Sede do Banco do Brasil: balanço fraco do 2T25 derruba ações e reforça preocupações com crédito e rentabilidade. (Foto: Adobe Stock)
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) amanhecem nesta segunda-feira (18) em alta de 1,79%, cotadas a R$ 21,02, às 12h22, refletindo ainda a repercussão negativa do balanço do segundo trimestre de 2025, divulgado na quinta-feira (14). O resultado trouxe números abaixo das expectativas e reacendeu preocupações sobre a saúde financeira da estatal, em especial no que diz respeito à rentabilidade e ao risco de crédito.
Os números confirmaram o pessimismo de estrategistas e investidores. O lucro líquido ajustado do período foi de R$ 3,784 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo trimestre de 2024 e muito distante dos R$ 5 bilhões esperados por analistas da LSEG. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu ao menor nível desde 2016, enquanto o retorno sobre o investimento (ROI) recuou para 8,4%, configurando o segundo pior índice entre grandes bancos brasileiros desde 2000.
Evandro Medeiros, analista CNPI da Suno Research, avaliou que o Banco do Brasil divulgou números bastante fracos, aquém de estimativas em lucratividade.
Para ele, a queda abrupta no lucro e a perspectiva de dividendos mais modestos tendem a manter a pressão sobre as ações em 2025.
A principal razão para o resultado ruim foi o aumento das provisões para devedores duvidosos (PDD), que avançaram cerca de 80% frente ao 2T24, consumindo quase R$ 14 bilhões do resultado.
Esse crescimento decorre, sobretudo, da deterioração da carteira de crédito voltada ao agronegócio e às PMEs, somada à Resolução CMN 4.966, que obrigou o banco a antecipar perdas futuras.
“Praticamente nada de positivo surgiu da divulgação; a reação foi de confirmação do pessimismo”, afirmou Leonardo Andreoli, analista da Hike Capital.
Além do crédito, os custos de captação também pesaram no balanço. O aumento das despesas com funding e a pressão sobre o spread líquido reduziram a margem de lucro, em um cenário de maior aperto da margem financeira.
A instituição ainda viu suas despesas administrativas avançarem, com destaque para os gastos de pessoal, que representam 70% do total.
O head de renda variável da Faz Capital, Alexandre Pletes, destacou que as perdas com empréstimos somaram R$ 32 bilhões no primeiro semestre, crescimento de quase 90% sobre igual período de 2024, principalmente em carteiras de Pessoas Jurídicas (PJ).
Ele nota, porém, que a carteira de pessoa física cresceu 8%, ajudando na diversificação de risco.
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O aumento das perdas está associado a ineficiências na cobrança e na gestão de recursos humanos e tecnológicos. A presidente do banco, Tarciana Medeiros, já havia sinalizado a necessidade de reforçar capacitação e tecnologia.
Diante desse cenário, o BBAS3 revisou para baixo seu guidance para 2025, projetando agora lucro líquido ajustado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões, bem abaixo da estimativa anterior de R$ 37 bilhões a R$ 41 bilhões. A instituição também anunciou a redução do payout – percentual do lucro distribuído em dividendos – de 40%-45% para 30%.