios”, explica Oliveira.

Ainda assim, os especialistas enxergam pouco impacto dessas eleições no pregão da Bolsa de hoje. Segundo Felipe Corleta essa questão já estava precificada e a Bolsa tende a ser influenciada por pautas internacionais. Na visão dele, o que mais deve pesar no Ibovespa nesta segunda-feira são as expectativas para o anúncio de novos estímulos da China. No entanto, a coletiva deve acontecer na terça-feira (8), por isso, o mercado deve ficar de lado, esperando por novos anúncios.

O índice Ibovespa futuro abriu em leve queda de 0,16%, chegando aos 131.990 pontos. No entanto, o recuo ocorre menos por conta das eleições e mais por causa das atenções dos investidores voltadas às previsões do boletim Focus – veja aqui a agenda econômica completa da semana.

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Para Hudson Bessa, professor de Finanças e Mercado Financeiro da Fipecafi, a Bolsa tende a operar de lado nesta segunda-feira e ficar entre os 135 mil pontos e 130 mil pontos ao longo da semana. “As questões da China e as falas de Jerome Powell (presidente do Federal Reserve, o banco central americano) devem pesar muito mais na Bolsa. Ainda assim, o índice tende a ficar de lado e sem grandes gatilhos ao longo do dia”, aponta.

Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, comenta que a Bolsa brasileira deve acompanhar a abertura dos futuros americanos. Outros fatores podem pesar, como a guerra no Oriente Médio que não tem data para acabar e a escalada dos bombardeios que traz volatilidade ao preço do barril de petróleo. “A manutenção do conflito entre Israel e Irã e eventual continuidade nos ataques deixará certamente o Brent (petróleo) próximo dos 80 dólares, favorecendo as ações de Petrobras (PETR3; PETR4) e adicionando pontos ao Ibovespa. A grande dúvida é: em um eventual momento de stress do mercado, será suficiente uma alta de Petrobras para segurar nossa Bolsa? Penso que não”, afirma.

Ele diz ainda que um motivo de cautela hoje fica com a falta da leitura do preço do minério de ferro, por conta do feriado na China, o que não ajuda os investidores a precificarem as ações da Vale (VALE3), principal papel do Ibovespa. O especialista é o único a ver chances de uma potencial queda. Em linhas gerais, mesmo com a vitória da centro-direita, o cenário externo deve afetar mais o Ibovespa hoje do que as eleições municipais.