

Com a meta de ter 10% de sua produção de minério de ferro oriunda de reaproveitamento de resíduos da mineração até 2030, a mineradora Vale (VALE3) vai investir R$ 6 milhões para desenvolver soluções de mineração circular em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A iniciativa se junta a outras já em curso – em 2024, a Vale produziu 12,7 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro provenientes do reaproveitamento de estéreis e rejeitos.
Com o reaproveitamento de rejeitos, a Vale consegue reduzir a necessidade de barragens e de pilhas de estéril e rejeitos, com ganhos ambientais, financeiros e sociais, afirmou Rafael Bittar, vice-presidente Técnico da Vale, em entrevista ao Broadcast.
O investimento inicial de R$ 6 milhões será usado na criação do Colab de Mineração Circular, em parceria com a UFMG para identificação, incubação e aceleração de soluções. A parceria foi assinada nesta terça-feira (15) pelo presidente da companhia, Gustavo Pimenta, e o vice-reitor da universidade, Alessandro Moreira.
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Agora, a Vale e a UFMG vão prospectar parceiros – empresas, universidades, empreendedores, governos, fundos de investimento e comunidades – para desenvolver novos negócios em mineração circular.
“Focamos em tecnologias para reduzir a geração de estéril e para reaproveitar o que já foi empilhado”, diz Rafael Bitter. “A nossa ambição é ser ‘zero rejeito’ num futuro próximo. Hoje cerca de 70% de nossa produção não gera rejeito.”
O desenvolvimento de tecnologias para a mineração circular se insere nos investimentos da Vale em pesquisa e desenvolvimento, que no ano passado somaram US$ 790 milhões.
Vantagem de custos
A mineradora já tem um programa de mineração circular com mais de cem iniciativas para reduzir a geração de novos rejeitos e para melhor aproveitamento dos recursos minerais. Isto é feito maximizando a extração de minério de pilhas de rejeitos e de barragens e reintroduzindo os resíduos no ciclo produtivo. A Vale também usa resíduos como insumos de coprodutos, como areia.
“O custo de extração de minério de pilhas, um material já processado, é menor do que o custo de extrair na mina”, comenta Bittar.
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De acordo com a empresa, no ano passado, as atividades do programa de mineração circular permitiram a redução de 23 mil toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde à emissão de 14 mil carros populares por ano. “Tivemos resultados promissores em 2024, provando que é possível unir produção de alta qualidade com práticas cada vez mais sustentáveis”, disse Bittar.
Uma das atividades do programa de mineração circular já em curso recupera minério de ferro de rejeitos depositados na barragem do Gelado, em Carajás, no Pará. A expectativa é reaproveitar 138 milhões de toneladas de rejeitos de minério até 2035. O material é convertido em produção de pellet feed (minério concentrado e fino) de alta qualidade.
Outra iniciativa foi a criação de uma empresa, a Agera, para desenvolver o negócio de areia produzida a partir do tratamento de rejeitos. Em menos de dois anos, a empresa comercializou mais de dois milhões de toneladas do material. A Vale também possui uma fábrica de blocos na mina do Pico, em Itabirito (MG), que transforma rejeitos da mineração em blocos para construção civil. O material é usado em obras da companhia e doado para projetos sociais.