Banco do Brasil (BBAS3) divulga balanço no dia 14 de agosto. Foto: Adobe Stock
A Genial Investimentos espera que o Banco do Brasil (BBAS3) entregue o desempenho mais fraco entre os grandes bancos no segundo trimestre de 2025. Em relatório divulgado na última sexta-feira (25), a corretora cortou o preço-alvo das ações da empresa de R$ 31,8 para R$ 23,8, seguindo com a recomendação de “manter” (equivalente a neutro).
A casa acredita que o mercado deve reagir negativamente aos próximos resultados da companhia e não vê grandes catalisadores para uma retomada nos meses que se seguem. Apesar do preço da ação ser considerado “bem atrativo”– principalmente se o BB vier a se recuperar do ciclo negativo do agro em 2026 –, a Genial prefere adotar uma postura mais cautelosa neste momento do ciclo de crédito do banco.
A corretora reduziu sua estimativa de lucro líquido para R$ 5,1 bilhões no segundo trimestre, representando uma queda anual de 46,6%. A projeção, no entanto, ainda é otimista quando comparada com a de outras casas do mercado. O Safra é um dos que preveem o número mais negativo, de R$ 4,64 bilhões, enquanto JPMorgan, Goldman Sachs e Santander têm estimativas de R$ 4,9 bilhões, R$ 5 bilhões e R$ 4,8 bilhões, respectivamente. Veja mais projeções aqui.
Na visão da Genial, a combinação entre o custo de crédito elevado e um contexto no qual a geração de receitas também está mais comprimida deve exercer forte impacto sobre a rentabilidade do BB em 2025. A corretora espera que o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) recue para 10,9% no segundo trimestre, uma queda de 10,1 pontos percentuais em um ano.
A casa explica que o desempenho mais fraco no ciclo de abril a junho se deve a três fatores principais. Um deles é a inadimplência persistente no agronegócio. “Mas o problema não está restrito ao agro: também esperamos deterioração da inadimplência nas carteiras de pessoa física e de pequenas e médias empresas, em especial nas operações renegociadas”, diz.
Outra fator de preocupação é a aceleração da constituição de provisões, dinheiro reservado para cobrir os “calotes” dos clientes. A medida reflete a nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.966, que explicamos nesta matéria. De forma geral, a norma obriga que os bancos façam provisões antecipadamente e não apenas no momento em que ocorrem, como anteriormente.
O terceiro problema apontado pela Genial é a pressão sobre a receita líquida de juros (NII), que deve atingir R$ 24,6 bilhões no segundo trimestre, representando alta de 3% na comparação trimestral, mas queda de 3,7% na relação anual.
Dividendos menores no radar?
Enquanto as estimativas para os próximos dividendos do BBestão sendo revisadas para baixo por parte do mercado, a Genial enxerga que, diante do lucro mais pressionado, existe a possibilidade de o banco reduzir o payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de dividendos) para baixo dos 40% a 45% observados nos últimos anos – movimento que refletiria uma postura mais conservadora, com foco na preservação de capital.
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A corretora, no entanto, ainda não incorporou essa mudança como premissa em seu modelo.
O Banco do Brasil divulga seu balanço do segundo trimestre em 14 de agosto, uma quinta-feira, após o fechamento do mercado. A live de apresentação dos resultados será realizada no dia 15, uma sexta-feira, às 9h (horário de Brasília). O evento será transmitido ao vivo em português, com tradução simultânea para o inglês e libras, e poderá ser acessado por link disponibilizado na página de Relações com Investidores (RI).