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Quando Donald Trump assume a Casa Branca? Veja como o mercado pode se preparar

Republicano assume cargo para seu 2º mandato sob grande expectativa do mercado financeiro mundial; entenda os impactos nos investimentos

Quando Donald Trump assume a Casa Branca? Veja como o mercado pode se preparar
Donald Trump foi eleito presidente nas eleições nos EUA. (Foto: Isac Nóbrega/PR - Agência Brasil)

Donald Trump deve assumir o cargo de presidente dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro de 2025 sob grande expectativa do mercado financeiro mundial. Durante a campanha das eleições nos EUA, ele prometeu colocar em prática uma série de medidas protecionistas para a economia do país que, como consequência, podem estimular alta da inflação e desestimular o corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o canco central americano), segundo dizem analistas. Tal perspectiva alimenta a disparada do dólar nesta quarta-feira (6).

Se para o mercado externo o republicano tomará medidas consideradas distantes do liberalismo econômico, como a taxação de produtos que prejudicam o livre comércio com a China e outros países, a gestão será totalmente diferente no mercado interno. Trump fez campanha defendendo a redução de impostos sobre grandes empresas dos EUA, com apoio ao setor de óleo e gás.

Os efeitos da vitória de Trump devem ser percebidos gradualmente no Ibovespa. “À medida que o governo vencedor for indicando a sua postura fiscal, seu modelo econômico e fortalecendo os laços comerciais, isso terá reflexo para os países emergentes como um todo”, avalia Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.

O analista aposta em um momento favorável para commodities, com o governo Trump demandando uma maior quantidade de matéria-prima não só dos Estados Unidos, mas do mundo, com destaque para o Brasil. Ações de empresas bem posicionadas nesses produtos básicos podem, portanto, ser uma opção, pensando também em um cenário cambial de dólar mais forte.

Ações brasileiras para comprar com a vitória de Donald Trump

Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, compartilha a mesma opinião. “Já vimos no passado que a guerra comercial com a China levou a uma maior demanda chinesa por produtos brasileiros. Empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3) podem observar uma alta na procura por grãos nacionais”, analisa.

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Além do agronegócio, o setor de mineração e siderurgia também pode se destacar na sua visão. A Gerdau (GGBR4), com forte presença nos Estados Unidos, tende a se beneficiar das tarifas sobre produtos chineses, aumentando o preço do aço. A companhia também é citada pela XP Investimentos de como uma empresa que deve ser favorecida pela vitória de Trump. A casa entende que a operação americana do player o protege das alterações nas taxas comerciais com a China.

Já a Vale (VALE3) corre o risco de ficar em um limbo, na opinião de Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk. “Se o Trump colocar em prática a taxação da China e principalmente do aço chinês, a Vale pode sair prejudicada, uma vez que a China é o nosso principal cliente de minério de ferro. Mas na outra ponta, se os Estados Unidos não compram da China ou tornam o aço chinês mais caro, também abrem uma oportunidade para a Vale”, explica.

Valorização do dólar

Sant’ Anna acredita ainda que a Braskem (BRKM5) é outra ação que pode ser impulsionada com o novo governo de Trump, já que sente os impactos positivos da valorização do dólar por ter suas receitas em moeda americana. Já os papéis de frigoríficos que têm penetração no mercado americano, como Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3), devem subir diante das restrições às exportações chinesas.

Do lado oposto, ações de companhias brasileiras afetadas por juros altos, que têm seus negócios mais voltados ao mercado doméstico, como o setor de varejo, por exemplo, podem ser pressionadas no novo mandato de Donald Trump. É o que explica Renan Silva, economista-chefe da Bluemetrix Asset. “O mercado considera que ele pode promover alguns movimentos inflacionistas e, consequentemente, uma permanência das taxas de juros elevadas por mais tempo.”

Onde investir nos EUA com a vitória de Donald Trump?

Segundo publicação do Fortune.com, os bancos podem ser o cerne da negociação Trump. Jay Hatfield, CEO da Infrastructure Capital Advisors, não é fã de escolher ações baseado na corrida presidencial. No entanto, ele está disposto a dizer que o setor financeiro se beneficiaria de uma presidência Trump (independentemente de os republicanos ganharem controle do Congresso) devido a regulamentações presumivelmente mais leves. O JPMorgan (JPMC34), maior banco da América, poderia ver um impulso em seu resultado final.

Isso também poderia ser verdade para empresas de private equity (investimento essencialmente em companhias que ainda não são listadas em bolsa) e outros gestores de ativos, que foram forçados a enfrentar um período difícil para fechamento de negócios. Uma empresa como a gigante de ativos alternativos KKR se beneficiaria de um aumento tanto em oferta pública inicial (IPO) quanto em fusões e aquisições.

Criptomoedas certamente terão um ambiente regulatório mais amigável, pelo menos em comparação com o status quo sob o atual presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês), Gary Gensler. O candidato republicano abraçou abertamente a indústria durante este ciclo eleitoral. O bitcoin (BTC) já demonstra alta pós-eleição, inclusive com novo recorde de preço.

Finalmente, energia é amplamente vista como uma jogada de Donald Trump graças à promessa do ex-presidente de “perfurar, bebê, perfurar”. Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research, acredita que a história de oferta e demanda poderia se mostrar um pouco mais complicada. Aumentar substancialmente a produção de petróleo, disse ele, reduziria o preço da commodity. “Isso prejudicaria as empresas a montante (primeiro estágio da cadeia do petróleo) que são perfuradoras, como as empresas de exploração e produção”, disse ele, “mas seria útil para a jusante (fase final, ou refino).” Isso inclui refinarias como a Valero Energy e a gigante do transporte de gás natural Kinder Morgan.om Beatriz Rocha)