Mesmo com o desempenho fraco na sessão, o Ibov acumulou ganhos de 3,69% em abril, ampliando a valorização em 2025 para 12,29%. No mês, o índice também chegou a alcançar a sua máxima do ano, aos 136.149,74 pontos, na terça-feira (29).
Nesta quarta-feira, o mercado monitorou a divulgação da primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que recuou ao ritmo anualizado de 0,3% no primeiro trimestre de 2025. As expectativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast variavam de recuo de 1,4% e alta de 1,7%, com mediana de 0,1%.
Para Andressa Durão, economista do ASA, o resultado reflete o movimento das empresas e consumidores antes dos efeitos das tarifas de Donald Trump. “O dado confirma que as companhias aumentaram bem suas importações, antecipando efeitos das tarifas, aguardando por uma demanda futura. Esperamos que a incerteza elevada comece a impactar a economia de forma relevante no segundo trimestre, restringindo os investimentos e os gastos do consumidor, levando a novo PIB trimestral negativo”, afirma.
Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos recuou 0,1% em março ante fevereiro, informou o Departamento do Comércio do país. Na comparação anual, houve alta de 2,3%. Analistas ouvidos pela FactSet previam estabilidade na taxa mensal e avanço de 2,5% na anual.
Na China, o destaque ficou com o índice de gerentes de compras (PMI) industrial, que caiu de 50,5, em março, para 49 na leitura de abril, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas do país (NBS). Economistas consultados pela FactSet esperavam recuo menor, para 49,7. O indicador abaixo de 50 pontos indica que a atividade econômica do país asiático entrou em campo de retração.
“Esses dados reforçam as preocupações em torno da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, que continua a gerar incertezas nos mercados globais. A falta de progressos concretos nas negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo mantém os investidores cautelosos”, destaca Marcelo Farias, head de renda variável da OnField Investimentos.
No caso brasileiro, o Ibovespa também foi pressionado pelo desempenho negativo das ações ligadas a commodities, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR;PETR4), que reagiram à queda nos preços do minério de ferro e do petróleo. A mineradora recuou 1,82%. Já os ativos ordinários da petroleira (PETR3) cederam 1,54% e os preferenciais (PETR4), 1,87%.
Em Nova York, S&P 500 e Dow Jones subiram 0,15% e 0,35%, respectivamente, enquanto o Nasdaq caiu 0,09%. Dentre os destaques corporativos, a Super Micro Computer (SMCI) caiu 13,4% após revisar para baixo suas projeções de receita, puxando junto a Nvidia (NVDA), que recuou 0,09%. Já a Tesla (TSLA) caiu 3,38% após seis sessões consecutivas de alta.
No mercado de câmbio, o dólar hoje fechou em alta de 0,82% a R$ 5,6766. “No âmbito doméstico, fatores técnicos como a formação da Ptax de fim de mês intensificou as rolagens de contratos futuros no mercado local, com predominância de posições compradas após sequência de quedas”, explica Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram IRB (IRBR3), CPFL (CPFE3) e Santander (SANB11).
IRB (IRBR3): 5,31%, R$ 47,83
As ações do IRB (IRBR3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, subindo 5,31% a R$ 47,83. O movimento é de correção, já que no início da semana os papéis chegaram a cair 5,37%.
A IRBR3 está em baixa de 6,69% no mês. No ano, acumula uma valorização de 12,67%.
CPFL (CPFE3): 5,21%, R$ 38,19
Entre os destaques positivos, também estiveram as ações da CPFL (CPFE3), que avançaram 5,21% a R$ 38,19. A CPFL Energia e a CPFL Geração informaram na terça-feira (29) que foi aprovada, em Assembleia Geral Extraordinária de ambas, a cisão parcial da CPFL Geração, com a incorporação do acervo cindido pela CPFL Energia. Essa operação tem como objetivo simplificar a estrutura societária e operacional do grupo, reduzindo os níveis de consolidação e os custos a eles relacionados.
A CPFE3 está em alta de 1,3% no mês. No ano, acumula uma valorização de 20,89%.
Santander (SANB11): 3,94%, R$ 29,52
Quem também se saiu bem foi o Santander (SANB11), que subiu 3,94% a R$ 29,52. O banco teve lucro líquido gerencial, que desconsidera o ágio de aquisições, de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 27,8% no comparativo anual.
A SANB11 está em alta de 11,9% no mês. No ano, acumula uma valorização de 27,24%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Azul (AZUL4), Weg (WEGE3) e GPA (PCAR3).
Azul (AZUL4): -15,52%, R$ 1,47
As ações da Azul (AZUL4) sofreram a maior queda do Ibovespa hoje, encerrando o pregão com um tombo de 15,52% a R$ 1,47. Na véspera, os papéis já haviam liderado as perdas do índice ao caírem 10,77%.
A AZUL4 está em baixa de 55,32% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 58,47%.
Weg (WEGE3): -11,55%, R$ 44,64
Entre os destaques negativos, estiveram os papéis da Weg (WEGE3), que cederam 11,55% a R$ 44,64. Para analistas, o grande problema do balanço do primeiro trimestre da empresa foi a piora no mix de vendas, com maior peso de segmentos de ciclo curto, como o de energia solar, que tem margens mais baixas.
A WEGE3 está em baixa de 1,41% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,74%.
GPA (PCAR3): -7,84%, R$ 4,23
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, figuraram ainda as ações do GPA (PCAR3), que derreteram 7,84% a R$ 4,23, em realização de lucros, após dispararem 8% na véspera.
A PCAR3 está em alta de 36,89% no mês. No ano, acumula uma valorização de 65,88%.
*Com Estadão Conteúdo