Apesar da aparente crise diplomática, especialistas acreditam em uma possível negociação à porta fechada entre os Brasil e Estados Unidos (Foto: Adobe Stock)
A semana promete fortes emoções para o mercado brasileiro. A tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil entra em vigor em 1º de agosto, próxima sexta-feira. Até o momento, não há qualquer sinal público de avanço nas negociações entre os dois países.
Pelo contrário: segundo reportagem do Estadão, o governo do presidente americano, Donald Trump, estaria preparando uma nova rodada de sançõescontra autoridades brasileiras, o que pode aprofundar a crise diplomática e afetar diretamente os mercados.
Neste ambiente de incerteza, especialistas ouvidos pelo Broadcast divergem sobre os possíveis impactos dessa escalada nas negociações comerciais e políticas.
Chances reais de acordo e impactos das sanções americanas
Para o economista André Perfeito, ainda há chance de que o cenário não seja tão dramático quanto parece. “Aparentemente, está havendo um tipo de negociação entre Brasil e EUA a portas fechadas. Nada foi anunciado oficialmente, mas, em situações anteriores, como no caso do Japão, o acordo apareceu de surpresa. Descobrimos por um tweet do Trump“, lembrou.
Apesar do clima de tensão, Perfeito avaliou que parte das ameaças pode ter efeito mais simbólico do que prático. “Tem de ver se essas sanções (mencionadas no artigo no Estadão) são para valer mesmo. Talvez seja só uma estratégia de pressão com um governo no meio da negociação. Se for só tirar visto de integrantes do STF [Supremo Tribunal Federal], por exemplo, está barato”, disse.
Para ele, ainda é improvável que a tarifa imposta por Trump chegue, de fato, aos 50%. “Acho que não vai ser nesse patamar tão elevado. Talvez venha algo em torno de 20% ou 30%, porque uma taxação tão alta também geraria um transtorno grande para a economia americana.”
Ainda assim, o economista reconhece que o ambiente tende a ser mais volátil nos próximos dias.
“Vai estressar. Pode gerar turbulência. Mas eu tenho uma leitura adicional: não acho que o efeito líquido disso será o dólar subir contra o real. Na verdade, pode até acontecer o contrário, com o dólar mais fraco. Os EUA têm um problema de transações correntes e de pagamento de juros, e podem estar buscando uma desvalorização da moeda”, avaliou.
Mercado deve seguir cautela até 1º de agosto
Já o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, avalia que o mercado financeiro seguirá cauteloso nos próximos dias. “Me parece que vamos entrar em agosto com as tarifas em vigor, que podem até ser desfeitas depois. Mas, por ora, os EUA estão ampliando os tipos de sanções, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem elevado o tom, em linha com a boa aceitação popular de sua postura nas pesquisas eleitorais.”
Cruz lembrou que, embora haja movimentos pontuais, como declarações do vice-presidente Geraldo Alckmin e menções a interesses dos EUA nas chamadas terras raras, não houve avanços concretos em direção a um acordo.
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“O mundo todo está tentando fechar acordos com os EUA. O único fator que joga a favor do Brasil são as próprias empresas americanas, que também saem prejudicadas com as tarifas. Já há ações judiciais nos EUA pedindo isenção, como no caso de café e suco de laranja“, pontuou.
Caso de tarifas sobre aço e alumínio alimentam esperanças
O estrategista também destacou um fator jurídico relevante. “Durante maio e junho, vimos a Justiça americana barrar algumas tarifas impostas por Trump no passado. Ainda não há garantia de que essas novas tarifas serão mantidas. Para isso, precisa haver justificativas fortes, como ocorreu com aço e alumínio, que não foram suspensas”, afirmou.
Diante disso, ele acredita que o cenário tende a continuar tenso, mas sem um colapso adicional dos ativos brasileiros.
“Quanto mais tensão, pior para o mercado. Mas não sei se a situação vai piorar muito mais do que já está.”
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast.