

O Ibovespa hoje passou por um pregão de grandes reviravoltas. Após atingir máxima a 127.651,60 pontos pela manhã, com valorização de 1,6%, o principal índice da B3 reverteu o movimento de alta durante a tarde e terminou esta terça-feira (8) em queda de 1,32% aos 123.931,89 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,6 bilhões. Esse foi o menor nível de encerramento do Ibov desde o dia 12 de março, então a 123.863,50 pontos.
A virada do índice ocorreu na esteira da confirmação de que os Estados Unidos irão aplicar taxas adicionais de 50% sobre a China, totalizando 104% em sobretaxas para o país asiático. A informação foi dada pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. “O presidente quer fazer um acordo com a China, mas não sabe como começar”, disse Leavitt em entrevista coletiva nesta terça-feira. “Se a China fizer um acordo, o presidente ficará afável”, acrescentou.
Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, ressalta que o anúncio gerou um maior pessimismo nos investidores, impactando diretamente o desempenho do Ibovespa. “O temor é por uma possível escalada mais forte entre Estados Unidos e China na guerra comercial envolvendo as tarifas. Isso causa mais volatilidade ao mercado, mais pânico, e faz com que as Bolsas reajam de forma negativa”, destaca.
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Com o anúncio, o clima também pesou sobre o câmbio. O dólar hoje chegou a atingir máxima a R$ 6,0054, fechando o dia em alta de 1,48% a R$ 5,9979. A moeda americana não ultrapassava o patamar de R$ 6 desde o pregão do dia 22 de janeiro. “O dólar perdeu valor frente às principais moedas do mundo, mas ganhou força em relação às divisas de países da América Latina. Isso mostra uma tendência de alocação de recursos em economias mais fortes, o que ocorre em meio a sinais de incertezas no mercado”, pontua Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o cenário de guerra comercial entre China e EUA representa um risco significativo para o Brasil. “O real reagiu de forma adversa, refletindo a elevada exposição da economia brasileira à chinesa, em função do intenso comércio bilateral. Além disso, a China é o maior comprador global de commodities e grande parte das exportações brasileiras é direcionada ao país asiático, portanto qualquer sinal de enfraquecimento na economia chinesa é negativo para nossa pauta de exportação”, reforça.
Para Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, os próximos pregões devem continuar apresentando oscilações. “Na minha opinião, devemos continuar vendo muita volatilidade nos dias que se seguem, com o Ibovespa subindo ou caindo – várias vezes em um mesmo dia, inclusive – de acordo com novas falas de Trump”, reflete.
O analista acredita que, nesse momento de forte instabilidade nos mercados, o ideal é que o investidor não entre em desespero com as quedas das ações. Se a pessoa aplicar em setores consolidados, tiver margem para negociar e perfil arrojado, pode comprar papéis que estão baratos. “Para quem é mais arrojado, vale aproveitar ações baratas de setores robustos e não pensar em se desfazer de papéis agora por causa de uma desvalorização ocasionada pelo mercado irracional. É importante que o investidor tenha resiliência e aguarde por novidades sem decisões impulsivas”, aconselha.
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Entre as ações de maior peso para a carteira do Ibovespa, os papéis da Vale (VALE3) fecharam o dia em queda de 5,48% a R$ 49,20, acompanhando o desempenho negativo do minério de ferro, que chegou a recuar mais de 3% na Bolsa chinesa de Dalian. Os ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) também sofreram com as perdas do petróleo: enquanto os ordinários (PETR3) cederam 3,20%, os preferenciais (PETR4) registraram baixa de 3,56%.
” VALE3 está refletindo as incertezas da China. Acho que agora o país asiático deve revidar, anunciando diversos pacotes para tentar fortalecer a sua economia”, avalia Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. “Mas o que vai ditar a dinâmica nos próximos dias é essa disputa entre China e Estados Unidos em relação às tarifas e às retaliações”, acrescenta.
No exterior, as Bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta terça. O mesmo ocorreu com os índices europeus. Já em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram 1,57%, 0,84% e 2,15%, respectivamente, com o anúncio das tarifas de 104% sobre a China. O VIX, que mede a volatilidade do mercado e é conhecido como “termômetro do medo” em Wall Street, saltou 11,39%, a 52,33 pontos.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram CPFL (CPFE3), LWSA (LWSA3) e Caixa Seguridade (CXSE3).
CPFL (CPFE3): 3,39%, R$ 38,7
As ações da CPFL (CPFE3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, subindo 3,39% a R$ 38,7. Os papéis regiram à notícia de que a CPFL Paulista poderá pagar à CPFL Brasil um montante de R$ 4,68 bilhões, nas contas da Advocacia-Geral da União (AGU), após decisão judicial favorável.
A CPFE3 está em alta de 2,65% no mês. No ano, acumula uma valorização de 22,51%.
LWSA (LWSA3): 2,67%, R$ 2,69
Outro destaque positivo foi a LWSA (LWSA3), antiga Locaweb, que avançou 2,67% a R$ 2,69. Nenhuma notícia específica sobre a companhia foi monitorada pelos investidores no pregão.
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A LWSA3 está em alta de 0,75% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 18,98%.
Caixa Seguridade (CXSE3): 2,58%, R$ 15,13
Quem também se saiu bem foi a Caixa Seguridade (CXSE3), que registrou valorização de 2,58% a R$ 15,13. O UBS BB elevou a recomendação das ações da companhia para compra com preço-alvo de R$ 18.
A CXSE3 está em alta de 1,48% no mês. No ano, acumula uma valorização de 8,54%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Magazine Luiza (MGLU3), Cosan (CSAN3) e CSN (CSNA3).
Magazine Luiza (MGLU3): -13,41%, R$ 8,78
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) lideraram as perdas do Ibovespa hoje e registraram baixa de 13,41% a R$ 8,78. O Citi rebaixou a recomendação da varejista para venda/alto risco e cortou o preço-alvo de R$ 8 para R$ 7,7.
A MGLU3 está em baixa de 13,5% no mês. No ano, acumula uma valorização de 35,08%.
Cosan (CSAN3): -5,99%, R$ 6,59
Na lista de principais baixas do dia, também estiveram as ações da Cosan (CSAN3), que cederam 5,99% a R$ 6,59.
A CSAN3 está em baixa de 10,83% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 19,24%.
CSN (CSNA3): -5,7%, R$ 7,77
Para completar o destaque negativo do Ibovespa hoje, as ações da CSN (CSNA3) recuaram 5,7% a R$ 7,77 pressionadas pelas incertezas em relação à economia chinesa.
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A CSNA3 está em baixa de 17,95% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 12,3%.
*Com Estadão Conteúdo