Durante a 1º Semana Nacional dos Precedentes Trabalhistas, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino negou o impacto financeiro da decisão que impediu a validade de leis estrangeiras no País sem o aval da Justiça brasileira. “É claro que uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse. “Eu proferi uma decisão ontem e antes de ontem que dizem que derrubou os mercados. Não sabia que eu era tão poderoso”, ironizou.
Após o tombo na véspera, o IBOV conseguiu exibir ganhos modestos nesta quarta-feira. As ações dos grandes bancos também subiram, após perderem R$ 41,98 bilhões em valor de mercado na sessão anterior. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) avançaram 0,3%, enquanto os ordinários do Bradesco (BBDC3) subiram 0,44% e os preferenciais (BBDC4), 0,32%. Já Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) apresentaram ganhos de 0,05% e 2,08%, respectivamente. BTG Pactual (BPAC11) foi a exceção e cedeu 1,1%.
“O mercado começou a ver de uma forma clara que os bancos podem simplesmente seguir o caminho mais óbvio que seria o cancelamento das contas das pessoas politicamente expostas, mesmo sem necessidade de estar cumprindo a Lei Magnitsky”, afirma Danilo Coelho, economista e especialista em investimentos.
Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,24% e 0,67%, respectivamente, enquanto Dow Jones subiu 0,04%. O mercado monitorou a ata da última reunião do Fed, o banco central americano. O documento relata que os membros que defenderam um alívio monetário consideraram que, excluindo os efeitos tarifários, a inflação estava próxima da meta de 2% do comitê e que tarifas mais altas provavelmente não teriam efeitos persistentes sobre a inflação.
O dólar hoje fechou em queda de 0,51% cotado a R$ 5,4729, diante do enfraquecimento global da moeda americana. “A precificação de cortes pelo Federal Reserve reduz a atratividade do dólar no cenário internacional, percepção reforçada pela ata do Fed, que mostrou um comitê mais confiante na trajetória de desinflação e já discutindo o momento de iniciar a flexibilização”, avalia Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram GPA (PCAR3), Ultrapar (UGPA3) e Auren (AURE3).
GPA (PCAR3): 8,62%, R$ 3,15
As ações do GPA (PCAR3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje e dispararam 8,62% a R$ 3,15. Ao Broadcast, Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, explicou que o papel é amparado por mudanças no conselho fiscal da companhia, após as renúncias, nesta semana, de André Francez Nassar e Diego Xavier Mendes, membro efetivo e membro suplente do colegiado, respectivamente. “Embora assuste à primeira vista, o fato de a ação estar subindo mostra que o mercado acredita que a mudança é positiva”, diz.
A PCAR3 está em baixa de -10,51% no mês. No ano, acumula uma valorização de 23,53%.
Ultrapar (UGPA3): 4,35%, R$ 18,01
Quem também se saiu bem foi a Ultrapar (UGPA3), que avançou 4,35% a R$ 18,01. O movimento foi impulsionado pelas expectativas em torno do novo programa de auxílio do governo para compra de gás de cozinha, que deve substituir o atual Vale Gás. A medida tende a ser positiva para a Ultragaz, que ganharia mais clientes e veria o faturamento aumentar.
A UGPA3 está em alta de 4,89% no mês. No ano, acumula uma valorização de 16,72%.
Auren (AURE3): 4,05%, R$ 10,78
Outro destaque positivo foi a Auren (AURE3), que registrou alta de 4,05% a R$ 10,78.
A AURE3 está em alta de 16,29% no mês. No ano, acumula uma valorização de 23,77%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Azzas 2154 (AZZA3), Marfrig (MRFG3) e Rumo (RAIL3).
Azzas 2154 (AZZA3): -3,42%, R$ 31,33
Os papéis da Azzas 2154 (AZZA3) tiveram a pior queda do Ibovespa hoje e tombaram 3,42% a R$ 31,33.
A AZZA3 está em baixa de 12,19% no mês. No ano, acumula uma valorização de 5,92%.
Marfrig (MRFG3): -3,16%, R$ 22,66
Na lista de principais baixas, estiveram também os ativos da Marfrig (MRFG3), que caíram 3,16% a R$ 22,66. O julgamento da fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi suspenso após pedido de vistas do conselheiro Carlos Jacques, adiando a análise do caso, que se encaminhava para uma resolução na sessão do Tribunal do Cade desta quarta-feira.
Segundo o Regimento Interno do Cade, o prazo de vista é de 60 dias. Após esse período, o processo será automaticamente incluído em pauta para prosseguimento do julgamento.
A MRFG3 está em alta de 6,38% no mês. No ano, acumula uma valorização de 33,06%.
Rumo (RAIL3): -3,11%, R$ 14,95
Quem também se saiu mal no Ibovespa hoje foi a Rumo (RAIL3), que tombou 3,11% a R$ 14,95. O Itaú BBA reduziu as projeções de resultados da empresa para 2025 e 2026 diante da expectativa de maior pressão sobre as tarifas de frete ferroviário. O banco cortou a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2025 em 2%, para R$ 8,096 bilhões, e para 2026 em 4%, para R$ 8,722 bilhões.
A RAIL3 está em baixa de 9,61% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 12,57%.
*Com Estadão Conteúdo