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Tênis da Nike (NIKE34) expõe falha de U$ 700 milhões no mercado de carbono; entenda

A inclusão de créditos questionáveis coloca em dúvida a credibilidade de um mercado em expansão

Tênis da Nike (NIKE34) expõe falha de U$ 700 milhões no mercado de carbono; entenda
Créditos de carbono da Nike (NIKE34) expõem fragilidades no mercado bilionário Foto: Adobe Stock

Nos últimos anos, o mercado de créditos de carbono tornou-se uma peça-chave nas estratégias de sustentabilidade de diversas empresas, movimentando cerca de US$ 700 milhões em 2023. No entanto, incidentes recentes trouxeram à tona falhas fundamentais neste sistema.

Um exemplo é o caso do Nike Air, modelo de tênis da Nike (NIKE34), que despertou um alerta para os riscos do mercado de compensações de carbono mundial.

Isso porque, nos anos 1990, os engenheiros da famosa empresa de tênis descobriram que o hexafluoreto de enxofre, gás utilizado nas solas dos tênis da linha Nike Air, era altamente nocivo ao meio ambiente — com capacidade de aquecer o planeta mais de 24 mil vezes em comparação ao dióxido de carbono.

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Ao longo de 14 anos, a empresa buscou alternativas para substituir o gás, declarando em 2006 que havia eliminado a substância de suas produções. Contudo, a Nike decidiu transformar a sua redução de emissões em créditos de carbono, transferindo para terceiros a responsabilidade de compensação ambiental.

O que parecia ser uma inovação sustentável logo evidenciou um problema: os créditos da Nike, mais de 8 milhões ao todo, ressurgiram recentemente no pool de buffer do American Carbon Registry (ACR), responsável por registrar e garantir créditos de carbono nos EUA.

Esse buffer é uma reserva de créditos que age como uma proteção para compensar perdas repentinas, como incêndios florestais em projetos de reflorestamento. Hoje, os créditos da Nike representam cerca de 19% deste pool, o que chamou a atenção de especialistas e analistas do mercado.

Para cientistas como Derik Broekhoff, do Instituto Ambiental de Estocolmo, o uso destes créditos gera controvérsia, especialmente devido ao princípio da “adicionalidade” — que determina que os créditos devem derivar de ações motivadas por incentivos de carbono.

No caso da Nike, a substituição do gás poluente foi impulsionada por regulamentações ambientais e não por pagamentos de carbono, o que, na prática, questiona o valor real destes créditos no pool de seguros do ACR.

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Embora a Nike defenda sua posição e o ACR sustente a integridade do projeto, este episódio expõe uma falha em um mercado que deveria garantir benefícios reais ao meio ambiente.

Segundo dados do Ecosystem Marketplace, o mercado de créditos de carbono viu uma queda acentuada de US$ 2 bilhões em 2021 para US$ 700 milhões em 2023, refletindo uma crescente desconfiança de investidores em relação à eficácia do sistema.

Com o aumento de extremos extremos, como secas e incêndios, o futuro dos créditos de carbono dependerá de soluções mais robustas e criteriosas para proteger o clima de maneira eficaz.

Colaborou: Gabrielly Bento.