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![Para a Vale (VALE3), uma das principais fornecedoras das siderúrgicas chinesas, ainda há incertezas. Foto: AdobeStock](https://einvestidor.estadao.com.br/wp-content/uploads/2025/02/adobestock-1194735463-editorial-use-only2_110220255924.jpg-710x473.webp)
A imposição de tarifas de 25% sobre as exportações de aço e alumínio aos EUA reflete a estratégia de Donald Trump em conter a influência da China no comércio global, especialmente no setor siderúrgico, onde o país asiático lidera a produção mundial. Para a Vale (VALE3), uma das principais fornecedoras das siderúrgicas chinesas, ainda há incertezas sobre os impactos na demanda por minério de ferro, principal insumo do aço.
Por outro lado, indústrias que utilizam aço e alumínio em larga escala, como montadoras, fabricantes de máquinas e o setor de infraestrutura, podem sentir o impacto do encarecimento da matéria-prima.
Esse cenário de instabilidade tem pressionado os papéis da Vale, que atualmente operam em mínimas históricas em relação ao lucro e ao valor patrimonial. “Está muito barata”, considera Luiz Fernando Araújo da Finacap. Nos últimos cinco anos a Vale manteve uma média de 8 vezes sua relação de Preço / Lucro (P/L), contra as atuais 5,17 vezes. Na comparação de preço e valor patrimonial (P/VP) a relação é de 1,9 vezes contra os atuais 1,15x.
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Esses múltiplos são usados para fazer comparação. O P/L indica quantos anos de lucro a empresa levaria para “pagar” seu preço de mercado. Já o P/VP compara o preço da ação com o valor contábil da empresa, mostrando se está cara ou barata
Preço do minério não reflete perda
A medida a ser imposta por Trump não impacta apenas a Vale, mas todo o setor de mineração. No entanto, a companhia tem uma vantagem competitiva: seu baixo custo de produção e a alta qualidade do minério, fatores que podem mitigar os efeitos da turbulência no mercado. “Então ela está bem posicionada para sobreviver a um período de preços mais baixos do minério de ferro”, avalia Araújo.
Por outro lado, o minério tem se mantido próximo aos US$ 100 a tonelada e, por enquanto, a sua cotação ainda não refletiu perda de valor, mesmo com as incertezas da nova política comercial dos Estados Unidos
Patrick Buss, operador de renda variável da Manchester Investimentos, pondera que, para a Vale, o impacto é pequeno, pois a China não é um grande exportador de aço para os EUA. “Entretanto, se o país reduzir sua produção de aço, a demanda por minério pode cair, podendo pressionar preços”.
Outros setores produtivos
Já setores que dependem de aço e alumínio, como montadoras, fabricantes de máquinas e infraestrutura, podem enfrentar custos mais altos de matéria-prima, pressionando margens no curto prazo. “Se as tarifas forem mantidas, essas empresas devem buscar repassar os custos aos clientes, o que pode impactar suas ações temporariamente, mas diluir o efeito ao longo dos trimestres”, opina Victor Bueno, analista da Nord Investimentos.
Neste caso, são indústrias como montadoras, fabricantes de máquinas e de infraestrutura. “Todas elas podem sentir o impacto dessa medida devido ao aumento de custos ou à limitação na oferta”, comenta Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos.
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Gustavo Valente, CEO da Sinergy Advisors lembra que caso a decisão de Trump resulte em um aperto na oferta de aço ou elevação dos preços, esses setores poderão ver seus custos de produção subirem, o que pode afetar diretamente a margem e competitividade. Isso num momento em que os mercados estão sensíveis para o repasse de preços ao consumidor. “Em projetos de infraestrutura que costumam demandar grandes quantidades de aço, o ritmo de investimentos tende a ser impactado, afetando a execução de obras e a realização de novos projetos”, diz.