- Quando o mercado está barato, o dólar em níveis aceitáveis, ninguém quer investir fora
- Nos EUA, os ativos agora estão na máxima histórica e com tendência de continuar subindo
- Aqui no Brasil, a conta sempre parece sair cara logo no início
É impressionante que quando o mercado está barato, o dólar em níveis aceitáveis, ninguém quer investir fora. Basta o dólar chegar perto dos R$ 6 – o Trump se consagrar vencedor das eleições para que minhas redes sociais sejam bombardeadas de propagandas para se investir no exterior.
Não me entenda errado, eu sempre sou a favor da diversificação e principalmente da dolarização de parte do patrimônio, já que o dólar provavelmente será uma moeda forte para sempre, principalmente quando comparada ao real. Meu ponto aqui é que precisamos sempre pensar no que estamos deixando para trás quando decidimos investir lá fora, pois aqui no Brasil a conta sempre parece sair cara logo no início.
Enquanto escrevo esse artigo temos os seguintes dados como base:
- Selic 11,25% com tendência de subir para 12% segundo o relatório Focus;
- Juros americanos em 4,25% com tendência de queda;
- O dólar real está em R$ 5,80;
- O Ibovespa em 129 mil pontos;
- O S&P 500 (índice das 500 maiores empresas dos EUA) em 6 mil pontos.
Considerando que vamos investir lá fora, precisamos seguir sempre o seguinte roteiro:
- Vender o que temos em ações ou resgatar a renda fixa;
- Trocar real por dólar;
- Enviar o dinheiro para fora;
- Comprar ações ou juros americanos;
Ou seja, a gente teria que sair da nossa renda fixa rendendo 11,25% e com potencia de buscar os 12% ou vender as ações em números baratos ao olhar os múltiplos do Ibovespa (vamos falar isso mais à frente) e comprar bolsa nos EUA na máxima histórica ou investir nos títulos de juros americanos que tem tendência de render menos, pagando um dólar relativamente caro.
Publicidade
Juros por juros vamos trocar 12% (esperado para o fim desse ano) por 4,75% nos EUA (com tendência de fechar em 4,5%). Ou seja, deixaríamos de ganhar arredondando 7% a.a. (12%-5%). Será que o dólar vai subir essa diferença em um ano para valer a troca do nosso dinheiro de renda fixa do Brasil para os Estados Unidos? E se os juros subirem aqui para 13% e lá fora cair para 4% no ano que vem (que é o projetado) e essa diferença ser de 9% ao ano? É muito dinheiro para deixar de lado certo?
Agora vamos olhar pelo lado das ações…
Lá nos EUA os ativos agora estão na máxima histórica e com tendência sim de continuar subindo. Mas quando olhamos pelo múltiplo de Lucro/Preço da Ação em anos, ou seja, em quantos anos o seu investimento retorna via lucro das ações – esse número está em 23 anos – maior múltiplo da história contra uma média histórica de 16 a 17 anos. Ou seja, uns 30% de queda caso volte para a média. Sabe o tal compre na baixa e venda na alta?
Aqui no Brasil a conta é bem diferente. Enquanto a média histórica é de 12 anos, o índice nesse momento tem um múltiplo de quase 7 anos apenas ou seja, precisaria subir 50% para chegar perto da média histórica.
Publicidade
Apesar disso tudo, o mercado aqui pode continuar barato por muito tempo, o juros pode subir e cair para estimular depois a economia e o dólar pode continuar subindo de acordo com a dívida/pib que tem projeção de alta para os próximos anos.
Dito isso, acho que o risco Brasil aproveitando juros + bolsa é muito interessante!
Vou detalhar mais esse assunto e métricas no grupo do whatsapp (entre clicando aqui).
Timing pode fazer muita diferença nos seus investimentos e essa conta de comparação ou conta de “custo de oportunidade como eu gosto de considerar) é sempre muito muito relevante.
Publicidade
Um abraço!