As ações da Oi (OIBR3 e OIBR4) serão um estrago na vida dos investidores. Antes de criticar ou opinar neste artigo, leia até o final. A crítica antecipada diz muito sobre quem você é como investidor.
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Antes de começar, quero contar algo que aconteceu recentemente. Um investidor mandou uma mensagem no Instagram dizendo que havia vendido a sua casa por R$ 400 mil e iria aplicar tudo em Oi. Como educador financeiro, me senti na obrigação de entrar em contato com este seguidor e contar um pouco de tudo o que já vi no mercado financeiro, principalmente sobre as tragédias que já vi. Ele entendeu perfeitamente o que estava falando e, inclusive, autorizou que seu nome fosse citado como exemplo para ajudar outros investidores a não cometerem os mesmos erros.
Este seguidor poderia ser um caso isolado, mas a verdade é que ele não é. Quando pergunto nos meus vídeos qual o percentual de Oi (OIBR3 e OIBR4) são frequentes respostas como 40%, 50% 80% e 100%. Isso me preocupa e me preocupa muito.
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Antes de continuar, mais uma vez gostaria de falar que tenho Oi (OIBR3) na carteira desde 2019, com o preço médio próximo de R$ 0,90 e continuo mantendo o papel, ou seja, acredito na empresa e na gestão de Rodrigo Abreu. Porém, isso não me impede de criticar alguns comportamentos que acredito irem na contramão da educação financeira e de tudo o que aprendi.
Falta de estratégia de investimento
Quando vejo alguém colocando grande parte do seu patrimônio em uma única ação, seja ela a própria Oi (OIBR3 e OIBR4), Magazine Luiza (MGLU3) ou Itaú (ITUB4), não existe nenhuma razão lógica que justifique esta estratégia de investimento. Esta pessoa, infelizmente, é uma apostadora que usa a B3 (B3SA3) apenas como a plataforma, assim como um jogador entra em um cassino de Las Vegas. Quando disse no começo do artigo que as ações da Oi causarão um estrago na vida de muitos investidores, explicarei o porquê.
Ações da Oi (OIBR3 e OIBR4) com forte valorização
A primeira coisa que pode acontecer é as ações terem uma forte valorização e talvez triplicarem de valor em um curto espaço de tempo. Neste caso parece o cenário perfeito, pois muitos investidores, inclusive iniciantes, ganhariam dinheiro. Mas será que realmente isso é totalmente positivo?
Vejo que muitos acionistas minoritários que ainda não sabem ler um balanço, investem há pouquíssimo tempo na renda variável e passaram por poucas crises. Não viram, por exemplo, Petrobras (PETR3 e PETR4) desabar de R$ 50 ara menos de R$ 5 com a Operação Lava Jato. Também não viram de perto o que aconteceu com a vida de muitas pessoas que acreditaram em Eike Batista e no Grupo X, com a OSX (OSXB3) e MMX (MMXM3), e seu show de fatos relevantes.
Leia também: Empresas de Eike disparam na bolsa após fim da recuperação judicial da OSX
Não, não estou dizendo que este é o mesmo caso da Oi. Estou dizendo que, se você faz uma aposta em uma empresa sem saber exatamente os riscos que está correndo, sem fazer planejamento financeiro ou sem ter estratégia, você pode acabar tendo o azar de ter sorte, ou seja, triplicar o valor investido como em um cassino.
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O ser humano é vaidoso por natureza. Ele sempre quer achar que sabe algo que os outros não sabem. Acertar uma supervalorização da Oi (OIBR3 e OIBR4) com certeza absoluta faria com que muitos tentassem encontrar a ação que mais uma vez iria multiplicar o capital rapidamente, afinal, esta pessoa é muito inteligente, conseguiu ver o que muitos não viram, não é mesmo?
Vamos supor que a sua próxima grande aposta após a OIBR3 desse errado e eles perdesse 50% de tudo que ganhou. Provavelmente ele tentaria acertar um terceiro ativo, para recuperar o erro que acabara de cometer. É exatamente a lógica do cassino. Por isso que digo que muitas pessoas podem ter o azar de ter sorte logo no começo da sua jornada de investimentos.
E se a Oi falisse?
A segunda coisa que pode acontecer com as ações da OIBR3 é o papel despencar ou até mesmo a empresa falir. Se você, que é investidor da Oi, jamais pensou nesta possibilidade, se busca apenas notícias que falem bem da empresa e olha somente análises e profissionais que dizem que o papel irá se multiplicar por muitas vezes, sinto muito, mas você sofre de viés de confirmação e precisa estudar finanças comportamentais. Você está buscando apenas as informações que vão de encontro a aquilo que você quer ver e lhe trazem conforto emocional para justificar o investimentos de grande parte da sua vida em uma única ação.
Vamos fazer aqui um simples exercício. Imagine que um analista diga que a Oi (OIBR3 e OIBR4) não conseguirá sair da recuperação judicial, que a tecnologia da fibra ótica será substituída pela internet via satélite ou ainda que a empresa pode estar envolvida em um novo caso de corrupção. Você iria atrás para saber mais, ou simplesmente criticaria o analista porque ele está lhe causando um desconforto?
Por que investir em Oi (OIBR3 e OIBR4)?
O problema não está em investir em Oi (OIBR3 e OIBR4). Como já disse, eu invisto desde 2019, acredito na recuperação da empresa e na gestão de Rodrigo Abreu. Continuarei, a princípio, com ela na carteira em 2021 e talvez nos próximos anos. O problema está quando duas questões não estão muito bem respondidas: Por que você investe em Oi (OIBR3 e OIBR4) e qual percentual da sua carteira você investe?
Assista ao vídeo exclusivo sobre o impacto do leilão da Oi móvel:
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