No mercado doméstico de câmbio, o dólar fechou em alta de 0,11%, sendo negociado a R$ 5,442. O índice DXY, que compara a moeda americana com seis pares fortes, encerrou em valorização de 0,35% aos 98,520 pontos.
Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a reunião com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, que ocorreria na quarta-feira (13) foi desmarcada, sem que nova data tenha sido indicada. “Argumentaram falta de agenda, uma situação bem inusitada”, destacou.
Haddad também afirmou que o plano de contingência para socorrer as empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos tem viés estrutural, para além de medidas conjunturais. Estão incluídos no pacote duas reformas estruturais, que envolvem medidas de crédito e o Fundo de garantia para exportações (FGE)
“Estamos fazendo uma reforma estrutural no FGE, com suporte dos demais fundos, para garantir que toda empresa brasileira – não só as grandes – que tiver vocação de exportação terá instrumentos modernos para fomentar a exportação para o mundo inteiro”, disse ele, citando a necessidade de redirecionar as exportações.
O ministro confirmou ainda que o plano de contingência terá linhas de financiamento, além de contemplar a questão tributária e autorizar compras governamentais em determinados casos.
Saída de capital gringo
Embora o Ibovespa tenha terminado a sexta-feira (8) em queda — muito em função das baixas de Petrobras (PETR3; PETR4) no pós-balanço do segundo trimestre —, o saldo da última semana foi positivo, com ganho de 2,62% para o índice.
Preocupa, no entanto, a postura cautelosa do investidor estrangeiro na Bolsa brasileira. Depois da saída de R$ 6,6 bilhões em recursos externos em julho, o saldo líquido dos não residentes estava negativo em R$ 1,67 bilhão nos sete primeiros dias de agosto, de acordo com dados da B3.
A semana que se inicia leva investidores e analistas a manterem o foco na crise comercial com os Estados Unidos, que não mostra sinais concretos de evolução. Enquanto isso, o governo prepara para terça-feira (12) a divulgação das linhas gerais do plano de contingência para apoio aos setores mais afetados pela sobretarifa.
Na semana passada, boa parte da alta do Ibovespa foi atribuída à repercussão de balanços trimestrais, como o do Itaú (ITUB4), que impulsionou os papéis do setor financeiro. Esta, porém, é a última semana da temporada de resultados do segundo trimestre: ao menos 52 empresas divulgam seus números de hoje até sexta-feira – veja aqui o calendário.
- Leia mais: Resultado do Itaú “dá o tom” para o setor financeiro; veja análise
Ibovespa hoje: o que movimentou esta segunda-feira (11)
Agenda econômica da semana
A semana começa com a expectativa de que o plano de contingência do governo Lula para mitigar os efeitos da tarifa comercial de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil possa ser anunciado na terça-feira (12). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, às 17h desta segunda-feira para discutir o assunto.
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participou nesta segunda-feira de uma palestra na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Segundo ele, o BC ainda não está vendo as projeções de médio e longo prazo de inflação do mercado convergindo para a meta de 3% como o desejado. “A gente vê alguma alteração para a inflação, para as expectativas de inflação mais de curto prazo, mas as expectativas continuam desancoradas em um patamar que é bastante incômodo para o Banco Central”, frisou.
Os índices de inflação no Brasil (IPCA) e nos EUA (CPI e PPI) de junho serão destaques na agenda econômica da semana, com investidores à espera de mais informações para ajustar suas apostas sobre o início de cortes de juros nos dois países.
Na terça-feira (12), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulga relatório mensal. Quarta-feira (13) é dia de vendas do varejo e CPI de julho da Alemanha.
Na quinta-feira (14) serão conhecidos a pesquisa de serviços no Brasil, Produto Interno Bruto (PIB) preliminar do Reino Unido do segundo trimestre, além do PIB do segundo trimestre e a produção industrial de junho da zona do euro. A China informa a produção industrial, as vendas no varejo e o investimento em ativos fixos, todos referentes a julho.
Na sexta-feira (15), é a vez de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua trimestral do segundo trimestre no Brasil. Nos EUA, serão divulgadas as vendas no varejo de julho, a produção industrial de julho e o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan para agosto.
Bolsas de NY fecham em queda
Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. Dow Jones recuou 0,45%, enquanto S&P 500 e Nasdaq registraram perdas de 0,25% e 0,30%, respectivamente.
As bolsas da Europa também encerraram na maioria em baixa hoje. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,07%, a 546,70 pontos. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,37%, a 9.129,71 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,37%, a 24.072,34 pontos. Em Paris, o CAC 40 recuou 0,57%, a 7.698,52 pontos.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que as negociações em andamento com países que ainda não fecharam acordo comercial devem ser concluídas até outubro. Bessent lidera negociações com o Japão e a China para reequilibrar o déficit comercial dos EUA, que atingiu US$ 1,18 trilhão em 2024.
A vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed), Michelle Bowman, apontou que, a partir da reunião de julho, começou a defender a redução pelas condições do mercado de trabalho. Segundo ela, a inflação retornará aos 2% após a dissipação dos efeitos altistas das tarifas comerciais de Trump.
Focus reduz projeção do IPCA pela 11ª semana: e os juros?
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (11), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic.
A mediana do relatório Focus para a inflação brasileira de 2025 caiu de 5,07% para 5,05%, a 11ª baixa seguida. A taxa está 0,55 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Considerando apenas as 60 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a medida passou de 5,03% para 5,05%.
Enquanto isso, a mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15% pela sétima semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente reunião, em 30 de julho – leia todos os detalhes do Boletim Focus nesta reportagem.
Commodities em alta
Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta, após perdas de até mais de 5% da semana passada, enquanto investidores aguardam reunião entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, no Alasca, para discutir um acordo de cessar-fogo na Ucrânia. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em alta de 0,12% (US$ 0,08), a US$ 63,96 o barril. Já o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 0,06% (US$ 0,04), a US$ 66,63 o barril.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,82%, cotado a 796,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 110,86.
Plano de contingência sob tarifas deve ser anunciado
As atenções estiveram voltadas para o plano de contingência, com foco nas empresas que mais exportam para os EUA. Alckmin destacou que a prioridade é não retaliar os EUA, mas ampliar os setores isentos das tarifas.
O economista Marcos Lisboa alerta que o impacto do tarifaço pode ser mais grave do que o imaginado, desorganizando cadeias produtivas, e sugere que o governo evite pacotes de socorro aos setores privados afetados.
Na sexta-feira (8), Guilherme Mello, do Ministério da Fazenda, afirmou, no entanto, que o impacto será “bastante contido”.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Luciana Xavier e Silvana Rocha, do Broadcast