

A alta das taxas de juros de 2024 facilitou para que os fundos de investimento ligados à renda fixa tivessem resultados melhores em relação a seus benchmarks. Apenas 28,7% e 30,7% dos produtos que investem em dívida corporativa (crédito privado) e dívida pública, respectivamente, não superaram o índice de referência no ano. Na renda variável, os fundos foram bem pior.
As conclusões são do Scorecard SPIVA da América Latina, divulgado pela S&P Global nesta quarta-feira (9). O SPIVA é um estudo semestral que analisa o desempenho dos fundos de investimentos de diferentes categorias contra seus respectivos benchmarks. Publicado desde 2002, a proposta é debater se a gestão ativa consegue superar a passiva – mas tem mostrado um histórico que joga contra os gestores de fundos pelo mundo.
O desempenho do mercado brasileiro não é uma exceção. O Scorecard SPIVA Global concluiu que gestores do mundo inteiro enfrentaram desafios de performance em 2024. Somente duas classes na América Latina conseguiram se destacar: gestores de renda variável no México e de títulos de dívida no Brasil tiveram um desempenho melhor do que a maioria, mostra o estudo.
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Na renda variável, os fundos brasileiros tiveram mais dificuldade para entregar um retorno melhor do que o S&P Brazil BMI, índice da casa utilizado como referência para o mercado de ações brasileiras. Em 2024, o indicador caiu 8,0% – em temos comparativos, o Ibovespa caiu 10,36%. 83,1% dos fundos não bateram o desempenho.
No acumulado do ano passado, o segmento de renda variável que teve melhor performance foi o mid/small caps. 58,0% dos ativos perderam para o S&P Brazil MidSmallCap. 84,7% dos fundos large cap ficaram abaixo do respectivo benchmarks.
Janela de longo prazo é pior
A nova edição do SPIVA mostra que todas as categorias de fundos no México, Brasil e Chile perderam para o benchmark no horizonte de 10 anos.
Olhando para os retornos absolutos, 93,09% dos fundos brasileiros de renda variável ficaram abaixo do índice de referência na década, contra 79,07% dos fundos large cap e 85,90% dos mid/small caps. Os fundos de renda fixa, que apresentaram melhor desempenho em janelas mais curtas, também perdem em 10 anos: 92,96% dos ativos de título de dívida corporativa perdem para o benchmark, assim como 94,27% dos voltados a títulos de dívida pública.
A sobrevivência dos fundos também diminui consideravelmente no longo prazo. Em 1 ano, 92,76% dos produtos de renda variável no Brasil sobreviveram; em 3 anos; são 77,16%, em 10, 35,64%. A mortandade é ainda maior na renda fixa, com destaque especial para os fundos que compram títulos de dívida corporativa. Desses, apenas 19,72% sobreviveram na última década.
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