A viagem do ministro Fernando Haddad (Fazenda) para a Europa anunciada na semana passada foi cancelada. Inicialmente, o ministro ficaria fora entre os dias 4 e 9 de novembro. A agenda do ministro no exterior surgiu como uma demonstração clara de que o pacote de gastos ainda não tem nenhuma previsão de ser anunciado. Resultado: o dólar disparou e fechou em R$ 5,86, na sexta-feira (1), maior valor desde a pandemia de 2020.
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O último dia útil da semana passada também foi de alta no mercado de juros futuro, que encerraram acima dos 13% em quase toda a curva. Não foi por acaso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que Haddad desmarcasse a agenda na Europa. A decisão foi anunciada na manhã do domingo (3).]
Em conversas com o time Warren Rena Política, representantes da área econômica destacaram que a desvalorização do real e o impacto que isso causa nas expectativas de inflação são temas extremamente sensíveis na cúpula do Palácio do Planalto.
A questão causa tanta apreensão que alguns dizem que a alta do dólar é hoje um dos principais motivos que unem Haddad e o ministro Rui Costa (Casa Civil) no discurso em pró do Marco Fiscal.
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Dentro desse contexto, o ministro Luiz Marinho (Trabalho) deve perder a batalha em torno de possíveis mudanças no abano salarial, benefício no valor de até um salário mínimo concedido anualmente a trabalhadores e servidores que atendem aos requisitos do programa.
Hoje, o abono é visto por alguns integrantes da equipe econômica como um programa sem um objetivo. Não deverá ser extinto, mas bastante reduzido.
A questão é que não é só o ministro Marinho que parece “vendido” nas discussões da equipe econômica/Palácio, como ele mesmo deixou claro em declarações recentes à imprensa. Na discussão do novo pacote de gastos sobram ruídos e falta clareza como o governo pretende endereçar o tema.
Destaco que o fato de Haddad ter cancelado a agenda no exterior não quer dizer que teremos algum anúncio nos próximos dias. Além disso, o pinga pinga de informações truncadas na imprensa só tem deixado o mercado ainda mais apreensivo.
Pelo que identificamos em Brasília, o principal mote do pacote fiscal será a sinalização de que as medidas têm como objetivo garantir a perenidade do Marco Fiscal para além de 2026, quando se encerra o governo Lula 3.
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Acreditamos que apenas esse sinal não vai ser suficiente para acalmar os principais atores do mercado no médio prazo, sobretudo em razão de as propostas do pacote ainda terem de ser discutidas pelas duas Casas do Congresso.
Há chances de cada uma das propostas avançarem em ritmo diferente, fora a possibilidade de serem alteradas no meio do caminho. Em outras palavras, mesmo que seja anunciado um valor de X bilhões em corte de gastos, não necessariamente ele será de fato executado. E as dúvidas permanecerão.
Somado a isso, as eleições americanas, previstas para terça-feira (5), surgem como um ingrediente a mais para esta semana. Dentro do mercado já há quem diga que uma vitória de Donald Trump, que traz junto o receio de juros e dólar fortalecidos e alta de déficit americano, pode elevar o dólar a R$ 6. A ver.