A XP espera que as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas na semana passada pelo governo federal, tenham impacto modesto nas empresas sob cobertura da casa, apesar de impacto maior na economia como um todo. Para a corretora, as empresas que forem mais afetadas provavelmente mitigarão os efeitos por meio de estratégias alternativas.
“De forma geral, vemos a reação do mercado como positiva, com a recuperação vista na sexta-feira (24) refletindo um forte momentum de mercado”, dizem os analistas Fernando Ferreira, Felipe Veiga, Raphael Figueredo, Júlia Aquino e Lucas Rosa em relatório.
A equipe de analistas aponta que setores que têm transações em moeda estrangeira devem enfrentar dificuldades com um IOF de 3,5%, mas devem mitigar esse impacto com hedge e escala operacional. Já as empresas com rotatividade alta de capital de giro devem enfrentar custos mais altos de capital de giro, mas outras formas de financiamento, que sejam isentas de IOF, devem compensar a mudança. A XP espera ainda que investimentos em capex e processos de fusão e aquisição possam ser atrasados, mas a alteração não deve afetar a estratégia das companhias.
Segundo a XP, os setores que terão impactos neutros ou limitados são: agronegócio, bens de capital, educação, elétrico, imobiliário, óleo e gás, transporte e varejo. Já o setor de mineração e siderurgia deve ter impactos modestos; e o setor financeiro será o mais afetado.
No caso da mineração e siderurgia, os analistas entendem que o impacto se dará diante de uma maior exposição a operações de forfait (comércio internacional). Todavia, sabendo que as mudanças se aplicam apenas a novas emissões, o impacto no lucro de 2025 deve ainda ser limitado.
Já no caso do setor financeiro, as mudanças devem fazer com que os bancos incumbentes repassem o custo às empresas tomadoras, mas isso não altera o resultado dos bancos, visto que o guidance já apontava um crescimento mais modesto; além disso, existem outras formas de financiamento isentas de IOF. Para os neobanks (Inter e Nubank), o impacto deve ser limitado diante da baixa exposição destes ao segmento empresarial.
No caso do mercado de capitais, o impacto deve ser positivo, visto que ele é isento de IOF nas emissões de debêntures e deve atrair empresas a esse tipo de financiamento. Para as empresas de pagamento, espera-se que qualquer aumento seja repassado. Por fim, as seguradoras devem esperar um menor ritmo de aportes previdenciários.
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A XP mantém sua preferência pelas ações de empresas com baixo endividamento e pagadoras de dividendos. Em relação à macroeconomia, os analistas estimam que o impacto da mudança equivalha a um aumento de 25 ou 50 pontos-base na taxa Selic. Dessa forma, a XP não espera mais uma alta de 25 bps na próxima reunião do Copom, encerrando o ciclo de aperto econômico.