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A escalada da guerra comercial promovida por Donald Trump está mexendo com os mercados globais, e o investidor brasileiro precisa se preparar para um período de maior oscilação. O anúncio de tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá e de 10% sobre produtos chineses fez o dólar disparar, derrubou bolsas ao redor do mundo e mexeu com os criptoativos. Logo em seguida, em questões de horas, as negociações entre os países para adiar as tarifas trouxeram alívio aos mercados.
Diante desse cenário instável, especialistas recomendam cautela com planejamento. “O essencial é entender qual é o seu objetivo financeiro. Se for um investimento de longo prazo, como aposentadoria, as oscilações, os ruídos de curto prazo, não devem ser motivo de preocupação”, explica Luiz Fernando Araújo, diretor de Investimentos da Finacap.
Para quem investe com metas de curto prazo, como capital de giro da empresa ou aquisição de bens como imóveis, a recomendação é de evitar riscos excessivos e adotar uma abordagem mais conservadora. “O mais importante é saber exatamente para que você está investindo e alinhar isso ao cenário econômico”, conclui.
A turbulência imposta por Donald Trump aos mercados se desenrolou em apenas dois dias úteis. Sem necessidade de aplicar as tarifas, ele conseguiu trazer esses países à mesa de negociações. Nesta terça (4) a Casa Branca anunciou que o presidente dos EUA planeja conversar com o presidente chinês Xi Jinping, num diálogo que deverá evitar a escalada na guerra comercial. A China anunciou que implementaria tarifas retaliatórias sobre importações americanas.
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Os operadores alertam que os investidores devem se acostumar com essa volatilidade. Novos anúncios relâmpago sobre tarifas podem impactar o mercado ao longo do ano. Trump já mencionou outros possíveis alvos, como os países da União Europeia e os membros do BRICS, grupo do qual o Brasil faz parte.
Posição conservadora em momentos de volatilidade
Segundo Rodrigo Macarenco, sócio responsável pela área de Wealth Planning da Manchester Investimentos, se a guerra comercial se intensificar, existe a chance de um menor crescimento econômico global. “Com isso, a aversão ao risco tende a ser maior e os investidores brasileiros poderão se proteger atrelando parte do seu portfólio ao dólar e mantendo posições mais conservadoras, como renda fixa pós-fixada“, recomenda.
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, é ainda mais cauteloso e indica o bom e velho imóvel como proteção de portfólio. “Nesse contexto, imóveis se tornam uma excelente alternativa para proteção patrimonial, pois são ativos reais que preservam valor e geram renda recorrente”, afirma. Neste caso, diz ele, a estratégia é procurar imóveis abaixo do valor de mercado. Períodos de instabilidade levam muitos a tentar vender rapidamente, abrindo oportunidades de aquisição com descontos atrativos, lembra.
Locação por temporada, impulsionada pelo turismo interno fortalecido pela alta do dólar, e consórcio imobiliário, que permite alavancagem sem comprometer grandes quantias de capital, seriam duas estratégias interessantes na visão do gestor. Segundo ele, investir em imóveis bem localizados, próximos a polos tecnológicos, centros urbanos e regiões turísticas, aumenta a liquidez e a valorização do ativo.
Mudando a ordem global
Em termos setoriais, Marcelo Nantes, head de Renda Variável do ASA, reforça a previsão de volatilidade. As tarifas de Trump, mesmo que não sejam efetivamente implementadas, elevam a percepção de risco no comércio global, intensificando as oscilações de mercado, freando novos investimentos. “Muitas empresas começarão a procurar alternativas para as cadeias de suprimentos, tanto na busca por novos fornecedores quanto na busca por novos clientes”, diz. Um cenário que, na sua visão, cria riscos e oportunidades para o Brasil.
Segundo Nantes, o agronegócio pode ganhar espaço, caso a China reduza compras dos EUA, impulsionando soja, milho e carnes brasileiras. Ele também levanta a possibilidade de Pequim impor tarifas contra o Brasil e, neste caso, as exportações para os EUA, como petróleo, aviões e aço, poderiam ser prejudicadas.
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Nesta indefinição, a diversificação seria a melhor estratégia para mitigar riscos, aponta Tiago Feitosa, fundador da T2 Educação. “Isso implica em dolarizar parte da carteira e, eventualmente, ter uma posição em empresas brasileiras que podem se beneficiar de uma eventual retaliação aos EUA”, comenta.
Setores que podem se beneficiar
Do lado das oportunidades, Macarenco, da Manchester Investimentos, diz que o agronegócio poderia se beneficiar dessa dinâmica. “Isso já ocorreu na primeira guerra comercial de Trump com a China (2019-2020), com aumento das exportações de carne e grãos”, relembra. Para ele, exportadores de commodities podem se beneficiar também, como o setor de papel e celulose e petrolífero.
Já nos riscos, empresas importadoras de insumos, com custos de produção em dólar tendem a ter margens reduzidas, diz, como os setores industrial, de alimentos e vestuário. “Por fim, empresas alavancadas (endicidadas, especialmente com passivos em dólar, terão dificuldades”, diz, lembrando que a tendência é de um dólar mais forte no governo Trump.