Mercado

Qual o impacto da oferta bilionária de ações da Caixa Seguridade (CXSE3)?

Controladora, a Caixa Econômica Federal (CEF) autorizou uma eventual oferta pública subsequente de ações (follow-on)

Qual o impacto da oferta bilionária de ações da Caixa Seguridade (CXSE3)?
Entrar na CXSE3 é operar no subpenetrado balcão de negócios da Caixa Econômica Federal Federal. Foto: Adobe Stock
  • Objetivo do follow-on é aumentar a quantidade de ações negociadas para empresa entrar no segmento de Novo Mercado
  • Broadcast antecipou que um possível oferta poderia movimentar de R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões
  • Principal fator para valorização das ações CXSE3 continua sendo a dinâmica de entrega de resultados

As ações da Caixa Seguridade (CXSE3) chegaram a abrir em queda 1,47% nesta quinta-feira (17) ao informar, antes da abertura do mercado, que a sua controladora, a Caixa Econômica Federal (CEF), autorizou uma eventual oferta pública subsequente de ações (follow-on). Ao longo do dia, o papel se recuperou, fechando com alta de 0,7%, a R$ 14,30.

“Não vemos nenhum impacto adicional, dado que esse movimento da oferta da Caixa Seguridade já estava precificado pelo mercado e era esperado pelos investidores”, avalia Ângelo Belitardo Neto, analista da Hike Capital.

O objetivo do follow-on da Caixa é aumentar a quantidade de ações CXSE3 negociadas no mercado (free float) dos atuais 17,5% para, no mínimo, 20%, o que seria um dos requisitos para a sua entrada no Novo Mercado da B3, um segmento de listagem das empresas de melhor governança no mercado.

Movimentação bilionária

Em março, o Broadcast antecipou que um possível oferta poderia movimentar de R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões, valores que seriam suficientes para enquadrar a Caixa Seguridade nas regras do Novo Mercado.

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“Considerando que a CEF vai vender apenas 2,75% da sua posição na Caixa Seguridade, o papel não deve sentir uma pressão adicional”, reforçou Belitardo Neto. “O papel deve fechar ali na casa do R$ 14 e um valor de mercado em torno de R$ 42,300 bilhões.”

Victor Bueno, sócio e analista de Ações da Nord Research, argumenta que buscar o mais alto nível de governança da bolsa brasileira é um fator positivo para a companhia, pois vai permitir a entrada de novos e maiores fundos de investidores institucionais. Além disso, mais ações em circulação aumentam a liquidez do papel da Caixa Seguridade.

Por outro lado, avalia Bueno, uma empresa que lança mais papéis passa a sinalização de que suas ações já estão bem precificadas e, portanto, sem espaço para valorização. Na sua visão, a Caixa Seguridade é uma companhia que negocia múltiplos muito perto de sua média histórica – e do setor. “A valorização depende do que ela vai fazer com esse recurso, do crescimento que ela pode entregar no futuro e se os lucros continuarem crescendo e pagando bons e crescentes dividendos”, observa.

O que vale são o resultados

Desde quando abriu capital em 2021, a CXSE3 mantém uma relação de Preço/Lucro (P/L) em pouco mais de 11 vezes e um valor patrimonial por ação (VPA) de R$ 3,90. A empresa entrega um crescimento do lucro líquido consistente, passando de R$ 1,9 bilhão naquele ano, contra R$ 3,58 bilhões em 2023. Seu dividend yield chegou a 8,86% em 2022 contra os 5,63% dos últimos 12 meses.

“Desde abril de 2021, as ações CXSE3 registram alta de 90,6% até ontem (16/10/24), bem acima da valorização de 10,8% do Ibovespa no mesmo período”, avalia a corretora Planner.

Em outras palavras, apesar de o movimento ser marginalmente positivo para a CXSE3, pela possibilidade de entrar no Novo Mercado, o principal fator para valorização de suas ações continua sendo a dinâmica de entrega de resultados. “Uma empresa que tem amplo potencial de crescimento operando o subpenetrado balcão de negócios da Caixa Econômica Federal”, observa o analista da VG Research, Milton Rabelo.

Processo ainda precisa avançar

A Planner avalia que a nova oferta de ações contribuirá para o fortalecimento da estrutura de capital da companhia e para o desenvolvimento de seu plano de investimentos. Porém, muitos fatores ainda estão em aberto, como as condições de mercado, volume da oferta e o preço que será definido pela empresa e investidores. “Assim, eventual desconto no preço da ação não está descartado.”

Com o aumento da liquidez a partir do follow on, é certo que haverá o impacto da diluição para os acionistas da Caixa Seguridade que não vão participar da oferta. Estes permanecerão com a mesma quantidade das ações, com mais ações em circulação. “Portanto, a participação desses é reduzida nos resultados da empresa, nos lucros e nos dividendos”, explica Bueno. Este seria outro fator negativo para aqueles acionistas que consideram o seu nível de participação da empresa adequado. Ou seja, se não fizerem novos aportes, serão diluídos.

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