O mercado acompanhou a participação de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, em conferência do Goldman Sachs, em São Paulo. Durante o evento, Galípolo, disse que a desancoragem das expectativas de inflação justifica a manutenção dos juros em terreno restritivo por período mais prolongado do que o normal.
“Achamos que isso é absolutamente natural e temos reforçado que, com as expectativas desancoradas, no cenário que temos assistido, e até com o histórico mais recente, faz sentido permanecer com essas taxas de juros no patamar restritivo por um tempo mais prolongado do que usualmente se costuma praticar”, declarou.
As falas ajudaram o IBOV a atingir sua máxima histórica. Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, reflete que os ativos locais têm mostrado bom desempenho. “O movimento sinaliza uma expectativa positiva para a semana, especialmente se a curva de juros continuar em queda. Ainda assim, é necessário acompanhar eventuais anúncios de políticas fiscais por parte do governo, que podem trazer volatilidade e pressionar a curva”, afirma.
Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, destaca que o recuo dos juros futuros ajudou o setor de varejo. Com isso, ações do Ibovespa como Natura (NTCO3), Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3) subiram. “Por outro lado, entre as quedas, esteve o Banco do Brasil (BBAS3), com investidores ainda se desfazendo das ações após o banco apresentar um balanço bem abaixo das expectativas. Os papéis de Vale (VALE3) também recuaram acompanhando a queda do minério de ferro”, ressalta.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq avançaram 0,09%, 0,32% e 0,02%, respectivamente. Na última sexta-feira (16), a Moody’s rebaixou os ratings de emissor de longo prazo e sênior sem garantia dos Estados Unidos de ‘Aaa’ para ‘Aa1’ e alterou a perspectiva de negativa para estável.
Rodrigo Aloi, chefe de pesquisa e estratégia da HMC Capital, enxerga, no entanto, que o impacto estrutural da decisão da Moody’s sobre a tese de investimento nos Estados Unidos é bastante “limitado”. Ele explica que, ao contrário da maioria dos países, os EUA emitem e pagam suas dívidas na própria moeda, o dólar, que por sua vez é a principal divisa de reserva global. “Isso significa que o risco de calote técnico, comum em países que se endividam em moeda estrangeira, simplesmente não se aplica da mesma forma. Quando o governo americano gasta mais do que arrecada, o efeito prático é a injeção de mais dólares na economia – o que, em um cenário de superaquecimento como o atual, pressiona a inflação, mas não coloca em xeque sua capacidade de pagamento”, diz.
O dólar hoje fechou em queda de 0,25% a R$ 5,6552 no mercado doméstico de câmbio. “A sessão foi marcada pela fraqueza do dólar no exterior o que beneficiou o real, que também encontrou suporte em falas do presidente do Banco Central sobre responsabilidade fiscal e manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo”, explica Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram JBS (JBSS3), Embraer (EMBR3) e Lojas Renner (LREN3).
JBS (JBSS3): 3,06%, R$ 40,09
Em meio à repercussão dos casos de gripe aviária no País, as ações da JBS (JBSS3), menos impactadas pelo surto, segundo analistas, subiram 3,06% a R$ 40,09 e lideraram os ganhos do Ibovespa hoje.
A JBSS3 está em baixa de 9,05% no mês. No ano, acumula uma valorização de 15,47%.
Embraer (EMBR3): 2,76%, R$ 70,65
Quem também se saiu bem foi a Embraer (EMBR3), que avançou 2,76% a R$ 70,65.
A EMBR3 está em alta de 8,94% no mês. No ano, acumula uma valorização de 25,87%.
Lojas Renner (LREN3): 2,62%, R$ 17,99
Outro destaque positivo do índice foi a Lojas Renner (LREN3), que subiu 2,62% a R$ 17,99. As ações da empresa se beneficiaram do recuo dos juros futuros no pregão.
A LREN3 está em alta de 23,13% no mês. No ano, acumula uma valorização de 50,29%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Marfrig (MRFG3), GPA (PCAR3) e Petz (PETZ3).
Marfrig (MRFG3): -6,42%, R$ 23,46
As ações da Marfrig (MRFG3) registraram a maior queda do Ibovespa hoje, recuando 6,42% a R$ 23,46, em reação aos casos de gripe aviária que suspenderam as exportações de produtos avícolas brasileiros.
A MRFG3 está em alta de 9,22% no mês. No ano, acumula uma valorização de 37,76%.
GPA (PCAR3): -3,9%, R$ 3,2
Na lista de principais baixas, figuraram também as ações do GPA (PCAR3), que tombaram 3,9% a R$ 3,2.
A PCAR3 está em baixa de 24,35% no mês. No ano, acumula uma valorização de 25,49%.
Petz (PETZ3): -3,57%, R$ 4,32
Para completar os destaques negativos do Ibovespa hoje, estiveram os papéis da Petz (PETZ3), que cederam 3,57% a R$ 4,32.
A PETZ3 está em baixa de 7,1% no mês. No ano, acumula uma valorização de 6,14%.
*Com Estadão Conteúdo