Com as atenções voltadas à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e à guerra comercial entre EUA e China, o Ibovespa hoje fechou em queda de 0,65% aos 125.147,42 pontos. Nesta terça-feira (4), o principal índice da B3 oscilou entre máxima a 125.964,36 pontos e mínima a 124.694,19 pontos, com volume negociado de R$ 19,8 bilhões.
A ata da mais recente reunião do Copom veio em linha com o comunicado, confirmando a indicação de nova alta na taxa de juros em 1 ponto percentual em março e deixando em aberto os próximos passos, sem indicar a magnitude total do ciclo de aperto monetário. O Comitê deu destaque para a desancoragem das expectativas de inflação e o seu impacto na inflação corrente, sendo esse o principal ponto de desconforto de todos os membros. Além da desancoragem, a economia mais aquecida e a desvalorização do real também compõe um cenário de riscos de pressão inflacionária no curto prazo.
“Na nossa visão, os três pontos têm relação com a forte expansão dos gastos públicos nos últimos dois anos, e a disciplina fiscal a partir de 2025 será fundamental para a convergência mais rápida da inflação para a meta, dando potência para a política monetária, que já está em patamar bastante restritivo mas com efeito limitado devido à expansão fiscal”, destaca, em nota, a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria.
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Para Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o tom adotado na ata do Copom contribuiu para o humor mais negativo do Ibovespa na sessão. “O mercado amanheceu hoje mais arisco por aqui, devido à ata. O Comitê reiterou o aumento de mais 1 ponto percentual na reunião de março, não dando nenhuma indicação com relação ao início do ciclo de queda e também apontando ali todos os riscos inflacionários que a gente ainda têm. Então, a Bolsa com uma queda mais forte e chegou a cair praticamente 1% durante o início do pregão”, afirma.
A nova política tarifária dos EUA também esteve em foco. Na segunda-feira (3), o país anunciou a suspensão por um mês das tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México. O foco agora está nas conversas entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, com Pequim adotando medidas retaliatórias após o início das tarifas americanas de 10%.
Mais cedo, o assessor de comércio do republicano, Peter Navarro, chegou a confirmar que os dois líderes teriam um telefonema ainda hoje. No entanto, em encontro com repórteres no Salão Oval da Casa Branca, Trump afirmou não ter “pressa” para conversar com o presidente chinês. “Conversarei com Xi Jinping no momento apropriado”, limitou-se a dizer.
Com o recuo dos EUA em relação às tarifas aplicadas sobre Canadá e México, o dólar hoje fechou em baixa pelo 12º pregão seguido. A moeda americana terminou o dia em queda de 0,75% a R$ 5,7724, perdendo o patamar de R$ 5,8. “O cenário de guerra comercial continua influenciando o câmbio. No último Boletim Focus, a mediana para o dólar no final de 2025 e 2026 permaneceu em R$ 6,00, com expectativas de inflação revisadas para cima”, diz Elson Gusmão, diretor de operações da Ourominas.
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Na Bolsa brasileira, as ações da Vale (VALE3) encerraram o dia em queda de 0,35%, ainda sem a referência do minério de ferro na China, devido ao feriado do ano novo lunar. Já o minério negociado na Bolsa de Cingapura, para entrega em março de 2025, valorizou 0,74%.
Os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4), outros de grande peso para o Ibovespa, também fecharam em baixa: enquanto os ordinários (PETR3) cederam 1,26%, os preferenciais (PETR4) caíram 0,99%. A empresa informou na noite de segunda-feira (3) que sua produção média no quarto trimestre de 2024 foi de 2,628 milhões de barris diários (boed) de óleo equivalente (petróleo e gás natural), uma queda de 10,5% na comparação com o mesmo período de 2023 – veja aqui a opinião de analistas do mercado sobre os resultados.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,72%, 0,3% e 1,35%, respectivamente. Novos dados econômicos foram observados. A abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos caiu para 7,600 milhões em dezembro, de acordo com o relatório Jolts, publicado hoje pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam abertura de 8,020 milhões de vagas no período.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Braskem (BRKM5), Natura (NTCO3) e Sabesp (SBSP3).
Braskem (BRKM5): 3,89%, R$ 13,62
As ações da Braskem (BRKM5) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, finalizando a sessão com ganhos de 3,89% a R$ 13,62. O movimento foi de correção, depois de os papéis terem registrado uma queda de 5,07% na véspera, entre as maiores perdas do índice da B3.
A BRKM5 está em baixa de 1,38% no mês. No ano, acumula uma valorização de 17,62%.
Natura (NTCO3): 2,83%, R$ 13,08
Quem também se saiu bem foi a Natura (NTCO3), que subiu 2,83% a R$ 13,08, estendendo os ganhos da véspera.
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A NTCO3 está em alta de 3,65% no mês. No ano, acumula uma valorização de 2,51%.
Sabesp (SBSP3): 1,46%, R$ 97,59
Outro destaque positivo foi a Sabesp (SBSP3), que avançou 1,46% a R$ 97,59, sem notícias específicas sobre a empresa no radar dos investidores.
A SBSP3 está em alta de 3,19% no mês. No ano, acumula uma valorização de 10,27%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Automob (AMOB3), Suzano (SUZB3) e Azul (AZUL4).
Automob (AMOB3): -6,25%, R$ 0,3
As ações da Automob (AMOB3) registraram a principal queda do Ibovespa hoje e tombaram 6,25% a R$ 0,3. Os papéis da companhia realizaram os lucros da véspera, quando haviam saltado mais de 3% no pregão.
A AMOB3 está em baixa de 3,23% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 11,76%.
Suzano (SUZB3): -4,05%, R$ 59,92
Na lista de maiores baixas, estiveram as ações da Suzano (SUZB3), que cederam 4,05% a R$ 59,92. Ao Broadcast, Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, explicou que, além da depreciação do dólar, a correção para baixo no preço da celulose também afeta os papéis do setor.
A SUZB3 está em baixa de 3,93% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 3,01%.
Azul (AZUL4): -3,92%, R$ 4,17
Entre os destaques negativos do Ibovespa hoje, também estiveram as ações da Azul (AZUL4), que recuaram 3,92% a R$ 4,17, estendendo as perdas da véspera, quando já haviam tombado 5,65%.
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A AZUL4 está em baixa de 9,35% no mês. No ano, acumula uma valorização de 17,8%.
*Com Estadão Conteúdo