Atual composição do Ibovespa B3 BR+ foi lançada no início deste mês com 92 ativos. (Foto: Adobe Stock)
Gestor da Real Investor, Cesar Paiva diz que o mercado brasileiro é hoje um dos mais baratos do mundo. A casa segue a filosofia do megainvestidor Warren Buffett de concentrar capital em empresas sólidas e baratas, e não tem tido dificuldade de encontrar boas histórias na Bolsa local.
Teses como Vulcabras (VULC3), Vivara (VIVA3) e MRV (MRVE3) compõem o portfólio da gestora. Apesar da alta de 11,01% do Ibov em 2025, a análise é de que o índice ainda está extremamente depreciado. “Como o Brasil não está tão popular entre investidores, vemos as bolsas negociando nas mínimas”, diz Paiva.
O especialista participou de um painel sobre investimentos na Bolsa brasileira durante a Expert XP, evento que ocorre neste sábado (26) em São Paulo. Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, dividiu o painel com Paiva e também compartilhou a visão positiva para a Bolsa brasileira nos próximos meses. Ela estima que o Ibovespa possa dobrar em uma conjuntura de queda de juros e retorno dos investidores a ainda esquecida renda variável doméstica.
“Os múltiplos atuais da Bolsa são menores do que no Governo Dilma Rousseff”, afirmou Delfim. Ela alerta ainda que o mercado não esperará os juros começarem a cair – o que está projetado para o 1º trimestre do ano que vem — para destravar esse valor. Ou seja, quem esperar demais pode perder a retomada ainda mais forte da Bolsa. Entretanto, há riscos no radar.
Tarifaço pode afastar investidores estrangeiros: “Água no chope”
Para os especialistas, o principal fator que pode azedar o cenário é uma possível escalada das tensões comerciais entre Brasil e EUA. A preocupação é de que as tarifas impostas por Donald Trump, hoje de 50% para produtos brasileiros, possam ser incrementadas. “Sabemos da nossa falta de habilidade política para negociar”, afirma Paiva, fazendo referência ao Governo brasileiro. O maior prejuízo dessa hipótese, entretanto, é de que os investidores estrangeiros se afastem do Brasil. “Colocariam ‘água no chope’ “, diz.
Delfim, da Dahlia, também mexeu na carteira em função dos novos riscos. De um início do ano mais concentrado em Bolsa, agora a alocação da gestora está mais diversificada.
“Nos últimos dois meses viemos reduzindo um pouco o risco”, diz Dahlia. “Estávamos mais comprados em cíclicos domésticos, como consumo e varejo, mas dados os eventos mais recentes, passamos a diversificar mais. Adicionamos commodities em função da China estar dando sinais de reação, além de utilities e papéis do setor financeiro.”