Ações da Azul desabam na contramão do lucro milionário do primeiro trimestre de 2025. (Foto: Adobe Stock)
As ações da Azul (AZUL4) enfrentaram fortes perdas na sessão desta quarta-feira (14) após a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025. No fechamento, os papéis cederam 16,08%, a R$ 1,20, liderando perdas do Ibovespahoje e também no acumulado de 2025 (recuo de 66,10%).
Nesta manhã, a empresa aérea reportou lucro líquido de R$ 783,1 milhões no primeiro trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 1,1 bilhão em igual intervalo de 2024. No critério ajustado, houve prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão, ampliando a cifra também negativa de R$ 324,2 milhões registrada um ano antes.
Apesar do lucro da Azul, o CEO da companhia aérea, John Rodgerson, afirmou que a “operação no trimestre foi severamente impactada por fatores macroeconômicos”, em mensagem anexada ao release de resultados.
O executivo destacou a alta anual de 8% no custo operacional de assento disponível por quilômetro (CASK, na sigla em inglês), que reflete a desvalorização média de 18% do real brasileiro em relação ao dólar americano, inflação de 5,5% nos últimos 12 meses e aumento de 3% nos preços dos combustíveis– saiba mais aqui.
Azul (AZUL4) lidera perdas do Ibovespa após balanço
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Nesse contexto, os ativos da Azul (AZUL4) lideram perdas do Ibovespa no ano, enquanto as ações da Gol chegaram a derreter 25% em um único pregão, na última sexta-feira (9). Para analistas, é difícil visualizar um cenário de recuperação para as empresas – saiba mais nesta reportagem do E-Investidor.
Mercado vê balanço com preocupação
O JPMorgan considerou “decepcionantes” os resultados da Azul no primeiro trimestre de 2025, ficando abaixo das estimativas do banco. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) de R$ 1,38 bilhão veio 19% menor que o esperado. Além disso, na visão do banco, outro indicador que apresentou desempenho ruim foi o custo operacional por assento disponível por quilômetro (CASK), sem considerar combustível, que superou em 9% o estimado.
Os analistas Guilherme Mendes e Julia Orsi, do JPMorgan, também chamam a atenção para a queda trimestral da liquidez imediata de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,3 bilhões. “Esperamos uma reação negativa do mercado, com pressão contínua decorrente do plano de gestão de passivos da Azul e a previsão de uma diluição substancial de capital superior a 80%”, diz a dupla.
Para o BTG Pactual, os resultados operacionais foram satisfatórios, mas a alavancagem seguiu sendo preocupação, no patamar de 5,2x dívida líquida/EBITDA. “Para os próximos trimestres, recomendamos que os investidores continuem monitorando a alavancagem e gestão de passivos, os custos e a evolução da combinação de negócios com a Gol. Mantemos nossa recomendação neutra para o ativo”, diz o banco.
Já o Goldman Sachs, assim como o JPMorgan, enxerga que o CASK foi o destaque negativo, devido a um aumento temporário de operações irregulares, causado por problemas de desempenho de fabricantes de aeronaves (OEMs) e questões na cadeia de suprimentos, o que levou a um aumento nas ações judiciais e nos custos com passageiros, como hotel, alimentação e transporte.
O Goldman manteve recomendação neutra para Azul, com preço-alvo de R$ 4,60. O banco, no entanto, tem preferência por Copa (CPA) e Latam (LTM) dentro de sua cobertura.