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De um lado, cresce a aposta em juros ainda mais altos, diante de um cenário em que o Banco Central enfrenta uma política fiscal expansionista que joga contra a política monetária. “A inflação corrente até dá sinais de arrefecimento, mas o problema está nas expectativas, que seguem desancoradas, principalmente para 2026″, diz Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research.
De outro lado, parte dos gestores acredita que o ciclo de aperto está no fim. “A gente entende que 14,75% são o teto”, diz Rafael Winalda, especialista em Renda Fixa no Inter. Para ele, esse nível de juros já é suficiente para desacelerar a economia e a inflação, que “tende a convergir à meta ao longo do segundo semestre.”
Independente do desfecho no Copom, uma coisa é consenso. A renda fixa continua atrativa e oferece diversos produtos para o investidor aproveitar com baixo risco. Outra concordância no mercado é de que, mesmo que o ciclo de alta seja encerrado nesta quarta, o cenário de juros elevados deverá ficar por mais tempo. Por isso, os pós-fixados continuam sendo a base de qualquer carteira de renda fixa, seja para quem quer liquidez, seja para quem busca rendimento seguro… e fácil.
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“O Tesouro Selic segue como o coringa da carteira”, afirma Guilherme Almeida, da Suno. Isso acontece porque os pós-fixados garantem liquidez imediata para emergências, funcionam como reserva de oportunidade – permitindo que o investidor tenha recursos disponíveis para aproveitar quedas no mercado ou surgimento de bons ativos. Com a Selic nas máximas, oferece rendimento elevado com a maior segurança do mercado.
Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) de bancos também são lembrados como boas alternativas. “Os pós-fixados são ideais para reserva de emergência e também para quem quer aproveitar a Selic alta com liquidez”, reforça Simone Albertoni, analista de Produtos Financeiros de Renda Fixa da Ágora Investimentos.
Para créditos bancários, é sempre importante olhar quem está emitindo o título e procurar manter o investimento protegido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). “Isso mitiga o risco”, comenta Jonas Chen, gestor da B.Side Investimentos. O FGC protege investidores em caso de quebra de bancos, financeiras e cooperativas, garantindo até R$ 250 mil por CPF por instituição.
Se a inflação continua preocupando o Banco Central, o investidor também tem que estar de olho. Por isso, os títulos atrelados à inflação, como os Tesouro IPCA+, seguem entre os favoritos dos especialistas. Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, recomenda títulos com duration intermediária, por volta de seis anos. “Esses papeis oferecem bom equilíbrio entre risco e retorno”, diz a especialista na apresentação da carteira de renda fixa de junho da XP.
É importante lembrar que o IPCA+ com taxas reais acima de 7% está extremamente atrativo. “Historicamente, o juro real médio desses títulos gira em torno de 5,5%. Esses níveis atuais são uma oportunidade”, diz Almeida da Suno. Ele lembra que o investidor deve partir do princípio de que vai carregar o papel até o vencimento, mas, se a conjuntura melhorar, pode ganhar antecipadamente via marcação a mercado.
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Simone Albertoni, da Ágora, sugere papéis com prazo de 5 a 6 anos, que equilibram retorno e risco. Além dos títulos públicos, ela destaca as debêntures incentivadas com rating AAA e isentas de IR. “Essas opções são interessantes para quem busca ganho real e podem manter os títulos até o vencimento”, afirma.
Com taxas próximas aos 14% ao ano, prefixados devem ficar no radar, mas pedem moderação. “Eles podem ter espaço na carteira, especialmente para quem quer especular via marcação a mercado. Mas numa fatia pequena”, orienta Guilherme Almeida.
Camilla Dolle, da XP, recomenda foco em títulos com duration intermediária, de cerca de seis anos, como forma de equilibrar risco e retorno. Ela entende que, nesse patamar de juros altos e risco fiscal elevado, durations muito longas aumentam a sensibilidade a oscilações na curva de juros, enquanto durations muito curtas podem limitar o ganho. Por isso, defende o meio-termo, que captura boas taxas, mas com um risco de mercado mais controlado.
Jonas Chen reforça o recado, dizendo que é um erro comum do investidor alongar demais os prazos para buscar um pequeno prêmio adicional. “É o famoso erro de duration. O investidor troca um papel que paga 14% por 4 anos por outro que paga 15%, mas com 10 anos de prazo. O benefício é marginal, mas o risco de perda, se os juros subirem mais, é enorme”, exemplifica.
No universo da renda fixa, a duration é uma medida de sensibilidade dos títulos às variações na taxa de juros. Quanto maior o prazo, mais elevado é o risco de o preço cair caso os juros subam. Por isso, prefixados longos são mais voláteis e arriscados.
No crédito privado, o cuidado precisa ser ampliado. “O maior erro é negligenciar o risco de o emissor e olhar só para a taxa. Em juros altos, o custo de captação das empresas sobe. Quem não tem balanço forte sofre mais”, alerta Guilherme Almeida. Ele recomenda usar os ratings AAA como ponto de partida, mas reforça que o investidor deve ir além e analisar o balanço, o endividamento e a capacidade de geração de caixa do emissor.
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Papéis de bancos e empresas de alta qualidade, por outro lado, estão com os spreads bastante amassados, ou seja, a diferença entre o que esses títulos pagam e os títulos públicos caiu muito. “O mercado já correu. Ainda dá para achar prêmios, mas cada vez mais apertados”, reforça Jonas Chen. Ele diz que é possível encontrar remunerações melhores em produtos estruturados, como os Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs).
É importante manter cuidado com emissões privadas de empresas muito alavancadas, de setores cíclicos e com prazos longos. “Elas carregam riscos que podem não compensar o retorno”, diz Camilla Dolle.
Camilla lembra que quem quer diversificar no exterior também encontra boas opções. Ela cita dois bonds de empresas brasileiras no mercado internacional. Brava Energia, ex-3R e Enauta, pagando 9,6% ao ano em dólar, com vencimento em 2031. Outro é o da Caixa Econômica Federal, que remunera 5,3% ao ano, com vencimento em 2030. Além disso, ela recomenda a NTNC 2031, título público atrelado ao IGP-M, disponível no mercado secundário brasileiro.
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