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Colunista

OPINIÃO: Ricos vs pobres? Esse discurso só empobrece o Brasil

Estratégia serve para desviar o foco do real problema: o Estado que arrecada demais, entrega de menos e desestimula quem produz

Entenda o que de fato empobrece o Brasil (Foto: Adobe Stock)
Entenda o que de fato empobrece o Brasil (Foto: Adobe Stock)

Há um discurso que volta com força sempre que a economia vai mal: o de que o problema do Brasil está nos ricos. Que é preciso taxar quem tem, punir quem acumulou patrimônio, colocar limite na ambição de quem investe, empreende ou enriquece. Esse discurso do ricos versus pobres, reciclado por diferentes governos ao longo da história (e ressuscitado agora pelo atual) não passa de uma cortina de fumaça. Uma narrativa rasa, mas eficiente, para esconder o que de fato empobrece o País: a má gestão, o desperdício de dinheiro público e a completa ineficiência do Estado.

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Fomentar o ódio de classes pode parecer um caminho fácil para mobilizar uma base eleitoral. Mas é também um dos caminhos mais perigosos para um país que ainda tenta se consolidar como economia relevante no cenário global. Não é à toa que, historicamente, nenhum país que se apoiou nesse tipo de retórica prosperou de forma sustentável. Alemanha Oriental, Cuba, Venezuela, todos apostaram na divisão de classes como pilar político e colheram colapsos econômicos, êxodo de talentos e décadas de estagnação. No Brasil, o jogo é parecido.

Enquanto se grita contra os ricos, ignora-se o peso de um Estado que consome mais do que entrega. Fala-se em justiça tributária, mas esconde-se o fato de que quem empreende enfrenta uma das cargas fiscais mais complexas e onerosas do mundo. O País gasta bilhões em programas assistencialistas, mas falha em gerar ambiente propício para que as pessoas caminhem com as próprias pernas.

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O problema é que o discurso contra a riqueza floresce justamente onde falta educação financeira. Quando as pessoas não entendem como o dinheiro funciona, é fácil convencê-las de que enriquecer é uma questão de sorte, herança ou corrupção. Poucos associam prosperidade a disciplina, estratégia, risco e longo prazo, porque nunca aprenderam isso. O Estado que aponta o dedo para os ricos é o mesmo que nunca ensinou ninguém a sair da pobreza com autonomia.

O resultado? Gerações crescendo com a mentalidade de que dinheiro é sujo, lucro é pecado e quem ganha mais é culpado pelo fracasso de quem ganha menos. Isso afasta o brasileiro da realidade do mercado, da ideia de investimento, da construção de patrimônio. O País não forma investidores. Forma consumidores endividados, que vivem no limite do crédito e acreditam que resolver a vida financeira depende do próximo presidente, nunca deles mesmos.

É nesse ponto que o discurso se torna perverso. Porque enquanto finge proteger os pobres, tira deles a chance de sair dessa condição. E ainda afasta o investimento privado, trava o crescimento e desacelera a criação de empregos. O mercado não cresce onde há hostilidade ideológica. O capital foge quando a narrativa criminaliza o lucro.

Quem investe (ou pretende investir)  precisa entender isso: o Brasil não vai melhorar punindo quem deu certo, mas, sim, incentivando que mais pessoas deem certo. A equação correta é: menos populismo, mais eficiência. Menos discurso, mais educação. Menos Estado, mais liberdade para crescer.

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O problema do Brasil não é quem enriquece. O problema é um sistema que deseduca, desincentiva e depois culpa os poucos que conseguiram prosperar. O investidor que enxerga além da manchete sabe disso. Sabe que enquanto o País alimenta narrativas fáceis, o tempo está passando, e a janela de oportunidade se fecha para quem continua esperando o Estado fazer o que ele nunca fez: ensinar a pescar.

O Brasil precisa romper com o ciclo de vitimização coletiva. A educação financeira tem que deixar de ser discurso de palestra e virar política de base, nas escolas, nas famílias e nos ambientes de trabalho. Só assim o Brasil vai parar de demonizar a riqueza e começar a construí-la. De verdade.

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