

Se nos últimos anos, a Vale (VALE3) despontou no retorno em dividendos, o jogo pode mudar em 2025. Entre as projeções dos analistas consultados, o dividend yield esperado para o Banco do Brasil (BBAS3) neste ano vai de 7% até 11%, enquanto na Vale, o retorno com proventos projetado para 2025 fica entre 7,8% e 9%.
Veja abaixo estimativas e recomendações:
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Boa parte dos analistas consultados pelo E-investidor não enxerga dividendos extraordinários para Vale ou Banco do Brasil. A expectativa é por distribuições sólidas em 2025, mas dentro dos parâmetros esperados.
Mas há algumas opiniões que fogem da curva. Renato Reis, analista da Blue3 Research, acredita que o Banco do Brasil está fazendo uma provisão muito elevada para a inadimplência no agronegócio e se o setor melhorar rápido, esse excesso de provisões poderia virar dividendo extraordinário.
Já Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, está mais esperançoso com a Vale e acredita que se o preço do minério de ferro superar os US$ 100 a tonelada e encostar nos US$ 110 este ano, teriamos um panorama mais favorável para proventos extraordinários. Atualmente, os contratos futuros de minério para maio, estão negociados no patamar de US$ 110,87.
O próprio CFO da Vale, Marcelo Bacci, já manifestou publicamente que dividendos extraordinários e recompras de ações estarão condicionados a dívida líquida expandida. Atualmente, a meta da mineradora é manter essa dívida entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões. O patamar atual é de R$ 16,5 bilhões.
Vale a pena investir em BBAS3 agora?
A maioria das recomendações para o Banco do Brasil é de compra em 2025. Regis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, destaca que as principais vantagens de investir em BBAS3 são a gestão sólida da instituição, payout robusto, consistência no pagamento de dividendos e forte desempenho do agronegócio, com safra recorde prevista para este ano. Além disso, os juros altos podem contribuir com o crescimento da margem financeira do banco.
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Por outro lado, Chinchila adverte que com a Selic elevada, pode ocorrer uma desaceleração no crescimento da carteira de crédito, principalmente no agronegócio, e a rentabilidade do banco ser pressionada pela inadimplência.
A gestão do Banco do Brasil já manifestou recentemente que seu objetivo será fortalecer a carteira de crédito para pessoas físicas, com o crédito consignado privado e o consignado público, além de cartões de crédito. Para o agronegócio, o banco estatal espera um estabilização da inadimplência a partir do segundo semestre de 2025.
Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, aconselha o investidor a ficar atento com o comportamento da taxa Selic, e como o banco vai reagir a esse desafio. Se os juros continuarem avançando, o payout pode acabar ficando mais próximo dos 40%, ao invés dos 45%. A gestão do Banco do Brasil já manifestou também que não vê o payout indo além dos 45% nos próximos dois anos.
Vale a pena investir em VALE3 agora?
As recomendações para Vale são mistas, entre comprar e manter o papel. Para Bueno, da Nord, a mineradora é uma das melhores do setor e vem investindo forte em aumentar sua produção e eficiência operacional. “Os resultados estão resilientes, apesar do prejuízo do 4° trimestre, mas mesmo assim a mineradora manteve bons pagamentos de dividendos”, observa.
O analista acredita que as ações VALE3 estão muito baratas, negociando a cerca de 8,10 vezes preço sobre lucro (P/L), o que garante boa valorização e dividend yield elevado.
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Reis, da Blue3 Research, é mais cético e gostaria de comprar VALE3 abaixo dos R$ 45, mas admite que para isso seria necessário uma queda no preço do minério de ferro, que desvalorize o preço da ação.
Entre os riscos de investir na companhia, Reis cita a dependência da China e do minério. O segundo seria a existência ainda de algumas barragens de alto risco, entre elas uma de nível 3. “Se tiver mais um problema com barragem, a multa seria maior para a Vale, mas isso poderia travar licença de exploração de novas minas”, comenta.
A Vale já afirmou que pretende remover a última barragem em nível 3 de emergência em 2025 e se mostrou confiante com a China.