

A BNP Paribas Asset Management disponibilizou neste mês quatro fundos offshore no Brasil por meio da plataforma da Avenue. A novidade, compartilhada em primeira mão com o E-Investidor, busca facilitar o acesso direto aos produtos globais da gestora.
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A BNP Paribas Asset Management disponibilizou neste mês quatro fundos offshore no Brasil por meio da plataforma da Avenue. A novidade, compartilhada em primeira mão com o E-Investidor, busca facilitar o acesso direto aos produtos globais da gestora.
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As opções incluem o BNP Paribas Health Care, voltado para inovações no setor de saúde e bem-estar; o BNP Paribas Disruptive Technology, que investe em empresas líderes em tecnologias disruptivas; o BNP Paribas US Growth, focado em companhias com crescimento sustentável e modelos de negócio resilientes; além do BNP Paribas Small Caps, que aposta em empresas com alto potencial de aumento dos lucros e valuations atraentes.
Os dois últimos são fundos de ações americanas, enquanto os primeiros têm posições globais. “Essas estratégias já existiam no exterior, mas agora vamos disponibilizá-las também ao investidor brasileiro por meio da Avenue, para que ele possa diversificar sua carteira”, diz Aquiles Mosca, CEO da BNP Paribas Asset Management Brasil.
Os chamados fundos offshore são veículos de investimento que têm sua sede localizada no exterior e oferecem aos investidores a oportunidade de aplicar seus recursos em ativos fora do País. “No caso dos quatro fundos incluídos na oferta da Avenue, a nossa equipe de gestão está em Boston, nos Estados Unidos”, detalha Mosca.
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Entre as opções disponibilizadas, o Health Care tem como benchmark (índice de referência usado para avaliar o desempenho de um investimento) o MSCI World Health Care, que acompanha empresas do setor de saúde. O fundo acumula ganhos de 33,22% nos últimos cinco anos.
Já o Disruptive Technology é composto, em grande parte, por ações das chamadas “Sete Magníficas”, as gigantes americanas de tecnologia. Nomes como Microsoft (MSFT), Amazon (AMZN), Alphabet (GOOGL), Nvidia (NVDA), Meta (META) e Apple (APPL) ocupam as maiores posições da carteira, que também conta com ações de outros países para além dos Estados Unidos.
O benchmark é o índice MSCI World, formado por ações de empresas de médio e grande porte com atuação global ou em países desenvolvidos. Em cinco anos, o fundo acumula valorização de 93,49%.
O US Growth é outro fundo que tem posição significativa nas “Sete Magníficas”. “Chegamos a ter 60% da carteira alocada nesse segmento, reduzimos um pouco, mas ele ainda continua sendo a principal posição. Mantemos essa visão, porque, de fato, essas empresas estão na liderança em temas de alta tecnologia e automação”, afirma Mosca.
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O fundo tem como benchmark o Russell 1000 Growth, que lista as empresas com maior capacidade de crescimento nos Estados Unidos. Ao longo dos últimos cinco anos, o US Growth valorizou 110,22%.
O outro fundo de ações americanas da lista é o Small Caps, composto por empresas de setores que podem ficar mais protegidos diante das tarifas de Donald Trump. “Com o tarifaço, deve aumentar a demanda especialmente por itens produzidos internamente, que se tornam mais acessíveis”, reflete Mosca.
O benchmark, nesse caso, é o Russell 2000, que avalia o desempenho das pequenas e médias empresas americanas. Em cinco anos, o fundo teve valorização de 61,46%, superando o desempenho do seu índice de referência no mesmo período.
Após o lançamento dos quatro fundos na Avenue, a BNP Paribas Asset Management se prepara para mais novidades na plataforma. A ideia é disponibilizar, no futuro, opções voltadas a investimentos na Europa. “Atualmente, estamos discutindo quais desses produtos incluir na oferta e em que momento fazer isso”, diz Mosca.
O CEO da gestora enxerga que os mercados europeus têm ganhado maior destaque após o tarifaço de Trump, com a transferência de recursos dos ativos americanos para outros polos globais. “Acho que a conjuntura que se desenhou está fazendo com que a Europa agora precise voar um pouco mais com as próprias asas.”
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O plano, que ainda está em discussão, é oferecer fundos europeus tanto de renda variável quanto de renda fixa.
Carlos Ambrósio, general manager da Avenue, observa que o brasileiro, por natureza, está exposto à variação cambial, ainda que de forma inconsciente. “Ou seja, mesmo que ele não queira correr risco algum, deveria, por princípio, ter uma parte de sua carteira alocada internacionalmente”, sinaliza.
O executivo enxerga que o ponto de partida de qualquer portfólio de investimentos deveria incluir uma diversificação internacional, já que ficar restrito apenas às modalidades brasileiras pode trazer prejuízos no longo prazo.
Ambrósio tem notado também uma certa mudança de comportamento no investidor brasileiro. Segundo ele, as pessoas têm aprendido a diferenciar o retorno em real do retorno em dólar, olhando para esses investimentos como “bolsos” diferentes, com dinâmicas distintas.
“Muitas vezes, o ativo estava performando bem no exterior, mas, por conta de uma desvalorização cambial, o investidor local resgatava, o que acabava comprometendo o resultado. Esse comportamento está mudando”, destaca.
Após o anúncio da política tarifária de Trump, no começo de abril, o nível de insegurança sobre a economia americana cresceu, assim como as dúvidas sobre a resistência do dólar. O índice DXY, que compara a moeda americana com seis divisas fortes, já registra queda de 7,88% no ano e opera abaixo dos 100 pontos.
Aquiles, da BNP, enxerga que as idas e vindas do tarifaço têm gerado ruídos no curto prazo, que devem persistir. “Mas, quando colocamos os pés no chão e olhamos para a estrutura da economia americana, não acreditamos que as tarifas vão provocar uma recessão”, sinaliza.
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O executivo entende que a possibilidade de o governo Trump recuar de posturas e ações mais extremas também ajuda a acalmar os ânimos do mercado. O presidente anunciou, por exemplo, uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas, além de avanços nas negociações com a China. “No fim das contas, essas tarifas acabam sendo contraproducentes e podem se voltar contra o próprio governo americano”, afirma.
Para Ambrósio, da Avenue, o episódio do tarifaço e toda a movimentação do mercado americano só reforçaram a importância da diversificação internacional. “Esse evento mostrou justamente como é fundamental estar exposto a ciclos econômicos e políticos diferentes.”
O executivo entende que o evento serviu para mostrar que até os Estados Unidos, mercado considerado maduro, passa por momentos de alta volatilidade. “Diversificar é uma necessidade. Se nós já achamos que aquele foi um evento brusco, imagine como os investidores internacionais enxergam o nosso mercado. Para eles, o Brasil parece um verdadeiro ‘eletrocardiograma’, com oscilações constantes”, brinca Ambrósio, da Avenue.
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