A melhora nas vendas da Casas Bahia (BHIA3) no primeiro trimestre desse ano não foi suficiente para aliviar a preocupação do BTG Pactual (BPAC11) com a saúde financeira da companhia. Por isso, o banco reiterou a recomendação neutra e destacou os impactos negativos do alto custo da dívida no balanço.
Embora a receita bruta tenha superado em 2% as estimativas do banco e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado tenha crescido 47% na comparação anual, o prejuízo líquido ajustado avançou para R$ 408 milhões, pressionado pelos elevados encargos financeiros.
“Os números operacionais melhoraram, com margem bruta mais saudável e iniciativas de corte de custos, mas o resultado final continua pressionado pela estrutura de capital e pelo ambiente de juros elevados”, afirmaram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima.
O volume bruto de mercadorias (GMV) consolidado cresceu 10% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo os profissionais, o crescimento de 15% do GMV do marketplace (3P) está alinhado à estratégia da companhia de migrar produtos menos rentáveis do canal de venda direta (1P) para o modelo de terceiros.
Contudo, o banco entende que os resultados positivos não foram suficientes para compensar o impacto financeiro. As despesas líquidas com juros somaram R$ 922 milhões no trimestre, quase o dobro dos R$ 486 milhões registrados um ano antes. Como consequência, a geração de caixa livre (após capex e arrendamentos) foi negativa em R$ 322 milhões.
O BTG também ressaltou o aumento da dívida líquida da empresa, que chegou a R$ 3,4 bilhões, frente aos R$ 2,9 bilhões de um ano antes, e alertou para a necessidade de avanços na reestruturação da estrutura de capital como passo essencial para uma recuperação mais consistente.
“Apesar da tendência positiva no top line [receita] e das melhorias operacionais, o cenário de curto prazo permanece desafiador”, afirmaram os analistas.
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O preço-alvo para as ações da Casas Bahia é de R$ 3, o que representa um potencial de desvalorização de 40,9% frente ao fechamento da última quarta-feira (14).