

As ações da JBS (JBSS3) disparam no pregão desta quarta-feira (23) após a companhia comunicar ao mercado que obteve aval positivo da SEC, órgão dos Estados Unidos correspondente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira, para o registro de suas ações na dupla listagem. A companhia também convocou assembleia geral dos acionistas para votar a abertura de capital nos EUA. Analistas do mercado financeiro enxergam esse novo episódio como muito positivo para a empresa e recomendam compra para a ação.
No fechamento, as ações da JBS subiram 6,38%, a R$ 47,34, com a máxima no dia a R$ 47,97. O Ibovespa encerrou o dia com alta de 1,34%, aos 132.216,07 pontos.
Segundo fato relevante, a JBS N.V. já solicitou registro como emissora estrangeira junto à CVM, à B3 e à SEC, nos EUA. A proposta de estrutura prevê três tipos de ações:
- Class A, com direito a um voto por ação e negociadas na NYSE, a bolsa de Nova York;
- Class B, com dez votos por ação e não negociadas em bolsa de valores;
- Conversion Shares, criadas exclusivamente para viabilizar a conversão entre os dois tipos anteriores.
Os acionistas minoritários poderão converter as suas ações Classe A em Classe B até o fim de 2026, em limites que preservem o free float (parcela das ações de uma empresa em livre negociação na bolsa) mínimo de 20% na NYSE. Já os acionistas controladores, via a holding LuxCo, poderão realizar essa conversão a qualquer momento dentro do mesmo prazo.
Por que a listagem da JBS nos EUA é positiva?
Para os analistas da XP Investimentos, a dupla listagem da JBS é positiva para a empresa pelo fato de a companhia ser negociada com desconto significativo em relação aos pares. “Estimamos um gap de valuation (valor de mercado) de 30% a 40% para a Tyson. Além disso, a dupla listagem deve diminuir estruturalmente o custo de capital da companhia e fortalecer ainda mais a governança corporativa”, dizem Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, que assinam o relatório da XP.
Os analistas do Goldman Sachs dizem que a empresa tende a ser melhor que os pares globais e, por isso, a listagem nos EUA pode destravar valor na companhia. Para eles, origem e o mix de produtos são fatore-chaves de diferenciação entre os players globais de proteína e a JBS, pois suavizam o impacto dos ciclos individuais de cada operação.
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“Acreditamos que a JBS possui um dos mixes de negócios mais fortes do mundo, estando presente e relevante nos mercados de proteína mais importantes: carne bovina dos EUA, frango dos EUA, carne suína dos EUA, carne bovina do Brasil, frango do Brasil, carne suína do Brasil e carne bovina da Austrália por meio de um mix crescente de produtos de marca e de valor agregado”, explicam Thiago Bortoluci e Nicolas Sussmann, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
Ou seja, os analistas reforçam a tese da XP de que o papel está descontado em relação aos pares e explicam os motivos para o negócio valer mais do que ele está precificado hoje. A equipe do BTG Pactual diz que além de ser negociada a múltiplos mais elevados, a listagem da JBS nos EUA e a adoção de diferentes classes de ações oferecerão à JBS um “poder de fogo sem precedentes para impulsionar o crescimento”.
Eles comentam que o fato de a empresa ter capacidade de emitir novas ações sem comprometer o poder de controle de seus acionistas controladores, aliada a um patrimônio líquido previsivelmente mais valioso, provavelmente permitirá que ela alcance objetivos muito mais ambiciosos.
“A JBS foi construída com base em um ciclo agressivo e ambicioso de fusões e aquisições, combinando dívida e patrimônio líquido. Ela já se tornou a maior e mais diversificada empresa de alimentos do mundo. Após a listagem nos EUA, esperamos que essa agenda se intensifique e abranja uma escala e ambição totalmente novas. Os investidores devem enxergar a JBS como uma jogada de crescimento séria”, argumentam Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris, que assinam o relatório do BTG.
Investidor deve comprar as ações da JBS?
Mesmo após a ação ter disparado mais de 34% após o anúncio da listagem, os analistas dizem que ainda vale a pena entrar no papel. A XP tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 50 para o fim de 2025, uma potencial alta de 12,35% na comparação com o fechamento de terça-feira (22), quando a ação encerrou o pregão a R$ 44,50.
O Goldman Sachs tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 50,50 para a ação JBSS3. O número equivale a uma potencial alta de 13,5% em relação ao fechamento de terça-feira. O BTG recomenda compra com preço-alvo de R$ 48,00, avanço de 7,9% em relação ao fechamento de terça-feira.
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“Parece irracional acreditar que uma ação da JBS (JBSS3) listada nos EUA não possa ser negociada pelo menos no mesmo patamar que os demais concorrentes globais, ainda mais no médio prazo”, conclui a equipe do BTG Pactual em relatório publicado nesta terça-feira (22).