A Petz (PETZ3) conseguiu aumentar seu lucro líquido contábil em 29 vezes no segundo trimestre de 2025, frente ao mesmo período do ano passado, para R$ 23,9 milhões. Considerando o lucro líquido ajustado, o avanço foi de 81,8% na mesma base de comparação, para R$ 18,5 milhões. Apesar do bom desempenho financeiro, Sergio Zimerman, fundador e CEO da rede, avalia que o momento não é tão animador para os negócios no Brasil devido ao alto nível dos juros reais no País. Segundo ele, “não há varejo que consiga suportar uma taxa desse tamanho”, por isso a companhia está focada em reduzir custos e investimentos, sem abrir novas lojas, por ora.
Em entrevista exclusiva à websérie Balanço em Foco, o executivo explicou que o lucro líquido não é a melhor linha para interpretar o balanço da Petz, mas sim a geração operacional de caixa (Ebitda). Entre abril e junho deste ano, o Ebitda ajustado do grupo cresceu 39,5% sobre o mesmo período de 2024, chegando a R$ 83,5 milhões.
A receita líquida de vendas também evoluiu, para R$ 887 milhões, em uma alta de 8,5% na comparação anual — boa parte desse desempenho se deve às lojas físicas, que voltaram a ganhar força sobre o digital, especialmente com medidas de incentivo aos funcionários, como a estratégia de gamificação.
Desde o início de 2023, com a escalada dos juros e esses pornográficos juros de 10% reais ao ano, que não tem país, não tem varejo que consiga suportar uma taxa desse tamanho, a gente tomou uma decisão, no início de 2023, quando nossa dívida estava zerada, que foi de não deixar a dívida líquida crescer.
“O tamanho da nossa geração de caixa era o limite do nosso orçamento de investimentos. Isso explica claramente porque a gente diminuiu fortemente a nossa abertura de lojas. O dinheiro ficou mais curto, a gente não acha que é o momento adequado para tomar empréstimo, assim a gente priorizou, com recursos próprios, investimentos em tecnologia”, afirmou.
Zimerman disse que a estratégia da Petz será mantida “enquanto os juros estiverem em patamares que não são nada razoáveis para nenhum setor, mas especialmente para o varejo, que tem margens baixas”.
O CEO comentou ainda sobre a força das marcas próprias, que ganham cada vez mais espaço nas vendas do grupo, principalmente por causa da estrutura que foi incorporada com a Zee Dog. “Os escritórios que a Zee Dog tem na China e na Espanha passaram a cuidar de todas as marcas”, ressaltou.
Fusão com a Cobasi
O executivo falou também sobre a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em relação à fusão com a Cobasi. Apesar do aval do órgão, houve um pedido de revisão por uma terceira parte interessada, que ainda está em análise. O tribunal da autarquia pode levar até o fim do ano para dar seu parecer final.
“Nossa expectativa é de que o tribunal confirme a decisão da superintendência do Cade”, disse.
Ele explicou que, uma vez que a fusão receba todos os avais necessários, ambas as marcas continuarão operando separadamente.
A avaliação do CEO é de que não há prejuízo à concorrência com a fusão entre Petz e Cobasi, uma vez que hoje em dia há uma infinidade de opções de petshops em plataformas digitais que oferecem os mesmos serviços mesmo não tendo lojas físicas próximas das unidades do grupo. “Fizemos um importante trabalho de mostrar isso à autarquia”, comentou.
O empresário falou ainda sobre o Clubz, o programa de fidelidade da Petz, e sobre o recém-lançado Seres Saúde, programa de prevenção e planos de saúde para pets, que não consegue oferecer preço tão baixo quanto a concorrência, mas foca em proporcionar um serviço diferenciado. Confira a entrevista na íntegra com o CEO Sergio Zimerman no player acima, ou clique aqui.